quinta-feira, 31 de julho de 2008

Pódios Brasileiros - Parte 4

Nessa parte do especial, veremos os pódios de Senna e Piquet em 1988 e 1990.

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15º Pódio: GP de San Marino, 1988
Imola, 1º de Maio
Resultado Final: 1º Senna, 2º Prost, 3º Piquet
Diferença entre os brasileiros: +1 volta
Pole position: Ayrton Senna (McLaren-Honda)
Melhor volta: Alain Prost (McLaren-Honda), 1’29”685 na volta 53
GPs de Senna até então: 63
GPs de Piquet até então: 142

Resumo do GP:
Coincidência ou não, essa corrida aconteceu num dia 1º de Maio. Exatamente um ano antes, Piquet sofrera um grave acidente na Tamburello, que lhe impedira de participar da prova. E exatamente seis anos depois, Senna perderia sua vida na mesma curva.
Mas o dia do trabalhador de 1988 foi imensamente mais feliz para os brasileiros do que seriam 87 ou 94: Senna venceu, e Piquet esteve presente no pódio. Nos treinos, um massacre: Senna, como de hábito - fato que havia ocorrido nos três anos anteriores e se repetiria mais 4 vezes - largou na pole-position de Imola. Alain Prost foi o segundo colocado, a quase 8 décimos do brasileiro. Na terceira posição, veio Piquet, com uma diferença assombrosa de 3,3 segundos. Exatamente: Senna foi mais de 3 segundos mais rápido que o terceiro colocado.
Em que pese a superioridade inquestionável do McLaren MP4/4 (venceriam 15 de 16 GPs no ano), um carro somente comparável às Williams de 1992 e 93, e às Ferrari de 2002 e 2004, uma diferença tão grande só pode ser fruto de perícia, rapidez, arrojo e concentrações fora do comum, tendo em vista que a diferença para o companheiro de equipe foi de oito décimos.
A corrida? Quase um funeral, com Senna vencendo de ponta-a-ponta, não perdendo a primeira posição nem no momento da troca de pneus. Prost teve problemas, caindo para sexto, mas recuperou-se bem e encerrou na segunda posição. Piquet, andou em segundo o tempo todo, mas a diferença brutal de equipamento não permitiu-lhe defender a posição do francês, e assim o pódio repetiu o grid de largada.
No campeonato, Prost liderava com 15 pontos, Senna era segundo, com 9, e Piquet vinha em terceiro, com 8.

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16º Pódio: GP da Austrália, 1988
Adelaide, 13 de Novembro
Resultado Final: 1º Prost, 2º Senna, 3º Piquet
Diferença entre os brasileiros: +10,759s
Pole position: Ayrton Senna (McLaren-Honda)
Melhor volta: Alain Prost (McLaren-Honda), 1’21”216 na volta 59
GPs de Senna até então: 77
GPs de Piquet até então: 156
Resumo do GP:
Na pole-position, obviamente, Ayrton Senna: era a 13ª vez - em 16 GPs - no ano que Senna largaria da posição de honra, e seria a 2ª de 6 que ele assinalou no circuito australiano (em 10 tentativas). Prost, naturalmente em segundo, e Piquet em 5º, atrás de Mansell (Williams) e Berger (Ferrari).
Na largada, Prost supera Senna, enquanto que Piquet - e Berger - superam Mansell. Já na 3ª volta, Berger ultrapassa Senna e começa a perseguir Prost, obtendo sucesso na volta 14. Berger segue botando tempo, e abre boa vantagem, até que, no 25º giro, tenta ultrapassar René Arnoux (retardatário) e acaba se chocando com o francês.
Não, Berger não estava inspirado, nem tampouco a Ferrari estava melhor que a McLaren. O austríaco havia largado com pouca gasolina e, como naquela época não havia reabastecimento, era absolutamente claro que ele iria abandonar a prova. E mais: Berger tinha um vôo marcado para ANTES DO TÉRMINO DO GP. A batida com Arnoux foi o método (pouco ortodoxo) encontrado por Berger para não "dar na pinta" a pane seca.
Trata-se de uma das histórias mais curiosas da Fórmula 1. Definitivamente, eram outros tempos, de um automobilismo mais descompromissado.
Na corrida, a partir do abandono de Berger, tivemos um novo funeral, com Prost vencendo com larga vantagem sobre Senna e Piquet chegando em terceiro. Foi a 15ª vitória em 16 corridas da McLaren no ano, um recorde ainda não superado, e que dificilmente será. Em 2002 e 2004, a Ferrari obteve as mesmas 15 vitórias, mas correu 17 GPs em 2002, e 18 em 2004.
O campeonato já estava decidido: Ayrton Senna, campeão mundial, 90 pontos; Alain Prost, vice, com 87. Piquet fechou na 6ª colocação, com 22. Na conferência de imprensa, o entrevistador era ninguém menos que Jackie Stewart. Tínhamos, portanto, 10 títulos de F1 naquele momento (anos mais tarde, seriam 13).


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17º Pódio: GP do Canadá, 1990
Montreal, 10 de junho
Resultado Final: 1º Senna, 2º Piquet, 3º Mansell
Diferença entre os brasileiros: +10,497s
Pole position: Ayrton Senna (McLaren-Honda)
Melhor volta: Gerhard Berger (McLaren-Honda), 1’22”077 na volta 70
GPs de Senna até então: 82
GPs de Piquet até então: 161
Resumo do GP:
Mais um show de ambos os brasileiros. Senna larga na pole - pleonasmo? -, repetindo os feitos de 1988 e 1992, nessa pista. Nesse ano, largaria da posição de honra 10 vezes ao todo, mostrando um domínio absoluto das classificações. Piquet larga na 5ª posição, já como piloto da Benetton-Ford.
No começo da prova, Gerhard Berger, que largava em segundo, queima a largada e, embora não tivesse tomado a posição de Senna, é punido com 1 minuto nos boxes. Com isso, Piquet já é o 4º. Senna, reconhecidamente o melhor piloto em pista molhada, começa a abrir vantagem, e só perderia a primeira posição por algumas voltas, após trocar os pneus.
Piquet, por sua vez, faria uma excelente prova de recuperação: nesse momento, posicionava-se atrás de seu companheiro, Alessandro Nanini, e de Alain Prost, da Ferrari. Boutsen e Mansell vinham atrás do brasileiro. Tão logo a pista começou a secar, vários pilotos foram mudar os pneus, e no retorno à pista Nanini acaba se chocando com uma lontra, e tem de retornar aos boxes.
Piquet se vê atrás de Prost e Boutsen, nesse momento. O belga chega a ultrapasar o francês, mas abandona a seguir. Piquet vence o duelo com Prost, que também é ultrapassado por Mansell, e dá mostras de porquê era tri-campeão, batendo os carros italianos, notadamente superiores ao seu Benetton. Senna seguiu tranqüilo, em outra dimensão.
O campeonato apontava: Senna líder, com 31 pontos, Berger segundo, com 19, Alesi (!) terceiro, com 13, Prost em 4º e Piquet 5º, ambos com 12 pontos.


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18º Pódio: GP da Hungria, 1990
Hungaroring, 12 de Agosto
Resultado Final: 1º Boutsen, 2º Senna, 3º Piquet
Diferença entre os brasileiros: +27,605s
Pole position: Thierry Boutsen (Williams-Renault)
Melhor volta: Riccardo Patrese (Williams-Renault), 1’22”058 na volta 63
GPs de Senna até então: 87
GPs de Piquet até então: 166
Resumo do GP:
A Hungria - uma vez definida por Piquet como "um circuito de rua sem prédios" - reserva sempre muitas surpresas, e podemos, quem sabe, esperar mais uma para esse fim de semana...
Hungaroring foi palco da primeira vitória de Alonso, em 2003, quando sua Renault era apenas a 4ª força do grid; A pista húngara também viu Senna, em 1992, impor uma raríssima derrota a Williams de outro planeta. E em 1990, também "pregou peça": a dupla da Williams - no primeiro e mais primitivo modelo daquele que dominaria a F1 nas temporadas de 1992-93-96-97 - fez a primeira fila, e ainda emplacaria vitória e volta mais rápida.
Senna marcou o 4º tempo nos treinos, atrás de Berger, enquanto que Piquet foi apenas o 9º. NA largada, Senna cai para sexto, e Piquet continua na 9ª posição. Na volta 21, Senna sofre danos no seu carro que o obrigam a ir aos boxes, e o brasileiro retoma à pista em décimo. Começava então uma de suas melhores corridas - pouco lembrada, entretanto.
Passando um a um, e realizando uma ultrapassagem arrojadíssima sobre Nigel Mansell, Senna consegue chegar à terceira posição. Nesse momento, tenta uma manobra arriscada e acaba se chocando com Alessandro Nanini, que vinha em segundo. A ultrapassagem de Senna em muito lembra a de Damon Hill sobre Schumacher, na Austrália 1994.
Mas Senna, diferentemente do inglês - talvez porque foi um choque, e não uma fechada - consegue continuar na pista. E o mais interessante é que, algumas voltas depois, um acidente idêntico ocorre com Mansell e Berger.
Senna segue andando no limite, e tenta até o último momento estragar a festa da Williams, mas o dia mesmo era de Boutsen, que vence com uma vantagem de apenas 0.288s. Piquet, também brilhante, vinha, entre ultrapassagens e abandonos dos adversários, na terceira posição, mostrando uma de suas principais características: a condução precisa.
Era a 14ª vez que Senna e Piquet se encontravam no pódio, e a terceira em solo húngaro, num espaço de 5 anos. Senna havia vencido nessa pista em 1988, e repetiria a façanha em 91 e 92. Piquet ganhara as duas primeiras edições, em 86 e 87, como vimos. Portanto, em apenas 7 anos, 5 vitórias brasileiras. Interessante é que Senna, nas 4 que não venceu, foi segundo colocado. Piquet, com esse pódio e uma 6ª colocação em 89 - com um carro grosseiramente ruim - mostrava também conhecer a pista.
Príncipe e Primeiro-Ministro húngaros? Talvez tenha sido por isso que, em 1987, um jornalista local disse que já estava decorando o hino nacional brasileiro...
No campeonato, Senna liderava com 54 pontos, 12 a mais que Prost, o vice. Piquet era 5º, com 22.


terça-feira, 29 de julho de 2008

Pódios Brasileiros - Parte 3

Nesta parte do especial, os pódios brasileiros de 1987, com Senna&Piquet.
Os vídeos foram extraídos da edição da FIA dos melhores momentos de 1987.

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9º Pódio: GP de Mônaco, 1987
Monte Carlo, 31 de maio
Resultado Final: 1º Senna, 2º Piquet, 3º Alboreto
Diferença entre os brasileiros: +33,212s
Pole position: Nigel Mansell (Williams-Honda)
Melhor volta: Ayrton Senna (Lotus-Honda), 1’27”685 na volta 72
GPs de Senna até então: 49
GPs de Piquet até então: 128

Resumo do GP:
Mansell larga na frente, com Senna em 2º e Piquet em 3º. O domínio dos motores Honda era visível. Após a largada, estas posições permaneceram inalteradas, até que na volta 30 Mansell abandona com perda de pressão no turbo. Senna assume a ponta, seguido por Piquet, e lidera com maestria até a bandeirada, chegando meio minuto à frente do compatriota mesmo tendo parado para trocar pneus. Alboreto completou o pódio após Alain Prost abandonar com problemas no motor a três voltas do fim.
Foi apenas a 5ª vitória de Senna na carreira, e a primeira das suas 6 no circuito monegasco. Ainda, foi a primeira vitória da Lotus equipada com suspensão ativa.
No campeonato, Prost liderava com 18 pontos, seguido por Senna (15) e Stefan Johansson (13). Piquet, futuro campeão daquele ano, era o 4º com 12.



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10º Pódio: GP dos EUA, 1987
Detroit , 21 de junho
Resultado Final: 1º Senna, 2º Piquet, 3º Prost
Diferença entre os brasileiros: +33,819s
Pole position: Nigel Mansell (Williams-Honda)
Melhor volta: Ayrton Senna (Lotus-Honda), 1’40”464 na volta 39
GPs de Senna até então: 50
GPs de Piquet até então: 129

Resumo do GP:
A supremacia dos motores Honda era visível no grid de largada: Pole position de Mansell (Williams-Honda), seguido por Senna (Lotus-Honda) e Piquet (Williams-Honda). Uma grande distância separava o trio do quarto colocado, Thierry Boutsen (Benetton-Ford).
Na largada, Mansell dispara na liderança, abrindo vantagem sobre Senna. Piquet tem um furo no pneu, mas consegue chegar aos boxes para a troca. Volta à pista em 21º. Em grande corrida de recuperação, Piquet vai ganhando posições e na volta 43 já é terceiro, com bela ultrapassagem sobre Prost. Antes, na volta 34, Mansell teve problemas pit stop, e Senna assumiu a ponta, terminando a corrida sem paradas. Faltando 10 voltas, Piquet passa Mansell, que a essa altura sofria de cãibras na perna, assumindo a segunda posição. Senna começa a ter dificuldades com o desgaste dos pneus e problemas nos freios, mas consegue terminar em primeiro. Prost completou o pódio.
No campeonato, após a quinta etapa, Senna era o líder com 24 pontos, seguido por Prost (22) e Piquet (18). Na quarta posição, um surpreendente Stefan Johansson, com 13. Mansell era apenas o quinto, com 12.



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11º Pódio: GP da Inglaterra, 1987
Silverstone, 12 de julho
Resultado Final: 1º Mansell, 2º Piquet, 3º Senna
Diferença entre os brasileiros: +1 volta
Pole position: Nelson Piquet (Williams-Honda)
Melhor volta: Nigel Mansell (Williams-Honda), 1’09”832 na volta 58
GPs de Senna até então: 52
GPs de Piquet até então: 131


Resumo do GP:
Como aconteceu diversas vezes ao longo do campeonato, os motores Honda fizeram a primeira fila, com Piquet e Mansell, seguidos por Senna, na Lotus. Na largada, Prost (4º) sai melhor e assume a ponta, mas Piquet volta a liderança já na segunda curva. Ainda na primeira volta, Mansell também consegue a ultrapassagem sobre Prost, e segue à caça de Piquet. Prost não consegue segurar Senna, que também recupera a posição perdida para o Francês na primeira volta. A partir daí, viu-se uma superioridade sem fim das duas Williams, com Piquet na frente, sendo perseguido de perto por Mansell. Porém, com duas voltas para o final, Mansell tenta a sorte em uma das maiores ultrapassagens da história: aponta para a esquerda, enganando Piquet, e faz a ultrapassagem pelo lado oposto, aproveitando a preferência da curva. É a versão automobilística do drible “elástico”.
Com isso, Mansell vence, ficando sem gasolina na volta de apresentação. Piquet é segundo. Senna completou o pódio em terceiro.
No campeonato, Senna ainda era o líder, com 31 pontos, seguido de perto por Piquet e Mansell (empatados com 30). Prost era o quarto, com 26. Qualquer semelhança com o campeonato atual é mera coincidência.



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12º Pódio: GP da Alemanha, 1987
Hockenheim, 26 de julho
Resultado Final: 1º Piquet, 2º Johansson, 3º Senna
Diferença entre os brasileiros: +1 volta
Pole position: Nigel Mansell (Williams-Honda)
Melhor volta: Nigel Mansell (Williams-Honda), 1’45”716 na volta 24
GPs de Senna até então: 53
GPs de Piquet até então: 132

Resumo do GP:
Nos treinos, Mansell bate Senna na briga pela pole, e ambos são seguidos pelo surpreendente Prost, deixando Piquet em 4º.
Senna larga bem, assumindo a ponta, enquanto Mansell perde posições. Mesmo assim, ao final da primeira volta, o leão já era segundo e na volta seguinte voltou à liderança. A Lotus de Senna era visivelmente inferior e o brasileiro foi ultrapassado por Prost e Piquet, ainda na terceira volta. Na seqüência, Prost chega em Mansell e assume a ponta. Após os pit stops, Mansell vai à caça de Prost, mas seu motor quebra na volta 25. Piquet assumia a segunda posição, enquanto Senna parava duas vezes nos boxes para trocar um bico quebrado. Faltando quatro voltas para o final, Prost quebra o motor na liderança, deixando-a para Piquet. Johansson era segundo enquanto Senna já era terceiro, apesar dos problemas no carro. Estas posições ficaram inalteradas até o final.No campeonato, Piquet assumia a ponta com 39 pontos, seguido por Senna (35) e Mansell (30). Prost era o 4º, com 26.



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13º Pódio: GP da Hungria, 1987
Hungaroring, 9 de agosto
Resultado Final: 1º Piquet, 2º Senna, 3º Prost
Diferença entre os brasileiros: +37,727s
Pole position: Nigel Mansell (Williams-Honda)
Melhor volta: Nelson Piquet (Williams-Honda), 1’30”298 na volta 63
GPs de Senna até então: 54
GPs de Piquet até então: 133

Resumo do GP:
No fim de semana da corrida, o assunto principal era saída de Senna da Lotus para a McLaren na temporada seguinte. Com isso, o chefe da Lotus, Peter Warr, apressou-se em contratar Piquet para a temporada 88. Piquet estava claramente insatisfeito com Frank Williams por não ser o primeiro piloto da equipe.
Mansell fez a pole novamente, seguido pela Ferrari de Berger. Piquet era terceiro, enquanto Senna era apenas o sexto.
Na largada, Piquet perde a terceira posição para Alboreto e Mansell escapa na frente, seguido pelas duas Ferrari. Senna ganha uma posição e é quinto, atrás de Piquet. Na volta 13, Berger abandona com problemas no diferencial, trazendo Piquet para terceiro e Senna para quarto. As posições se mantiveram até a volta 29, quando Piquet ultrapassa a Ferrari de Alboreto, assumindo a segunda posição. A procissão continuou até a volta 44, quando Alboreto abandonou com problemas de motor. Senna assumia a terceira posição. Com 5 voltas para o fim, Mansell tem problemas com a roda traseira direita, abandonando a corrida. Assim, Piquet recebe uma vitória no colo, com Senna em segundo e Prost em terceiro. A dobradinha brasileira repetiu o resultado do GP da Hungria do ano anterior, quando da magnífica ultrapassagem de Piquet sobre Senna.No campeonato, Piquet abria vantagem na liderança, com 48 pontos, seguido por Senna (41). Prost e Mansell estavam empatados com 30.



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14º Pódio: GP da Itália, 1987
Monza, 6 de setembro
Resultado Final: 1º Piquet, 2º Senna, 3º Mansell
Diferença entre os brasileiros: +1,806s
Pole position: Nelson Piquet (Williams-Honda)
Melhor volta: Ayrton Senna (Lotus-Honda), 1’26”796 na volta 49
GPs de Senna até então: 56
GPs de Piquet até então: 135

Resumo do GP:

Os rumores se confirmaram: os motores Honda acompanhariam Senna e iriam para a McLaren em 1988. Isto deixaria a Williams sem os motores vencedores para a temporada seguinte. Além disso, levantou-se suspeitas se a Honda favoreceria Piquet na disputa pelo título, uma vez que o brasileiro correria de Lotus-Honda no ano seguinte. Esta corrida na Itália foi também a primeira em que a Williams correu com suspensão ativa, presente apenas no carro de Piquet. Temendo que os mecânicos da equipe dessem o equipamento à Mansell nas corridas seguintes, o brasileiro preferiu não correr com este sistema no restante do campeonato.
Piquet largou na pole, com Mansell em segundo e Berger em terceiro. Senna era o quarto.
Na largada, Mansell erra uma marcha e Piquet parte na frente. Senna perde duas posições e cai para sexto na primeira volta. Na volta seguinte, Berger força a ultrapassagem sobre Mansell, e os dois se tocam. Mansell cai para quarto, mas ao final da volta 17 já era o segundo novamente, passando Berger e Boutsen. Sem parar para trocar pneus, Senna assume a ponta na volta 24, e parecia possível levar o carro até o fim sem trocar pneus. Mas na volta 43, ao ultrapassar um retardatário, pegou a parte suja da pista e saiu de frente na parabólica. Ao retornar para o traçado, Piquet havia assumido a ponta. Mansell era terceiro, e as posições se mantiveram até o término da corrida, apesar da aproximação de Senna no final.No campeonato, Piquet era líder com 63, Senna segundo com 49 e Mansell terceiro com 43. Prost, praticamente fora da briga pelo título, era quarto com 31.



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Na próxima parte, as dobradinhas Senna-Piquet, em 88 e 90.
Equipe F1 Critics

sábado, 26 de julho de 2008

Pódios Brasileiros - Parte 2

No post de hoje, veremos as primeiras dobradinhas de Senna e Piquet quando Ayrton corria com o lendário John Player Special.

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5º Pódio: GP da Itália, 1985
Monza, 08 de setembro
Resultado Final: 1º Prost, 2º Piquet, 3º Senna
Diferença entre os brasileiros: +8,755s
Pole position: Ayrton Senna (Lotus)
Melhor volta: Nigel Mansell (Williams), 1’28,283 na volta 38
GPs de Piquet até então: 108
GPs de Senna até então: 26

Resumo do GP:

Era um campeonato muito difícil para os brasileiros: na ponta, McLaren e Ferrari, e em franca ascensão as Williams, usando os motores Honda. Tanto Piquet quanto Senna sofriam por ter equipamentos inferiores: Ayrton fazia sua primeira temporada pela Lotus, enquanto que Piquet sofria com a decadência da Brabham. Suas equipes foram, respectivamente, a 4ª e a 5ª colocadas naquele ano, ficando atrás das três supramencionadas.
Senna conseguiu vencer duas corridas, Portugal e Bélgica, e Piquet saiu vencedor na França. No que diz respeito às pole-positions, Piquet partiu da posição de honra na Holanda, enquanto Senna foi o que mais vezes largou em primeiro naquele ano: em 7 ocasiões o brasileiro partiu da pole. E uma delas foi a do Grande Prêmio da Itália.
Naquele dia, Senna largava em primeiro, tendo logo atrás as Williams de Rosberg e Mansell. Piquet vinha em 4º, com Prost ao seu lado. Logo no começo da prova, Rosberg passa Senna e Prost supera Piquet. Pouco depois, Mansell assumiria o segundo lugar de Ayrton, e mais algumas voltas, seria a vez de Prost passá-lo em plena reta, mostrando bem a diferença de equipamento da Lotus para os principais carros.
Nesse momento, Niki Lauda, que largara atrás, vinha recuperando posições, e passou ambos os pilotos do Brasil, atingindo a terceira colocação na volta 17. Senna era o 5º e Piquet o 7º. Os ponteiros enfrentaram problemas, Mansell com problemas elétricos, e Lauda com uma asa do carro quebrada. Assim, os brasileiros eram 3º e 5º, respectivamente.
Prost corria fácil na liderança, mas Rosberg chega a passá-lo. Porém, na volta 45, o finlandês quebra e abandona. Piquet já havia superado Elio de Angelis, companheiro de Senna na Lotus, e agora vinha em terceiro, logo atrás de Ayrton. Ultrapassa o compatriota algumas voltas depois, e assegura a segunda colocação.

No campeonato, Senna estava com 23 pontos, Piquet, 19. Senna estava na 4ª posição, e Piquet era 6º.



6º Pódio: GP do Brasil, 1986
Jacarepaguá, 23 de março
Resultado Final: 1º Piquet, 2º Senna, 3º Laffite
Diferença entre os brasileiros: +34,878s
Pole position: Ayrton Senna (Lotus)
Melhor volta: Nelson Piquet, Williams, 1'33.546, na 46ª volta
GPs de Piquet até então: 113
GPs de Senna até então: 31

Resumo do GP:

"Vai dar certo". Essa frase estava estampada num dos balões que, preso com cordas, girava no autódromo. A frase se referia à todo o clima de euforia vivido na época, com o Plano Cruzado e os "fiscais do Sarney", além da grande preparação para a Copa do Mundo, com a mesma base da seleção de 1982.

Mas cabia perfeitamente à Fórmula 1: dois brasileiros estariam disputando o título naquele ano.A Lotus de Senna já havia superado a Ferrari em performance, mas ainda era inferior às McLaren e Williams. Piquet, passou do 5º para o melhor carro, e era franco favorito.

E o clima de festa só aumentou quando no sábado Senna, pole, e Piquet, 2º, conquistaram uma primeira fila brasileira. O grid muito se assemelhava ao do GP italiano do ano anterior, com Senna em 1º, à frente das duas Williams.

Na largada, Senna mantém a ponta, mas Mansell supera PIquet assumindo a segunda colocação. O Leão tenta passar Ayrton por dentro, mas acaba tocando a roda esquerda traseira de Senna e abandona ali mesmo. Os ingleses estamparam no dia seguinte: "just a little patience, Mansell".

Piquet volta à sua posição de largada, e passa a perseguir Senna, obtendo sucesso na 3ª volta, na reta oposta. A partir de então Nelsão passa a dominar a corrida de maneira avassaladora, só perdendo a liderança quando foi aos boxes.

Senna se mantinha em segundo, quando começa a sofrer com o desgaste excessivo dos pneus e tem de parar nos boxes, o que permite que Prost assuma seu posto. Mas depois disso, tanto Nelson quanto Ayrton (re)assumem o 1-2, fazendo a primeira dobradinha brasileira desde Emerson e Pace, na Inglaterra-1975, e a segunda e última de brasileiros no GP do Brasil.

E a dobradinha também se dava na ponta da tabela, Piquet líder com 9 pontos, Senna vice com 6.


7º Pódio: GP da Alemanha, 1986
Hockenhein, 27 de julho
Resultado Final: 1º Piquet, 2º Senna, 3º Mansell
Diferença entre os brasileiros: + 15.437s
Pole position: Keke Rosberg (McLaren)
Melhor volta: Nelson Piquet, Williams, 1'46.604, na 35ª volta
GPs de Piquet até então: 122
GPs de Senna até então: 40

Resumo do GP:

Há exatos 22 anos, na mesma pista do último fim de semana, dois brasileiros subiam ao pódio juntos, pela 7ª vez. Senna havia conquistado a terceira posição do grid, ficando atrás das McLaren de Rosberg, o pole, e Prost, o segundo, mostrando que os motores Porsche se adaptaram melhor às condições da pista. Piquet vinha em 5º lugar.

Na largada, Senna consegue uma partida fantástica, assumindo a 1ª posição ao longo da reta. Piquet mantém sua posição, mas adota uma postura agressiva, e logo passa Gerhard Berger, da Benetton. Momentos depois, Rosberg recupera a posição de Senna, e Piquet passa Prost, ficando os brasileiros na 2ªa e na 3ª posições.

O grande problema que Senna vinha enfrentando - não só em 86, mas desde 85 - com o seu Lotus-Renault-Turbo, era no que diza respeito ao consumo de combustível: como naquela época não havia reabastecimento, as estratégias eram de tanque cheio. No entanto, quando pisava excessivamente, o consumo aumentava, e o resultado poderia ser desastroso: Senna abandonou várias corridas no final, sem gasolina - às vezes, na liderança.

Com isso, Senna era obrigado a diminuir o ritmo - coisa que certamente não queria nem gostava de fazer. Mas isso fazia parte do crescimento do piloto, que adquiria muita experiência nessas situações. Experiência essa que sobrava para o bi-campeão Nelson Piquet. Já tendo conquistado duas posições, Piquet passa também Senna, e segue à cata do líder Rosberg.

Não demorou para que Piquet passasse o finlandês da McLaren, e assumisse a liderança, na volta seis. Nesse momento, Senna caía para a 4ª posição, tendo a McLaren de Prost à sua frente, também. Piquet faz sua parada nos boxes, e os dois pilotos da McLaren voltam a liderar, mas Piquet retoma a posição de ambos no final. E Senna, que vinha em 4º poupando o carro, acaba terminando em segundo quando ambos os pilotos abandonam.

No campeonato, Mansell seguia líder, com 51 pontos. Senna era o 2º, com 42, e Piquet vinha em 4º, com 38 .

8º pódio: GP da Hungria, 1986
Hungaroring, 10 de agosto
Resultado: 1º Piquet, 2º Senna, 3º Mansell
diferença entre os brasileiros: +17.673
Pole-position: Ayton Senna (Lotus)
Melhor Volta: Nelson Piquet, Williams, 1'31.001, na 76
GPs de Piquet até então: 123
GPs de Senna até então: 41

Resumo do GP:

Era a primeira vez que a Fórmula 1 chegaria na pista húngara. E os brasileiros exerceriam um grande domínio por lá, conquistando 5 vitórias, e por 3 vezes tendo dois brazucas no pódio - foi a pista onde Senna e Piquet mais vezes se encontraram no pódio, como veremos nos próximos posts.

E aquela primeira corrida ficaria marcada para sempre. Senna fez a pole, Piquet o 2º tempo. Senna largou bem e manteve-se à frente. Piquet chega a ultrapassá-lo na volta 12, mas Senna volta à liderança mais tarde. No entanto, na volta 55, Piquet tenta uma manobra arriscada, e acaba tomando um "X"...

Duas voltas depois, Piquet vai no mesmo ponto, mas adota outra trajetória, e realiza aquela que talvez tenha sido a melhor ultrapassagem da história da F1 moderna. Segundo Jackie Stewart, o que Piquet fez foi como "dar um giro de 360º num Boeing 747"...

É importante lembrar que, até então, Senna e Piquet tinham duas vitórias cada. Com essa obra-prima, Piquet chega a três triunfos, e passa Prost no campeonato, chegando aos 47 e ficando a apenas um ponto de Senna, 48. Mansell ainda era líder, com 55...

Muito parecido com o campeonato do ano passado, não?


no próximo post, veremos o "casamento" Brasil & Honda.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Pódios Brasileiros - Parte 1


Nesta primeira parte, o especial Pódios Brasileiros irá tratar dos pódios envolvendo Emerson Fittipaldi e José Carlos Pace (todos em 1975) e a única vez em que Fittipaldi e Piquet subiram juntos ao pódio, em 1980.

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1º Pódio: GP do Brasil, 1975
Interlagos, 26 de janeiro
Resultado Final: 1º Pace, 2º Fittipaldi, 3ºMass
Diferença entre os brasileiros: +5,52s
Pole position: Jean-Pierre Jarier (Shadow)
Melhor volta: Jean-Pierre Jarier (Shadow), 2’34,160 na volta 10
GPs de Pace até então: 40
GPs de Fittipaldi até então: 75

Resumo do GP
O dia era 26 de janeiro. O local, o antigo circuito de Interlagos. Fittipaldi, bi-campeão do mundo no ano anterior, larga em segundo com a McLaren. Pace sai em sexto, com a Brabham. Na largada, Emerson patina excessivamente e perde colocações, ficando em sétimo. Pace aproveita o erro do compatriota e, em uma ótima largada, completa a primeira volta em terceiro. Reutemann, que largou em terceiro, assume a ponta, seguido pelo pole Jarier.
O piloto francês faz a ultrapassagem sobre Reutemann na quinta volta das quarenta previstas, passando à liderança da prova. Pace aumenta o ritmo e na volta 14 faz a ultrapassagem sobre Reutemann, assumindo a segunda posição. Duas voltas depois Emerson começa a se recuperar e assume a sexta posição. Na volta 20 o bi-campeão passa por Niki Lauda e já é quinto. Reutemann começa a ter problemas com os pneus e perde diversas posições. Emerson já é o quarto. Na volta 29, Fittipaldi realiza mais uma ultrapassagem, desta vez sobre Regazzoni, conquistando a terceira posição.
Faltando sete voltas para o final, o motor do líder Jean-Pierre Jarier tem problemas e o piloto francês abandona. Pace assume a ponta, com Emerson em segundo e Mass em terceiro. A partir daí, Pace levou seu carro a vitória seguido por Fittipaldi, para delírio do público presente no ensolarado autódromo de Interlagos. A primeira dobradinha brasileira não poderia acontecer de forma melhor: primeira vitória de Pace, belíssima corrida de recuperação de Fittipaldi, e tudo isso no lendário Interlagos.
Ao final desta corrida, a dobradinha brasileira também se formava na classificação do campeonato, pois Fittipaldi liderava com 19 pontos, seguido por Pace com 9.





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2º Pódio: GP de Mônaco, 1975
Monte Carlo, 11 de maio
Resultado final: 1º Lauda, 2º Fittipaldi, 3º Pace
Diferença entre os brasileiros: +15,03s
Pole position: Niki Lauda (Ferrari)
Melhor volta: Patrick Depallier (Tyrrell), 1’28”67 na volta 68
GPs de Pace até então: 43
GPs de Fittipaldi até então: 78

Resumo do GP
Duas semanas antes, na Espanha, acidentes trágicos levaram os pilotos a exigirem melhores condições de segurança nas pistas. Sendo assim, o grid de largada foi limitado em 18 carros, e as posições de largada formavam um zigue-zague na pista.
No sábado, Graham Hill faria sua última aparição em GPs como piloto, não conseguindo se classificar com um carro próprio. Niki Lauda fez a pole, enquanto os brasileiros largariam em 8º (Pace) e 9º (Fittipaldi).
A chuva caiu no domingo, e todos largaram com pneus para piso molhado. Na primeira volta, Niki Lauda manteve a ponta, enquanto Regazzoni e Brambilla rodaram e caíram para o fim do grid. Ainda na primeira volta, Jarier acertou uma barreira na Mirabeau e em seguida bateu na chicane, abandonando. Fittipaldi encontrou espaço para ultrapassar Pace. No fim da primeira volta, Emerson já era 5º, e Moco 6º. Na 19ª volta, Pryce rodou e Emerson ganhou mais uma posição.
Os brasileiros pararam para trocar seus pneus por slicks na 21ª (Pace) e 23ª (Emerson) voltas. Os três primeiros só começaram a parar na volta 25. Aproveitando a melhor performance dos slicks, Fittipaldi e Pace ganharam posições e após os pit-stops dos adversários já eram 2º e 3º, respectivamente.
Daí pra frente Emerson chegou a pressionar Lauda, mas o limite de duas horas pôs fim à corrida.
Pela segunda vez o pódio era dominado pelos brasileiros, e o campeonato apontava Emerson em primeiro (21 pontos), seguido por Pace (16 pontos) e Lauda (14 pontos).





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3º Pódio: GP da Grã-Bretanha, 1975
Silverstone, 19 de julho
Resultado final: 1º Fittipaldi, 2º Pace, 3º Scheckter
Diferença entre os brasileiros: indefinido
Pole position: Tom Pryce (Shadow)
Melhor volta: Clay Regazzoni (Ferrari), 1’20”90 na volta 16
GPs de Pace até então: 48
GPs de Fittipaldi até então: 83

Resumo do GP
O terceiro pódio de maioria brasileira aconteceu em uma corrida inusitada. Pace largou em segundo, enquanto Emerson saiu em sétimo. Pace assumiu a liderança na largada, mas foi ultrapassado por Regazzoni na volta 13. Emerson andava em sexto. Porém, a chuva começou a cair levemente. Vários pararam para pneus de chuva, mas Pace e Emerson continuaram na pista com slicks, assumindo a 1ª e 2ª posição na volta 22. Aqueles que haviam parado logo descontaram o atraso em relação aos brasileiros, porém a chuva parou e Fittipaldi e Pace voltaram a liderar a corrida. Na volta 53 a chuva voltou com tudo e três voltas depois nada menos que 11 pilotos rodaram pelo circuito, entre eles Pace. A bandeira vermelha foi acionada, sendo Emerson o único entre os primeiros a completar a volta 56. Com o cancelamento da prova, o resultado final foi aquele do início da volta 56, que apontou Emerson em primeiro e Pace em segundo, seguido por Scheckter em terceiro. Curiosamente, foi a última das 14 vitórias de Emerson na F1. No ano seguinte, ele trocaria a McLaren pela Fittipaldi/Copersucar, a primeira e única equipe brasileira da categoria.
No campeonato, Niki Lauda, futuro campeão daquele ano, liderava com 47 pontos, 14 a mais do que Fittipaldi, que era segundo. Pace ocupava a quinta posição com 24 pontos.



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4º Pódio: GP dos EUA – West, 1980
Long Beach, 30 de março
Resultado final: 1º Piquet, 2º Patrese, 3º Fittipaldi
Diferença entre os brasileiros: +1min 18,563s
Pole position: Nelson Piquet (Brabham)
Melhor volta: Nelson Piquet (Brabham), 1’19”830 na volta 38
GPs de Piquet até então: 23
GPs de Fittipaldi até então: 133

Resumo do GP:
Um show de pilotagem de ambos os brasileiros. Nelson Piquet, de Brabham, larga na pole pela primeira vez. Emerson, à bordo do Fittipaldi, consegue classificar na 24ª e última posição. Nelson larga bem, abrindo vantagem em relação a Depailler e Arnoux, segundo e terceiro respectivamente. Emerson ganha duas posições na largada e com três abandonos logo na primeira volta, ele passa em 19º. Enquanto Piquet lidera com autoridade, na volta 4 dois acidentes tiram 5 carros da corrida e Emerson já é 14º. Na volta 51, o suiço Clay Regazzoni tem um problema nos freios e bate em uma Brabham abandonada na lateral da pista, sofrendo os danos permanentes na espinha que encerrariam sua carreira. Entre abandonos e ultrapassagens, na volta 63 Fittipaldi assume a terceira posição para não mais perdê-la, completando a última das 80 voltas com Patrese em segundo e Piquet sobrando em primeiro. Era a primeira vitória do futuro tri-campeão mundial.
Piquet fez barba, cabelo e bigode: pole, melhor volta e vitória de ponta a ponta. Já Emerson soube levar seu péssimo carro da última posição ao pódio.
No campeonato, Arnoux e Piquet estavam empatados em pontos (18), mas o francês liderava por ter uma vitória a mais. Emerson anotou 4 pontos e seu último pódio na F1.


Na próxima parte, acompanhe os 4 primeiros pódios envolvendo Piquet e Senna.
Equipe F1 Critics.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Pódios Brasileiros - Introdução

Aproveitando o "embalo de domingo de manhã", quando, depois de dezessete anos, dois brasileiros subiam juntos a um pódio de uma corrida de Fórmula 1, o F1 Critics começa hoje um especial sobre todas as vezes em que isso aconteceu. E não foram poucas. O pódio que contou com Nelson Ângelo Piquet, em 2º, e Felipe Massa, em 3º, foi o vigésimo-segundo da história do Brasil. Além de inusitado, foi histórico.
Nelson Piquet, o filho, foi o 9º piloto brasileiro a chegar entre os 3 primeiros na F-1: antes dele, logicamente, o bi-campeão mundial Emerson Fittipaldi, o grande precursor; em seguida, José Carlos Pace, que dá nome ao autódromo de Interlagos, segundo brasileiro a vencer uma corrida; depois, o grande tri-campeão Nelson Piquet, primeiro brasileiro a levantar três taças; anos mais tarde, Ayrton Senna, o maior vencedor do Brasil na F1.

Ainda na época de Senna e Piquet, Mauricio Gugelmin (1989) e Roberto Moreno (1990) conseguiram um pódio cada. Alguns anos depois, Barrichello, o segundo brasileiro que mais subiu ao pódio em todos os tempos, chegaria entre os três melhores colocados de uma prova. E, por fim, Felipe Massa, que há pouco mais de dois anos, já na Ferrari, subia ao pódio pela primeira vez, sendo o brasileiro que mais tempo levou para atingir a marca.
A seguir, o "Ranking" brasileiro de pódios:
1- Ayrton Senna, 80
2- Rubens Barrichello, 62
3- Nelson Piquet, 60
4- Emerson Fittipaldi, 35
5- Felipe Massa, 23
6- José Carlos Pace, 5
7- Roberto Moreno, 1
8- Nelson A. Piquet, 1
9- Mauricio Gugelmin, 1

No total, tivemos nada menos do que 268 pódios com pilotos brasileiros, entre 1970 e 2008. Desses 268, em 22 houve dois ao mesmo tempo. Talvez seja por isso que se falava, especialmente entre os anos 70 e 80, que o Brasil produzia os melhores pilotos, e Jackie Stewart chegou a explicar esse domínio dizendo "É a água que eles bebem", em tom irônico, é claro.
Abaixo, a lista de corridas em que dois brasileiros chegaram ao pódio:

Emerson-Pace: 3 vezes - Brasil (Pace 1º, Emerson 2º), Mônaco (Emerson 2º, Pace 3º) e Inglaterra (Emerson 1º, Pace 2º), todas em 1975.

Emerson-Piquet: 1 vez - EUA (Piquet 1º, Emerson 3º) em 1980.

Senna-Piquet: 16 vezes - Itália (Piquet 2º, Senna 3º), 1985, Brasil, Alemanha e Hungria (Piquet 1º, Senna 2º), 1986, Mônaco e EUA (Senna 1º, Piquet 2º) Inglaterra (Piquet 2º, Senna 3º) Alemanha (Piquet 1º, Senna 3º) Hungria e Itália (Piquet 1º, Senna 2º), 1987, San Marino (Senna 1º, Piquet 3º) e Austrália (Senna 2º, Piquet 3º), 1988, Canadá (Senna 1º, Piquet 2º) e Hungria (Senna 2º, Piquet 3º), 1990, EUA e Bélgica (Senna 1º, Piquet 3º), 1991.

Piquet-Moreno: 1 vez - Japão (Piquet 1º, Moreno 2º) em 1990.

Piquet-Massa: 1 vez - Alemanha (Piquet 2º, Massa 3º) em 2008.

Curioso notar que Barrichello, embora seja o segundo brasileiro que mais subiu ao pódio, não dividiu o local com nenhum compatriota. E não por falta de oportunidade: entre 1994 e 2005, o brasileiro subiu ao pódio nada menos que 61 vezes, numa média de 5 por ano. Gugelmin, também ausente nas dobradinhas, chegou ao pódio no GP do Brasil de 1989, em terceiro, numa corrida em que Senna sofreu acidente e chegou em 10º. Na Inglaterra 88, Senna fôra o primeiro, e Gugelmin o quarto. Por pouco não aumentamos a lista...

Ayrton Senna e Nelson Piquet, claro, dominam essas estatísticas, por serem nossos dois maiores campeões, e por terem corrido na mesma época. Aliás, é curioso notar que, desde que surgiu na Fórmula 1, o sobrenome Piquet sempre esteve presente em quaisquer "dobradinhas" brasileiras. Desde a primeira vez, com Nelsão, até agora, com Nelsinho, "Piquet" subiu ao pódio 19 vezes, o que representa 86% do total. E a tendência é que aumente.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

GP da Alemanha de 2008

Corridássa tem acento? e se escreve com 'cedilha' ou dois "ésses"? A grafia realmente não importa, nesse caso, pois trata-se de uma palavra que vem da coloquialidade, isto é, da fala, e não pertence à gramática, pois não se encaixa nem na categoria dos superlativos. Mas enfim, "corridaça" foi o que Mr. (tornando-se um forte candidato à 'Sir') Lewis Hamilton fez no circuito de Hockenheim, em 20/07/2008.

Com um domínio absolutamente inquestionável - fizera o melhor tempo nos testes coletivos, da semana passada, foi o 1º nos treinos livres de sexta e fez a pole no sábado - o inglês venceu a corrida de maneira fantástica e se coloca, até o momento, como o favorito ao título.
E o grande destaque é que Hamilton chega à sua 8ª vitória na carreira, se igualando a Felipe Massa, tendo, dessa vez, feito mais do que se costuma ver: o garoto sempre venceu quando largou na frente, assim como hoje, mas sempre liderando fácil, sem pressão. Hoje, ele se recuperou de um erro da equipe, que quase aniquilou uma vitória facílima, dando lição de arrojo, rapidez e inteligência.
Foi professor de rapidez ao imprimir um ritmo alucinante na primeira parte da prova: o inglês não ficou com a volta mais rápida do dia, mas obteve a segunda melhor marca, a apenas 0.052s de Heidfeld. detalhe: Lewis cravou sua volta no giro 17, enquanto que o alemão obteve o recorde na 52ª!
Deu aula de arrojo ao ultrapassar Felipe Massa no hairpin, e manter a posição momentos depois, quando Felipe, claramente, tinha mais chance na curva. E deu aula de inteligência ao saber o momento exato de atacar os concorrentes que se postavam à sua frente quando retornou dos boxes.
Lewis, repito, se colocou hoje como o favorito ao título. A McLaren não é o melhor carro, embora na Alemanha tenha dominado de forma incontestável, e aqui pontos para Massa por ter batido Kovalainen nos treinos e ter segurado o finlandês na primeira volta, quando era evidente que o brasileiro tinha menos carro.
A Ferrari, ainda, é o melhor conjunto, e as próximas duas corridas - Hungria e Valência -, que guardam enormes semelhanças com Mônaco, serão cruciais para a decisão do certame: Se ano passado, em pistas de rua, só deu McLaren, esse ano a Scuderia mostrou que essa diferença não existe: é verdade que a vitória em Mônaco foi de Lewis, mas a Ferrari registrou primeira fila, e a vitória lhe escapou das mãos por conjunto de erros pilotos-equipe.
Erros esses que, registre-se aqui, são a maior razão para que Lewis esteja na liderança, pois mesmo com suas 4 vitórias não estaria em 1º caso "certas coisas" não ocorressem. E é por isso mesmo que classifico Hamilton como favorito, até o momento: o inglês e a McLaren erraram também, mas muito menos que a Ferrari e Kimi-Massa.
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De fato, houve duas corridas nesse domingo: uma de Lewis e outra para os 19 pilotos restantes. A prova foi bem movimentada em seu início, mas logo nas primeiras voltas se desenhou uma procissão. Como já mencionado, Kovalainen atacou Massa no início e dava a impressão de que conseguiria a ultrapassagem, tendo colocado o carro "de lado" na reta. Mas logo em seguida, acalmou e os dois se mantiveram...
Logo atrás, surgia Kubica com uma excelente largada - partiu de 7º para 4º -, e se favorecendo de uma manobra relativamente estranha de Jarno Trulli sobre Fernando Alonso. Pouco depois, Kimi Räikkonen, que partira em 6º e caira para sétimo com a ultrapassagem do polonês, roubou a posição do espanhol. Passaria também Trulli, nos boxes...
Alonso foi ultrapassado, mais tarde, por Sebastian Vettel, não superando a promessa da terra alemã. Foi notável a corrida de Vettel, feliz com sua contratação-promoção. No entanto, fica o registro negativo de sua manobra na saída dos boxes, quando empurrou Alonso - e Galvão queria por toda lei uma punição ao espanhol. Vai entender...
No meio de tudo isso, dois pilotos, lá atrás, davam a impressão de que nada fariam, mas a estratégia de ambos era diferenciada: apenas uma parada, contra duas de praticamente todos do grid. Eram eles Nick Heidfeld e Nelson Ângelo Piquet...
Enquanto Mark Webber se arrebentava na 9ª colocação, Timo Glock vinha em 10º. Começam as paradas nos boxes, e Lewis abre o pit-lane, seguido por Alonso e Trulli, na volta seguinte, depois Massa, na 20ª, e Kubica, Kovalainen, Raikkonen e Vettel, uma depois.
À essa altura, Hamilton e Massa mantinham-se como líderes, mas Glock e Heidfeld ocupavam o 3º e 5º postos, respectivamente, de modo surpreendente. Heidfeld só pararia na 27ª volta, e Glock duas depois. Nelson Piquet, que andava apenas na 16ª colocação, faz sua primeira e única parada na volta 34. Foi à essa altura que tudo foi decidido...
Na 36ª volta, Glock bate e o Safety-Car entra na pista. Massa, Kubica, Trulli, Vettel, Alonso, Webber, Coulthard, Bourdais e Raikkonen param. Nelsinho surge, então, na 3ª colocação na volta 40. Raikkonen, que parou junto com Massa, tem de aguardar o brasileiro fazer sua troca/reabastecimento, e retorna na 10ª posição.
Kimi recupera três posições (Alonso, Vettel e Trulli) em poucas voltas, e por fim ainda superaria Robert Kubica, encerrando na 6ª posição e marcando o terceiro melhor tempo do dia. Piquet chega a liderar a prova por algumas voltas, assim como Heidfeld. O brasileiro consegue uma ótima 2ª colocação, e o alemão termina em 4º com a volta mais rápida.
Massa foi terceiro, não tendo conseguido superar Nelsinho, e sendo ultrapassado por Hamilton. Kovalainen foi o 5º, logo à frente de Raikkonen, que foi sucedido por Kubica em 7º e Vettel em 8º, finalizando os pilotos que pontuaram nesse domingo.
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E esse ano os pilotos brasileiros estão quebrando jejuns: depois de Massa vencer o GP da França, o que conferiu a primeira liderança de um brasileiro desde Senna, em 1993, e foi a primeira vitória brasileira em solo francês desde Piquet, em 1985, agora Nelsinho e Massa completam um pódio com duas bandeiras do Brasil juntas pela primeira vez desde Senna&Piquet, em 1991.
Foi no GP da Bélgica daquele ano, vencido por Ayrton e com Nelson em 3º, a última vez que dois brasileiros chegaram entre os três primeiros. Nelsinho, aliás, foi o segundo piloto brasileiro mais jovem a subir no pódio, só perdendo para Barrichello, que foi terceiro colocado no GP do Pacifico de 1994, o mais jovem, e Emerson Fittipaldi, vencedor no GP dos EUA, em 1970. Piquet, 23, é um ano mais velho que Emerson e Rubens eram à época de seus pódios.
Em termos de número de corridas, Piquet filho - que chegou ao pódio em seu décimo GP - é o que obtém a quarta melhor marca entre os brasileiros, sendo superado apenas por Emerson Fittipaldi (4ª corrida), Ayrton Senna (5ª) e Roberto Moreno (9ª). A sorte pesou a seu favor nessa marca, sem dúvidas, mas não há como negar o talento de Nelsinho, que agora parece ter se encontrado, e (anotem) será o principal piloto brasileiro dentro de alguns anos.
Para quem, como este que vos fala, admira demais os feitos do pai dele - e, sendo fã de Ayrton, não se atém aos tolos "ismos" de Sennistas X Piquetistas, - é muito bacana vê-lo no pódio, sim.
Valeu, guri!

Senna, 1º, e Piquet, 3º, em SPA-91. Saudades.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

GP da Alemanha - Treinos Livres

Sexta-feira é dia de treinos livres, e em Hockenheim não é diferente.
Lewis Hamilton foi o nome do dia, liderando as duas sessões. Com chuva pela manhã e pista seca a tarde, a maioria dos pilotos conseguiu sua melhor volta no treino vespertino, que reflete diretamente o que se pode esperar para a classificação de amanhã.
No segundo treino, Hamilton liderou com 0,6s de vantagem para Massa, o segundo. Raikkonen foi terceiro, logo atras do companheiro de equipe. Kovalainen posicionou a outra McLaren em quarto. A surpresa ficou por conta de Mark Webber, em quinto seguido por Fernando Alonso, que continua andando mais que o carro. Kubica, quarto lugar no campeonato, foi apenas oitavo.
Barrichello posicionou em 14º, seguido por Piquet, 15º.
A expectativa é de um treino classificatório bastante movimentado neste sábado, com leve favoritismo para a McLaren.
Confira na sequência os tempos do treino da tarde.





Por que Schumacher parou... - parte 3

No dia 10 de setembro de 2006, Michael Schumacher anunciou que se aposentaria no fim da temporada. Muito já se especulou sobre quais os verdadeiros motivos de sua retirada das corridas. Recentemente, o ex-piloto alemão reforçou que decidiu parar para não prejudicar a carreira de Felipe Massa. No entanto, temos como certo (e Schumacher também) que o principal motivo foi a chegada do “jovem piloto” que deveria superá-lo.

Mas será que este piloto chegou apenas em 2006? O que poucos lembram é que Fernando Alonso já pintava como o homem a bater Schumacher três anos antes, quando se tornou o pole position mais jovem da história em Sepang, na Malásia. Ainda em 2003, Fernando tornou-se o homem mais jovem a vencer um Grande Prêmio, na Hungria, com direito a dar volta em ninguém menos que Michael Schumacher (8º nesta corrida).



Em 2004, apesar de não obter resultados expressivos, sua performance já era elogiada por muitos. Entre eles, Eddie Irvine, ex-companheiro de equipe de Michael Schumacher na Ferrari, que via em Fernando Alonso o único piloto capaz de bater o piloto alemão.

Em 2005, mudanças no regulamento impediram a troca de pneus durante as corridas. Desta vez a FIA atingiu Schumacher no seu calcanhar de Aquiles e o alemão não chegou a disputar a liderança do campeonato. Alonso dominou a primeira metade do campeonato com 4 vitórias em 7 corridas, e administrou a vantagem sobre Kimi Raikkonen na segunda metade, garantindo 9 pódios nas 10 últimas corridas, sagrando-se o campeão mais jovem da história (superando Emerson Fittipaldi) com duas corridas de antecipação.

No ano seguinte as trocas de pneus foram permitidas, e Schumacher acreditou ser possível conquistar seu oitavo título, mesmo contra um osso duro de roer. A verdade todos sabemos. A Renault dominou a primeira metade da temporada (6 vitórias de Alonso, 1 de Fisichella), enquanto que a Ferrari dominou a segunda metade (5 vitórias de Schumacher e 2 de Massa), e Alonso levantou o título no GP do Brasil.

Mas quando foi que Schumacher percebeu que o momento de se aposentar havia chegado? Provavelmente, logo na primeira corrida da temporada, o GP do Bahrein. Largando em quarto, Fernando superou o pole position Schumacher com o mesmo método que proporcionou ao piloto alemão seus incríveis recordes: voltas voadoras antes do pit stop. Sem um fiel escudeiro com braço suficiente para segurar Alonso, o piloto alemão teve de se contentar com o segundo lugar e com a frustração de ser superado naquilo que melhor sabe fazer.

GP da Alemanha - Curtas...

- Ross Brawn confirmou que a Honda manterá Rubens Barrichello e Jenson Button, para 2009; Assim, Rubens Barrichello chegará à incrível marca de 290 GPs, ao fim ano que vem, podendo chegar à 300ª corrida em 2010;

- Com esse anúncio, mais uma das possibilidades de Alonso se fecha: Red Bull e Honda já tem sua dupla, sobrando para o espanhol a própria Renault, Ferrari e BMW; Alonso deve seguir na Renault: A BMW não aceitaria um contrato de apenas um ano e a Ferrari, deve manter a dupla para ano que vem. Em 2010...

- Raikkonen entra na pista podendo igualar o recorde de voltas mais rápidas consecutivas: até agora, tem 6; Ascari marcou 7 entre 52 e 53; O finlandês bateu a marca de Schumacher (5, em 2004);

- Felipe Massa, se vencer, iguala o número de vitórias de Barrichello: tem 8, ante 9 de Rubens; E se fizer a pole, também: Massa possui 12 poles contra 13 do compatriota.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Vettel na Red Bull

Foi confirmada nessa manhã a contratação do piloto Sebastian Vettel, atualmente na Toro Rosso, pela equipe Red-Bull Racing. O piloto fará sua segunda temporada completa pela matriz de sua equipe atual.
O alemão de apenas 21 anos - insistentemente comparado, em sua terra natal, com o outro piloto mais famoso da terra germânica - é o mais jovem pontuador da história da Fórmula 1: cometeu tal proeza ao chegar na 8ª posição do Grande Prêmio dos EUA do ano passado, pela BMW - quando substituiu Kubica.
Seu desempenho foi suficiente para ser contratado pela Toro Rosso, e terminar o ano na equipe (não lembra alguém?). Além disso, Vettel já conquistou feitos importantes, como um 4º lugar na China, em 2007 - quando largou da 17ª posição - e a 5ª posição em Mônaco, esse ano.
A mudança da segunda pior equipe do campeonato (Toro Rosso) para aquela que, atualmente, é a 4ª força do grid (Red Bull) - só sendo superada por Ferrari, BMW e McLaren - demonstra que Vettel, no mínimo, inspira confiança. Eu creio que o alemão é talvez o mais talentoso piloto dessa nova geração (aqueles que estrearam de 2005 p'ra cá...), e aposto que vai ser campeão, um dia.
Vettel chegou a marcar o melhor tempo nos treinos livres da Turquia, em 2006, superando ninguém menos que Fernando Alonso e Michael Schumacher. Foi quando perceberam o talento do jovem rapaz.
Fica, portanto, aberta mais uma vaga na Fórmula 1. O chefe da Toro Rosso é Gerhard Berger. Bruno Senna vem se destacando na GP2 e é apontado por muitos como talvez o principal candidato à vaga. Outros, apontam que o brasileiro deve ficar um ano como test-driver, talvez da BMW. Outros postulantes à vaga da STR são Vitantonio Liuzzi - que correu lá em 2007 - e Takuma Sato - que carrega montanhas de dinheiro do Japão.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Por que Schumacher parou... - parte 2

O Cassino "F1 Critics" lança a pergunta, uma vez entoada na lendária música de Silvio Santos: "por que parou, parou por quê?"... Michael Schumacher, o polêmico, parou por quê, afinal? Ontem ele disse que foi por dó de Felipe Massa.
Mas, há quase um ano - no dia 6 de setembro de 2007 - Michael declarou que a razão era outra: o mais jovem bicampeão de todos os tempos. Clicando no link, os amigos poderão ler um tópico aberto em torno da entrevista do alemão, dada à revista espanhola "Gentleman", onde ele declara que "eu sempre disse que quando chegasse alguém mais rápido..."
Uma outra entrevista do alemão, dada em 17 de dezembro de 2006 à revista alemã SZ-MAGAZIN, conta o seguinte: "nos treinos eu fui me dando conta cada vez mais de que estava na contagem regressiva da minha trajetória. As corridas ainda me davam prazer, mas tive que me forçar a trabalhar de forma concentrada nos treinos. Já não tinha mais a força mental que antes me impulsionava para os desempenhos máximos".
Temos, portanto, 3 versões diferentes - embora as de 2006 e de 2007 casem perfeitamente - de uma mesma testemunha para um mesmo fato. Então, as apostas do nosso Cassino:
a) Schumacher mentiu, em setembro de 2007;
b) Schumacher mentiu, em julho de 2008;
c) Schumacher mentiu, em dezembro de 2006;
d) Schumacher é um bastardo;
e) todas as anteriores.
Não me custa lembrar, também, que Schumacher criticou bastante Felipe Massa no GP da Austrália, dizendo que o piloto brasileiro foi o culpado pela batida com Coulthard; E no GP da Turquia, um diretor da Ferrari criticou Felipe por não ter segurado Hamilton o suficiente para que Kimi assegurasse a segunda posição (o finlandês foi o 3º).
Será que a velha Ferrari que impediu o título de Eddie Irvine e que aniquilou a carreira de Barrichello está de volta?
A conferir.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Por que Schumacher parou...

Engraçado, no último post, Schumacher foi declarado o maior bastardo de todos os tempos, mas hoje percebemos que ele não foi nada disso. Queremos pedir desculpas públicas por termos criticado tanto esse Senhor. Na verdade, Schumacher beira os ideais de Mahatma Gandhi e Martin Luther King, com uma pitada de Francisco de Assis.

Chegamos a essa descoberta depois da declaração que o alemão deu a um jornal suíço.

Felipe Massa: "Obrigado pela oportunidade, Führer"

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Bastardos!

Amigos, hoje saiu mais uma matéria minha no GP Total. Graças à amizade e respeito dele, Eduardo Correa, eu tenho conseguido algum espaço nesse que considero o melhor site brasileiro sobre a(s) história(s) da Fórmula 1.
E, na verdade, essa minha coluna não foi planejada: ela surgiu depois que o Eduardo escreveu uma matéria intitulada "Bastardos", falando sobre pilotos de ontem e de hoje que podiam ser tudo, menos "gente boa".
Na F-1, isso não existe, infelizmente. Em seguida, eu fiz algumas considerações sobre a matéria dele - vocês podem lê-la clicando no link que aparece logo no início do meu texto - e ele gostou, e publicou!
Portanto, leiam a matéria "Mais Bastardos". Eu tratei de falar sobre os pilotos atuais que se inspiraram nos grandes desgraçados do passado. Atentem para o video de Juan Manuel Fangio, e entendam por que razão ELE FOI O MAIOR PILOTO.
Para quem, por um acaso, se interessar por quem é/foi Nino Farina, leiam a coluna "Dottore Farina". O piloto foi o primeiro campeão da história da Fórmula 1. Pai adotivo de Michael Schumacher, e tio-querido de Alain Prost.
Os 3 maiores bastardos de todos os tempos. No video a seguir, o maior deles.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Encerrada a Polêmica...

Hoje, após muita polêmica e "disse que disse", Kimi Räikkonen afirmou que vai correr pela Ferrari no ano que vem. Muitos davam como certa sua aposentadoria, mas o finlandês afirma que seguirá no cockpit vermelho por mais um ano. Segundo ele, "nunca quebrei um contrato em toda minha vida".
Os rumores, com isso, ganham força. Como havíamos colocado aqui, no último post, na corrida de Monte Carlo era consenso que Fernando Alonso havia assinado com a Ferrari para 2010. kimi vai até 2009. Logo...
O que havia pintado como "diferença", era a notícia do Banco Santander, e seu milonário acordo com a Ferrari. Noticiou-se que isso poderia acontecer para o ano que vem, e, sendo assim, Massa ou Kimi teriam de sair do time de Maranello.
Mas, hoje, o jornal "El País" confirmou que o acordo Santander-Ferrari é válido para... 2010. Tudo se encaixa, portanto. O acordo irá tardar por dois motivos: a disponibilidade de Kimi, e o contrato do banco com a McLaren, iniciado em 2007, quando da ida de Fernando para o time inglês...
É, meus amigos, teremos mais um ano de grande competitividade na Fórmula 1: o de 2009.
Não custa lembrar alguns fatos:
- Schumacher foi campeão em 1994, aos 25 anos, e 1995, aos 26;
- Alonso foi campeão em 2005, aos 24 anos, e 2006, aos 25;
- Schumacher foi campeão pela Ferrari pela primeira vez 5 anos depois, em 2000, aos 31;
- Alonso será contratado pela Ferrari em 2010, 4 anos depois do 2º título, aos 29...

terça-feira, 8 de julho de 2008

Alonso na Ferrari ?

Quem quiser, que leia, no site do jornal "Corriere dello Sport" , da Italia: Segundo consta, Fernando Alonso já tem um contrato assinado com a equipe de Maranello para 2010. Mas tudo pode mudar: pode ser que ano que vem ele já esteja lá.
Segundo o Diário, ainda, a possibilidade de Fernando assumir uma das cadeiras da Ferrari é no lugar de... Massa. "Il futuro di Felipe Massa alla Ferrari è sempre più in bilico"...
Não é a primeira vez que esse tipo de boato surge: No GP de Môanco, isso já era dado como certo. E quem lançou essa notícia foi o site inglês GrandPrix. Foram os ingleses que deram o "furo".
Será que acontece? No entanto, os fãs de Massa não precisam ficar tão desesperados: o contrato de Felipe vai até 2010, enquanto que o de Kimi, até o ano que vem. Mesmo sabendo que contratos não são irrevogáveis, percebemos que Kimi quer mesmo "cair fora do circo", o que abriria espaço para uma dupla latina.

Outro fato que reforça a possibilidade de vermos o espanhol na equipe italiana: o Banco Santander encerra seu contrato com a McLaren em 2009 e já tem um pré-contrato com a Scuderia...
Gostaria de saber, independentemente de ser verdade ou não, o que os amigos acham que Fernando Alonso faria numa Ferrari?...

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Repercussão

A corrida de ontem trouxe vários comentários: elogios para Barrichello e críticas a Felipe, foi essa a tônica dos jornais ingleses, espanhóis e italianos.
Creio que, depois de ontem, Massa está sofrendo críticas ainda mais duras do que as feitas após o Grande Prêmio da Malásia e o zero ponto no campeonato. E Rubens Barrichello recebe os mais rasgados parabéns de todos os lugares do mundo, confirmando, mais uma vez, que brasileiro torce, não analisa.

Confiram e comentem. Abaixo, uma bem-humorada charge...

domingo, 6 de julho de 2008

Quem passa?

Eduardo Corrêa (comentarista da CBN, autor de "Fórmula 1: Pela Glória e Pela Pátria" e dono do GP Total) é um dos melhores jornalista de F1 atualmente. Sua coluna de hoje está ÓTIMA.

Leiam lá, comentem aqui.

GP da Inglaterra

Eu sempre aposto no Räikkonen. É o piloto mais rápido, atualmente, e dirige uma Ferrari com o número 1 na frente. Foi ótimo na corrida, ganhando uma posição na largada, e depois passando Kovalainen. Vinha seguidamente melhorando seus tempos e diminuindo vantagem para Lewis. Tinha 1,6 segundos de desvantagem para Hamilton quando foi fazer a sua parada. Mas aí, a estratégia de não trocar os pneus - diga-se de passagem, naquele momento exato, era o melhor a se fazer - acabou o traindo quando uma forte pancada de chuva aconteceu, já na volta de retorno.

Com isso, Hamilton sobrou. Foi soberano. Uma atuação de gala, em que pese uma breve rodada, no início da prova. Sua distância final foi de 68 segundos para o segundo colocado. A partir do 4º, deu uma volta. Lembra algumas corridas de antigamente... O inglês, que está sofrendo com o peso de liderar a McLaren e que está deixando a vaidade subir à cabeça (prometeu, por exemplo, fazer 15 pódios seguidos, antes de bater na traseira de Raikkonen, no Canadá, e de tirar em 11º na França), se recuperou, e agora lidera o mundial: tríplice empate nos pontos, mas Lewis vence no desempate.

Outro que andou MUITO bem foi Nick Heidfeld: começou melhor já no sábado, conseguindo pela primeira vez no ano largar à frente de Kubica; na corrida, um ótimo segundo lugar, com boas ultrapassagens, e sem cometer nenhum erro bisonho. Resultado é esse ótimo pódio e o consolo de ter terminado na mesma volta de Hamilton. O anteriormente citado Räikkonen foi o quarto colocado, numa brava recuperação - voltou em 11º após a segunda parada nos boxes - e registrou sua 6ª volta mais rápida CONSECUTIVA na temporada: agora, o finlandês supera Mansell e é o terceiro do ranking do quesito.

Kovalainen, ao fim e ao cabo, foi quem mais perdeu, pois tinha largado na pole. No final, conseguiu recuperar a quinta posição de Alonso, dando "o troco" do que o espanhol lhe tinha aprontado na Austrália, quando Fernando passou Heikki na útima volta, chegando em 4º lugar. E Alonso foi muito bem hoje. chegou a estar em terceiro um bom tempo, e a tendência era que ali terminasse, quando a Renault, tal qual a Ferrari, optou por não trocar os seus pneus. E, da mesma forma, Alonso perdeu várias posições, inclusive para Nelsinho, que havia colocado pneus novos - ahn? como é que é? alguém viu isso?...

Mas Nelsinho, apesar disso, foi muito bem: andou em 4º um bom tempo, e acabou sendo traído pela inexperiência quando caiu aquele pé d'água inesperado. O mesmo aconteceu com Kubica, que tinha tudo para sair de Silverstone com 50 pontos e a liderança, mas escapou e ficou. Por outro lado, Trulli, 7º, e Nakajima, 8º, foram uns que lutaram bravamente contra suas dificuldades e completaram a zona de pontuação. Webber, surpreendente segundo lugar, adotando a mesma estratégia da Ferrari e de Alonso ao manter-se com os mesmos pneus, teve a corrida estragada, e finalizou em 10º. Rosberg, em 9º, Bourdais (11º) e Timo Glock finzalizaram a lista dos pilotos que completaram a corrida apenas uma volta atrás de Hamilton.

Mas o destaque do dia, sem sombra de dúvida, foi a atuação de Rubens Barrichello. Impressionante. Correndo com pouco mais que um tico-tico, partiu em 17º e chegou em terceiro. Com isso, vemos duas coisas: Barrichello é MUITO bom na chuva (ao lado de Hamilton e Alonso), talvez o melhor da atualidade, e agora chega a 530 pontos na carreira e ao 62º pódio. Fica a apenas 3 pontos atrás de Coulthard - conforme vimos no último post -, podendo sem nenhuma dúvida passá-lo. E, com o pódio, iguala-se ao escocês, sendo o 4º piloto da história que mais chegou entre os 3 primeiros.
E outra lição que aprendemos hoje: Ross Brawn manja MUITO de estratégia. A equipe de Maranello deve lamentar demais a saída dele. Lembram dele com Schumacher, na Ferrari e na Benetton?... Não pode ser mera coincidência: assim como Schumacher terminou 1996 no 3º lugar 40 pontos atrás de Damon Hill, e com a chegada de Brawn, em 1997, foi vice-campeão apenas 3 atrás de Villeneuve, Rubens que passou 2007 sem pontos, agora já tem 11 e mais uma desclassificação na Austrália, que lhe conferiria 14 pontos.

Creio que os críticos do piloto devem urgentemene rever seus conceitos. Tirar em 3º com uma Honda é infinitamente mais difícil do que ganhar com uma Ferrari.
Abaixo, o resultado final:

sexta-feira, 4 de julho de 2008

David Coulthard, out!

O escocês David Coulthard anunciou nessa quinta-feira que se aposentará no final do ano. O piloto, atualmente na 12ªa posição do mundial de pilotos, afirma que gostaria de parar enquanto ainda estivesse competitivo. Nesse ano, Coulthard conseguiu um importante pódio, no GP do Canadá, o melhor resultado da equipe Red-Bull nesse 2008 que tem visto a equipe numa sólida 4ªa colocação no mundial, atrás apenas de Ferrari, McLaren e BMW.

Coulthard iniciou sua carreira "por acaso", ao substituir ninguém menos que Ayrton Senna, na Williams, após o acidente fatal do piloto brasileiro. Desde aquele GP da Espanha de 1994, a 4ª etapa do mundial, foram 237 corridas até o GP da França. Nessas mais de duas centenas de GPs, David conseguiu ótimos resultados: venceu 13 corridas, marcou 12 pole-positions, 18 voltas mais rápidas, além de ter até hoje 533 pontos no mundial - 4º maior pontuador - e a bela marca de 62 pódios. Nesses dois últimos "quesitos", o escocês só fica atrás de Schumacher, Prost e Senna.
Além desses importantes números, o melhor resultado de Coulthard foi um vice-campeonato, em 2001, quando lutou o quanto pôde contra a soberania de Schumacher e da Ferrari. O escocês, inclusive, chegou a dividir a lidernaça do mundial com o alemão: no 4º GP, ambos tinham 26 pontos. Foi nesse "período" que David realizou talvez sua melhor corrida na Fórmula 1: num temporal em Interlagos, ele venceu numa corrida batendo Schumacher de forma clara.
Mas Coulthard, assim como Barrichello - na Ferrari -, apesar de ter tido disponível equipamentos de ponta, sempre sofreu na sombra de companheiros de equipe: na sua estréia, nada fez além de defender Damon Hill, e assim prosseguiu-se m 1995. No ano seguinte, foi para a McLaren, e agora foi segundo piloto de Mika Häkkinen.
No entanto, algo cômico aconteceu: na temporada de 1997, o piloto vence logo na estréia, e repete mais um trunfo no mesmo ano, enquanto que Mika seguia sem vencer. Na última etapa do ano, num jogo de equipe junto da Williams, Vileneuve abre passagem para Coulthard que por sua vez tem de deixar Mika vencer. Mas a tabela mostrou: Coulthard, 3º colocado, 36 pontos; Häkkinen, 5º, 31. A partir de 1998, Coulthard foi suprimido por Ron Dennis.

Em 2001, como já falamos, o escocês terminou novamente à frente de Mika, mas por conta da desmotivação do finlandês, que se aposentou naquele ano, abdicando, inclusive, de disputar o último GP. Em 2002, com a chegada de Kimi Räikkonen, mais uma vez Coulthard terminou o mundial à frente do companheiro, mas a temporada de 2003 mostrou que Kimi logo logo seria campeão mundial. Coulthard venceu a prova de abertura, mas Kimi terminou com 40 pontos a mais. Foi sua última vitória.

Em 2004 ele seguiu na McLaren, mas sem nenhum brilho, embora o carro fosse realmente ruim. Kimi venceu uma corrida, na Bélgica. Em 2005, o escocês se muda para a Red Bull, e consegue um ótimo pódio em Mônaco, 2006. Como já mencionado, no Canadá, esse ano, voltou a freqüentar o lugar de destaque. E é ali que ele gostaria de terminar esse ano.

O escocês, na Red-Bull, desempenhará um papel semelhante ao de Schumacher na Ferrari: será consultor da equipe, e eventualmente fará testes nos carros. Como Schumacher e Vileneuve foram embora em 2006, a despedida de Coulthard deixa apenas dois pilotos "das antigas" na ativa: Rubens Barrichello (que estreou em 1993) e Giancarlo Fisichela (1996).

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Alonso e Hamilton = Piquet e Mansell

Vou publicar aqui um texto que escrevi ano passado, e foi ao ar no GP Total. O artigo foi intitulado "Piquet X Mansell, Alonso X Hamilton". As semlehanças eram muito grandes, e inclusive Reginaldo Leme citou-a numa coluna de agosto. Podem ler aqui.

O final acabou sendo idêntico: na temporada de 1986, a primeira do Nelsão na Williams, o mundial terminou:
1) Prost - 72 pontos, 4 vitórias;
2) Mansell - 70 pontos, 5 vitórias;
3) Piquet - 69 pontos, 4 vitórias.

Já em 2007, a exemplo de 1986, a equipe que somou mais pontos no certame acabou sem o título de pilotos. Se lá a McLaren levou a melhor com a briga da Williams, ano passado a beneficiada foi a Ferrari:

1) Räikkonen, 110 pontos, 6 vitórias;
2) Hamilton, 109 pontos, 4 vitórias;
3) Alonso, 109 pontos, 4 vitórias.

Recentemente, a comparação entre os dois episódios foi endossada por ninguém menos que o próprio Piquet. Ele falou que "quando cheguei na Williams, eu tinha um contrato com o Frank para que eu fosse o 1º piloto; Mas aí ele sofreu um acidente, e Patrick Head assumiu o comando, e simplesmente esqueceram desse acordo. Foi o mesmo que aconteceu com o Alonso: o Ron Dennis disse uma coisa antes, e fez outra depois".

Sem mais delongas, segue o texto. Vale dizer que acertei dois palpites aí: a primeira é que, de fato, Nelsinho Piquet estreou na Renault; E a segunda é a de que Hamilton acabou ficando atrás de Jacques Villeneuve... Para lembrar:

Primeira temporada de Jacques: vice-campeão mundial, vencedor de 4 corridas;
A primeira de Hamilton: vice-campeão mundial, 4 vitórias;

A segunda de Jacques: CAMPEÃO, 7 vitórias;
Segunda de Hamilton: faltam 10 corridas... mas ele teria de vencer 5 delas e terminar em primeiro, caso queira, pelo menos, igualá-lo. E os erros que cometeu ano passado e esse ano, todos posteriores a essa coluna, reforçam ainda mais a idéia de que Hamilton teve muito mais apoio da equipe.

QUE FIQUE REGISTRADO QUE CONSIDERAMOS HAMILTON MUITO MELHOR QUE VILLENEUVE, E UM DOS 3 MELHORES PILOTOS ATUAIS.

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Piquet vs. Mansell, Alonso vs. Hamilton

por Marcel Pilatti, em 20.07.2007

A situação de Fernando Alonso e Lewis Hamilton hoje em dia é muito mais parecida com a de Nelson Piquet e Nigel Mansell naqueles anos 80 do que com a de Prost e Senna em 1988: nem Prost nem Senna eram da nacionalidade da equipe e, embora só Prost fosse campeão, Senna já era (re)conhecido como o piloto mais rápido da Fórmula 1 na época. Além disso, a "briga" era de cunho estrita e unicamente pessoal.

Pois agora vou me estender um pouco mais para tornar mais verossímil essa comparação entre os casos de 86-87 e o desse ano. Em primeiro lugar, vamos fazer um curto flash-back da história dos pilotos ingleses na Fórmula 1: O primeiro inglês campeão foi Mike Hawthorn, em 1958, dirigindo uma Ferrari. Quatro anos depois, tivemos o primeiro dos dois títulos (o segundo seria em 68) de Graham Hill, um de BRM e outro de Lotus; Entre o bi de Hill, tivemos John Surtees, sendo campeão em 1964 também de Ferrari. James Hunt ganharia mais um título para a terra da rainha em 1976, com McLaren; 16 anos depois, Mansell conquistaria seu primeiro e único título pela Williams; E por último, em 96, Damon Hill, filho do bicampeão, levantaria um caneco também pelo time de Frank Williams. No entanto, com a exceção de Nigel Mansell, nenhum deles jamais foi ídolo. Portanto, desde o fim da era Mansell (um título e três vice-campeonatos entre 86 e 92, além de várias vitórias espetaculares e trapalhadas igualmente inigualáveis – com o perdão do trocadilho) os ingleses procuram alguém por quem torcer, com quem se entusiasmar, com quem esgotar os ingressos de Silverstone quase um mês antes do GP...

Após esse breve retrospecto, vamos agora às comparações específicas: lembremos de como era a situação na equipe Williams em 1986 para melhor ilustrarmos esse contraponto com a McLaren de hoje em dia. Os dois títulos conquistados por Nelson na Fórmula 1 foram na equipe Brabham, em 1981 e 83. Era considerado, naquela primeira metade dos anos 80, o melhor piloto de F1 em atividade. Nigel Mansell estreou na F1 na metade de 81, pela Lotus, e lá ficou até 1984, sem obter nenhuma vitória, enquanto Piquet já vencera 11 GPs. Em 85, Mansell venceu pela primeira vez, já como piloto da Williams. Ganhou duas corridas, assim como Piquet, mas terminou o campeonato em 6º lugar, duas posições a frente do brasileiro. No entanto, a equipe Williams sabia de todo o potencial de Piquet, naquele ano ofuscado pela decadente Brabham, e por isso o contratou sabendo que tinha nas mãos um campeão em potencial.

Iniciada a temporada, vislumbrou-se que, embora os carros da Williams-Honda-Turbo fossem os melhores, poderiam ser prejudicados por dois pilotos/equipes: A McLaren, com Prost, e a Lotus, com Senna. Mas ao longo do campeonato, o motor Renault da Lotus se mostrou inferior e Senna foi ficando de fora da disputa pelo título, e a McLaren também ficou "comendo por fora". À medida que a Williams ia se mostrando a equipe mais competitiva, as tensões e os ânimos entre os dois pilotos começaram a se acirrar. Como vimos em recente resposta do Edu ao leitor Adriano Oliveira, Piquet reivindicava para si um contrato verbal com Frank Williams que lho permitiria ser o primeiro piloto da equipe e ter para si regalias (nada como Schumacher ante Rubens, mas privilégios). Mas na prática isso não aconteceu: houve disputa livre. E o que se sucedeu naquele ano foi que um título já quase garantido para os pilotos da Williams, foi parar nas mãos de Prost, muito embora o Mundial de Construtores tenha ficado com o time de Frank. E a diferença entre Prost (72), Mansell (70) e Piquet (69) foi de mínimos três pontos. Mansell ganhou 5 corridas contra 4 de Piquet.



Então, na temporada de 1987, Piquet entrou decidido a não desperdiçar suas chances de conquistar o tricampeonato. Declarou guerra: ele contra todos. Correria sozinho. Não haveria time. Logicamente que ele teria mecânicos, engenheiros etc, mas seria meramente profissional. A "camaradagem" ficou p'ro lado de Mansell. E o inglês venceu nada menos que seis corridas no ano, o dobro do brasileiro. Mas a constância de Nelson, aliada à inconstância de Nigel, lhe proporcionou o título. Só que mesmo tendo vencido o campeonato, era impossível para Piquet continuar na Williams. Inclusive, o brasileiro teve fortes atritos com Patrick Head, o diretor-técnico, que se estendem até hoje – muitos consideram esse como um dos motivos para que Nelsinho Piquet tenha como única porta na F1 a Renault de Briatore.

Viajando 20 anos no tempo, nos deparamos com uma situação parecidíssima. Quais foram as principais críticas de Fernando Alonso? Que a McLaren estaria de certa forma protegendo Lewis pelo fato de ele ser inglês assim como eles. E o que Piquet dizia em 86/87? O mesmo. Vejamos, pois, que a Williams era inglesa e a McLaren também é. Nigel Mansell era inglês. Lewis Hamilton também é. Nelson Piquet é de origem latina. Fernando Alonso também é. Não há nenhuma coincidência? E mais: Piquet foi um bicampeão mundial contratado a peso de ouro. Alonso também é. Mansell já tinha certa experiência, mas só foi vencer pela primeira vez após ser contratado, um ano antes da vinda de Piquet, pela Williams. Hamilton é estreante, mas é "cria da McLaren", cuidado por Dennis há 13 anos... O meu objetivo aqui não é o de afirmar que a McLaren esteja favorecendo Hamilton em detrimento de Alonso. Não: até aqui, o que se viu foi uma disputa liberada entre os dois, onde isso foi possível de acontecer, a saber: um pouco em Mônaco, nas duas primeiras curvas do Canadá e no GP dos EUA – só nessas corridas, e nos treinos, é que Alonso e Hamilton "duelaram" de verdade.

O que estou tentando demonstrar é como a imprensa inglesa conseguiu criar algo inexistente, tudo para satisfazer seu ego de "um dos berços do automobilismo". Toda essa palhaçada (que me perdoem os palhaços, profissionais de primeira linha) começou no GP de Mônaco, após uma declaração afoita de Lewis Hamilton, questionando a "mudança de estratégia de equipe". Foi o que bastou para tudo cair por terra. A BBC tomou para si o fardo do piloto preterido, do "antipatriotismo" da McLaren, e começou a especular, espalhar boatos, dar "furos" de reportagem direto da FIA (sendo que a própria FIA os desconhecia). Pressionaram tanto, que a entidade máxima do automobilismo resolveu "passar a limpo" a situação ocorrida na pista. Resultado: nada de irregular constatou. Mas o estrago já estava feito: com todas as notas de imprensa, a imagem de Alonso passou a ser pichada e questionada: ele deixou de ser o líder do campeonato, mesmo liderando; não era mais ele o mais jovem piloto a vencer e fazer pole na Fórmula 1, mesmo continuando no topo dessas estatísticas; Passou a não mais ser o principal responsável pela evolução de um carro que ano passado não ganhou nada.

Os ingleses, além de tendenciosos, carregam o estigma de um jornalismo no pior estilo "The Sun", os tablóides, que chegam a ser mais ridículos do que qualquer "Caras" da vida. E esses jornais são famosos justamente por fomentarem polêmicas, especulações, etc. Ron Dennis, irritado com tudo isso, disse: "(Alonso e Hamilton) São dois jovens que jogam Playstation juntos. São apenas competidores. A Imprensa distorce cada palavra do que é dito por eles". Só que agora não tem mais volta. Agora nem Mahatma Gandhi e Martin Luther King juntos trariam paz à McLaren outra vez. Nada que venha a ser dito pelos dois daqui p'ra frente, ou pelos dirigentes, será visto com outros olhos que não os da desconfiança; tudo será motivo para manchete, especulação, verdadeira "lenha na fogueira". A tudo isso a imprensa inglesa batizou de "Civil War" (Guerra Civil). Acontece, porém, que depois da estratégia do "ah, eu também quero" visto em Mônaco – que surtiu grande efeito, sim, uma vez que Alonso chegou a declarar não estar se sentindo confortável na equipe –, os ingleses (com uma grande aliada no Brasil) partem para a provocação inversa: agora não mais reclamam de privilégios ao espanhol, e sim enaltecem, cega e incessantemente, seu conterrâneo.

Alonso passou a ser "o cara que está num inferno astral", aquele que "sentiu a pressão", o que "está errando sucessivamente", que "não consegue acompanhar". Aquele que desbancou Schumacher passa a ser considerado alguém que só ganhou o título porque "teve o melhor equipamento aliado a falhas nos carros dos rivais". Hamilton tornou-se a prova de que ele "não é grande coisa". E o epíteto de "fenômeno", ou "novo gênio", etc, é a nova moda, a nova lei. E Lewis Hamilton é o dono dele: ele é um fenômeno, ele é o novo gênio da fórmula 1. É difícil dizer isso sem ser tachado de viúva, xenófobo ou mesmo racista (sim!), mas ele não é nenhum fenômeno, nenhum gênio. Pode vir a ser um dia, mas não o é. Hamilton tem muito pó p'ra cair na viseira, pista molhada p'ra aquaplanar, ultrapassagens arrojadas p'ra realizar, provas de recuperação p'ra emocionar. E daquela que seria a maior prova que ele poderia nos dar, Hamilton já foi dispensado: o de pilotar carros de segunda linha. Ele tem feito jus ao equipamento que tem. O que não é demérito, mas não pode se tornar um feito histórico.
Alguém se lembra de Jacques Villeneuve? Aquele piloto, filho de Gilles, que só arrumava encrenca? Aquele que ficou nos últimos anos andando lá atrás, só atrapalhando os outros? Aquele canadense de cabelo arrepiado que foi virar cantor? Pois esse mesmo rapaz estreou na Fórmula 1 em 1996. Na sua primeira corrida, foi pole, e só não venceu porque vazou óleo. Tirou em segundo. Duas corridas depois, venceu. Fez mais duas poles e ganhou mais três corridas. Vice-campeão mundial. No ano seguinte, ganhou 7 GPs, e foi campeão. Aí o outro diz: "Mas lógico, ele corria de Williams!". E Lewis Hamilton corre com a McLaren! Jacques, em seus primeiros dois anos, teve um total de 11 vitórias em 33 GPs, um título e um vice. Depois a Williams perdeu o motor Renault, ele foi p'ra BAR, e o resto vocês sabem.

Portanto, vamos lembrar do exemplo deixado por Villeneuve filho toda vez que ouvirmos alguém dizer que Lewis Hamilton já é um gênio. Vamos lembrar do exemplo dado por Nelson Piquet com sua volta por cima totalmente inesperada e inquestionável. E vamos olhar para Alonso e seu bicampeonato, 19 vitórias e 18 poles quando acharmos que Hamilton já está com uma mão na taça.