sexta-feira, 27 de março de 2009

Notícias - Parte 5

Quase 5 meses depois, a Fórmula 1 voltou...
Hoje, no GP Total, foi ao ar a quinta coluna de Marcel Pilatti. Na pauta, a polêmica do regulamento, declarações insanas de Bernie Ecclestone, os treinos livres dessa sexta, entre outros.
Confiram Lá!

sábado, 21 de março de 2009

Futebol e Fórmula 1

No post passado, comentei - menos em alusão às pernas tortas e mais ao espetáculo que ambos proporcionavam à torcida - que Gilles Villeneuve foi o "Garrincha da Fórmula 1". O comentário foi despretensioso, e apenas quis fazer uma alusão àquele piloto que, como o Mané, foi a "alegria do povo".


Gilles Villeneuve, no famoso duelo com René Arnoux, no GP da França de 1979: o maior duelo da história da F-1, e uma das mais belas ultrapassagens...

Compilação de lances de Garrincha, nas copas de 1958 e 1962: foi um dos destaques da belíssima seleção de 58, e considerado o craque de 62...


Como disse, o meu comentário associando Gilles a Garrincha foi apenas uma forma de ilustrar melhor o que Villeneuve representava. Mas não imaginávamos que a mistura de F-1 com Futebol traria tanta repercussão...

Na última sexta-feira (20) Felipe Massa deu uma entrevista ao jogador Kaká (trata-se de um novo programa da TV Italiana, cujo nome será "Grand Prix") e, fez uma curiosa comparação: "[Ayrton] Senna e [Michael] Schumacher são um pouco como Pelé e Maradona da Fórmula 1".

Porém, na visão do piloto, na hora de comparar os nomes do automobilismo e do "soccer", Massa inverteu a ordem dos fatores, assim alterando também o produto: "Eu corri com Schumacher e, para mim, ele é um exemplo como Pelé". E Felipe acrescentou: "O piloto mais completo".

Foi o que bastou para que surgissem os mais diversos comentários em fóruns de debate na internet: de um lado, os fãs de Ayrton ficaram revoltados com a comparação do brasileiro com Maradona e principalmente com a de Schumacher e Pelé. "Senna deveria ser Pelé", muitos disseram.

Do outro lado, os detratores de Ayrton Senna, aqueles que chamam toda pessoa que demonstre preferência pelo brasileiro (seja na comparação com De Cesaris, Schumacher ou em geral) de "viúvas" e "carpideiras vestidas de preto", ficaram contentes como se essa fosse mais um título de Schumy.

Porém, a declaração de Felipe não é pioneira nesse aspecto. Ano passado, foi Flavio Briatore quem veio a campo comparar jogadores e pilotos. E o chefe da Renault, qual Massa, relacionou Senna e Maradona. Porém, na hora de ladear Schumacher, o escolhido foi o holandês Marco Van Basten.

Segundo Briatore, "O único Maradona que vi na Fórmula 1 foi Senna. Michael Schumacher está em outro nível, poderia ser comparado a Van Basten".

Como entender, e como comparar, ambas as declarações? Senna foi comparado a Maradona por duas pessoas diferentes em posições igualmente distintas: um é brasileiro, o outro é italiano; um foi piloto de testes (2003) e companheiro de equipe (2006) de Schumacher, enquanto que o outro foi chefe de equipe do alemão (entre 1991 e 1995).

Porém, na hora de comparar Schumacher, as opiniões se dividiram: para Briatore, Schumy é Van Basten, enquanto que para Massa Michael é Pelé.

Marco Van Basten foi um dos 10 melhores jogadores da história, talvez o "maior camisa 9" de todos os tempos: foi eleito o melhor do mundo da FIFA em 1992, além de ter ganho o prêmio da France Football nesse mesmo ano e em 1988 e 89 - ainda não havia eleição da FIFA. Foi campeão mundial e italiano, com o Milan, e campeão da Eurocopa com a Holanda. Foi técnico da Holanda entre 2006 e 2008, fazendo elogiadíssimas campanhas na Copa do Mundo e na Eurocopa. um currículo para ninguém botar defeito.

Diego Maradona dispensa apresentações: campeão mundial com a Argentina em 1986, foi bicampeão italiano, da Copa da UEFA e da Copa da itália, pelo Napoli, sendo escolhido melhor jogador da copa do mundo de 1986, e principal jogador das temporadas 86-87 e 87-88, Ainda, seu gol contra a Inglaterra na Copa de 1986 foi escolhido o "mais belo da história das copas", pela FIFA em 2002.

Pelé, também dispensa quaisquer introduções: foi o maior artilheiro da história do Futebol, de acordo com a FIFA [1.281 gols em 1324 jogos]; foi, também, o único jogador a ter três títulos de Copa do Mundo [1958, 1962 e 1970] no currículo; Além disso, foi duas vezes campeão da Libertadores e Mundial com o time do Santos. Em 1980, foi votado como o "Atleta do Século XX".

Acontece, porém, que Maradona conforme dito acima foi craque na Europa, principalmente na Itália, e motivo esse leva a maioria dos europeus [principalmente os italianos] a considerarem Maradona - e não Pelé - o melhor jogador da história. Já para os brasileiros, Pelé é intocável, e único. Por isso, a não comparação com Pelé irritou tanto os brasileiros que amam Senna; e, da mesma forma, alegrou tanto os que não gostam do tricampeão ver Schumacher e não Ayrton ser ladeado com "o maior jogador de todos os tempos".

As declarações de Massa e Briatore, comparando Diego e Senna, são, embora idênticas, diametralmente opostas em sua essência: Briatore exaltou Senna (e por isso usou o termo ÚNICO, antes de mencionar o nome do craque argentino); já Massa, citou Senna no diminutivo pois o termo "MAIS COMPLETO" veio para Pelé-Schumacher, e não para Ayrton-Maradona.

Fora isso, o fato de Massa ter dito na própria entrevista que "A Ferrari é uma religião" e de sabermos como é seu relacionamento com Schumacher, explicam a escolha que o brasileiro fez. Já Briatore, que foi chefe de Schumacher por 4 temporadas, e mantém até hoje um bom relacionamento com o alemão, inclusive enviando felicitações ao tedesco em seu aniversário, não parece ter deixado o lado pessoal influenciar nas suas escolhas (Briatore e Senna nunca se deram bem, trocando diversas farpas ao longo de 1993 e no início de 1994).

A associação de Schumacher a Pelé, porém, é verdadeira quando vista sob a ótica dos números: o alemão, a exemplo de Pelé, possui os principais recordes da F-1. E a associação de Senna a Maradona também é perfeita nesse aspecto, pois ambos tiveram grandes conquistas, ainda que não tenham sido os primeiros em quantidade.

Quando vista na questão espetáculo/paixão que proporcionaram ao longo de suas carreiras, associar Maradona a Senna também é o correto, pois Pelé pode até ser mais famoso que Maradona, mas Diego certamente é mais amado por onde é conhecido: Itália, Espanha ou Inglaterra. E Pelé, jamais conseguiu ser um ídolo genuíno, nem mesmo no Brasil (e aí, Schumacher e Pelé são idênticos), enquanto que Maradona é venerado na Argentina.

Por fim, associar a qualidade dos jogadores e dos pilotos, ladear Maradona com Ayrton Senna também se me parece o correto, pois ambos são invariavelmente citados entre os melhores da história (muitas vezes, em primeiro); Digo isso porque o Pelé da Fórmula 1 foi Juan Manuel Fangio.


Já Schumacher, creio que Briatore o colocou no lugar certo associando-o com Van Basten (ainda que eu ache a conduta esportiva de Marco centenas de vezes superior a de Schumy).

quinta-feira, 19 de março de 2009

Do Baú... - Parte 3

Nelson Piquet, Riccardo Patrese, Alain Prost e Patrick Tambay sentados, John Watson em pé e Gilles Villeneuve à direita.


Variações sobre o mesmo tema: a Fórmula 1 romântica, aquela que não existe mais, aquela que nos traz "Saudades".


Essa foto foi importada do nosso co-irmão "Última Volta" e é do GP da África do Sul de 1982, quando os pilotos chegaram a provocar uma paralisação (i.e. "greve") antes da corrida, devido aos exorbitantes preços cobrados para a super-licença.


Nelson Piquet: autor da melhor ultrapassagem da história, um dos maiores acertadores de carros e tricampeão mundial;


Riccardo Patrese: antigo recordista de Grandes Prêmios disputados e vice-campeão mundial de 1992;


Alain Prost: antigo recordista de vitórias, pontos e voltas mais rápidas, 4 vezes campeão;


John Watson: vencedor de 5 corridas e autor da "maior vitória da F-1", sendo o piloto que mais ganhou posições em uma corrida: largou em 22º, chegou em 1º.


Patrick Tambay: vencedor de 2 GPs e autor de 5 poles, um dos grandes nomes da Ferrari bicampeã de construtores em 1982 e 1983.


Gilles Villeneuve: o "Garrincha da Fórmula 1", o piloto mais arrojado já surgido, vice-campeão mundial de 1979 e maior ídolo da história da Ferrari (de acordo com os ferraristas).


Saudade!

terça-feira, 17 de março de 2009

Schumacher afirma que vai voltar a correr na Fórmula 1

É isso mesmo. Schumacher avisou que vai voltar à Fórmula 1. Essa é a única explicação lógica para a nova mudança de pontuação (ou melhor, de colocação dos pilotos na classificação geral) aprovada hoje.
Semana passada, comentamos na coluna "Dois Gols não Serão Suficientes" (postada aqui no blog no link 'Notícias - Parte 4') que a Associação das Equipes de F-1 propuseram uma nova pontuação, com o primeiro somando 12, o segundo 9 e o terceiro 7 - do quarto ao oitavo, seria o mesmo sistema atual.
Parecia ser uma decisão acertada, ainda mais em comparação à doentia idéia das medalhas, de Bernie. Ninguém lembrava mais, e eis que Bernie, mais uma vez, venceu: agora o campeão será decidido pelo número de vitórias; caso haja empate de triunfos, aí sim valem os pontos.
Teremos ainda outras mudanças no regulamento, mais específicas, e não nos cabe detalhá-las por aqui. Mas não custa lembrar que agora está provado que mais um mito está desfeito, e não foi o F1 Critics que o desfez: virou senso-comum dizer, a partir de 2003, que "Schumacher mudou as regras da F-1, tamanho seu domínio".
O engraçado é que após o título inconteste de Jack Brabham - 1959 - a pontuação mudou para 1960. E com Senna, após domínio acachapante entre 1988 e 1990, as regras mudaram para 1991. Mas ninguém falava que "Brabham e Senna mudaram o regulamento"...
E agora? É o Hamilton que mudou o regulamento? Ou o Schumacher que ameaçou voltar a correr?

segunda-feira, 16 de março de 2009

A Grande Vitória de Barrichello

Essa (espécie de) série que o F1 Critics vem fazendo, relembrando aquela que foi a vitória mais recheada de simbolismo de cada um de nossos pilotos vencedores reserva sempre algumas surpresas, vindas do nosso site parceiro Última Volta.
No caso de José Carlos Pace, é mais que natural mencionarmos Brasil-75 pois - o tempo não permitiu - acabaria sendo seu único triunfo na categoria. Emerson teve duas emblemáticas: a primeira das 14 (EUA-70) e a antológica Argentina-73, mas relatamos aqui sua vitória na Bélgica, 1972, pois foi lá que ele se tornou um vencedor constante.
Nelson Piquet, como vimos, a escolhida não foi a da antológica ultrapassagem na Hungria em 1986, nem a vitória da superação, Itália-1987, mas sua vitória na Austrália, em 1990, pois ter sido uma das mais convincentes vitórias de um piloto com carro inferior.
E de Senna, nem a primeira volta de Donington-93 nem a 6ª marcha de Interlagos-91, mas sim a maior invasão de pista já registrada, em interlagos 1993.
E agora é a vez de falar de Barrichello, e sua vitória escolhida não foi a singular Alemanha 2000 (um dos maiores avanço de posição da história da F-1) nem a legendária Inglaterra 2003 (a velha frase de Jackie Stewart), mas sim Suzuka, 2003.
2003 foi o melhor ano de Barrichello na F-1, e ele encerrou com chave de ouro, dando o título de construtores à Ferrari e garantindo o hexa de Schumacher.
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GP do Japão, 16ª etapa
Autódromo de Suzuka
Domingo, 12 de Outubro de 2003
por Lucas Giavoni

Michael Schumacher levou o título de 2003, seu sexto, com apenas dois pontos à frente de Kimi Räikkönen. E naquela decisão em Suzuka, o alemão tinha nove pontos de vantagem, mas quase conseguiu entregar de bandeja essa barbada. Sua exibição na pista japonesa, na qual ele terminou em oitavo, foi lamentável e ele precisou contar com dois fatores fundamentais para ficar com o caneco: sorte pelo abandono de alguns adversários e, principalmente, a vitória de Rubens Barrichello.
Kimi conseguiu reverter uma condição matemática extremamente desfavorável para conquistar seu título em 2007 pela Ferrari, em cima dos pilotos da McLaren, Fernando Alonso e Lewis Hamilton. E por pouco que ele não conseguiu façanha parecida em 2003, uma temporada que, como já foi dito anteriormente, teve um equilíbrio muito grande entre equipes e vários vencedores durante o ano.
Por mais que seja até natural enaltecer as proezas de Schumacher, o inegável senhor dos números da Formula 1, também é fato que ele muitas vezes ficava aquém de sua capacidade nas decisões. Justo ele, que nas pistas cometeu poucos erros na carreira, às vezes perdia a cabeça quando o título estava em jogo na última prova, deixando de lado a habitual frieza germânica. Foram três as oportunidades em que isso já havia acontecido antes desta nova decisão em Suzuka.
Em 1994, quando pressionado por Damon Hill na fatídica prova final em Adelaide, errou uma tomada de curva e, na iminência de ser superado, arremessou sem cerimônia sua Benetton em cima da Williams do inglês, que teve sua suspensão empenada e abandonou, dando o título ao alemão. Três anos depois, em Jerez, o roteiro foi semelhante, mas o final não.
Novamente sob pressão, Michael jogou sua Ferrari em cima da Williams de Jacques Villeneuve, desta vez saindo da pista e perdendo não só o título, como também seus pontos, cancelados pela FIA. E no ano seguinte, na final de 1998 contra Mika Häkkinen, na mesma Suzuka deste relato, Schumacher deixou o motor da Ferrari morrer na volta de apresentação, tendo que largar no fundo do grid e abandonando por ter arrebentado seus pneus em uma estéril tentativa de recuperação.


Ao relato então. O novo sistema de treinos oficiais mostrou que Michael, apesar da grande vantagem na tabela, não estava à vontade. Ele errou em sua volta rápida, perdendo aproximadamente 2,5 segundos e se encaixando apenas na 14ª posição. Räikkönen também não estava inspirado e marcou o oitavo tempo, mas por excesso de zelo com a McLaren. Enquanto isso, Barrichello superava todos e fazia sua nona pole-position na carreira, dividindo a primeira fila com Juan Pablo Montoya. O colombiano tinha lutado muito durante o ano, mas não chegando a lugar nenhum, pois errou demais e não mais tinha chances matemáticas de brigar pelo título.
Os dois ponteiros mantiveram suas posições ao apagar das luzes vermelhas, seguidos por um esperto Fernando Alonso, que pulou de quinto para terceiro usando muito bem o eficiente controle de largada de sua Renault, o melhor sistema entre os carros do grid. O espanhol superou com facilidade a dupla da Toyota, que fez um bom treino, com Cristiano da Matta em terceiro e Olivier Panis em quarto. Outro que pulou bem foi David Coulthard, lembrando seus tempos de Fórmula 3 britânica, na qual era conhecido como "Dragster Coulthard", para ir do sétimo ao quinto lugar.
Montoya, na curva Spoon, na parte oposta do circuito, passou Barrichello, que em seguida teve que conter os ânimos de Alonso, que quase o ultrapassou na freada da famosa chicane final da pista. Ao fim da primeira volta, a ordem entre os pontuáveis era: Montoya, Barrichello, Alonso, Da Matta, Coulthard, Räikkönen, Panis e Button, que largou em nono com a BAR. Schumacher ganhou duas posições na volta inicial, subindo para o 11º lugar na quarta volta. Quase ao mesmo tempo, Coulthard naturalmente abriu passagem para Kimi tentar o milagre.
As coisas começaram a ficar mais cabeludas para Michael quando ele teve uma crise de afobação na quinta volta e quebrou o bico de sua Ferrari na traseira da BAR de Takuma Sato - substituto de Jacques Villeneuve, demitido por falar muito e pilotar pouco. Obrigado a fazer um pit stop precoce para consertar o nariz da Ferrari, o resultado foi que, ao fim da sétima volta, ele era o último colocado. Não podia ficar pior. Até por isso mesmo tudo começou a melhorar dali em diante.
Na nona volta, Montoya tinha 3,3 segundos de vantagem para Barrichello, quando repentinamente parou. Uma falha hidráulica levou o colombiano a nocaute, acabando com o objetivo da Williams de, pelo menos, faturar o título entre os construtores. Este foi o começo da recuperação de Schumacher. A primeira rodada de pit stops não demorou e Da Matta, que se mantinha em terceiro, foi o primeiro a entrar, mostrando que seu ótimo tempo nos treinos foi feito com pouco combustível no tanque – o que não deixa de ser um desempenho incrível, em se tratando de uma Toyota mediana.
Barrichello e Alonso entraram juntos para o reabastecimento na volta 12, com o espanhol permanecendo atrás por pouco. A ordem dos ponteiros se restabeleceu cinco voltas depois, quando Rubinho reassumiu a ponta. E a sorte mais uma vez sorria para Michael. Alonso quebrou, saindo desolado do carro, já que sabia que estava em um dia inspirado. A esta altura, o alemão já havia recuperado várias posições, principalmente por conta da primeira janela de pits – estava em 13º naquele momento.
A partir da quebra de Alonso, Barrichello teve o absoluto domínio da corrida, que dali em diante teve poucas brigas por posição. No segundo de seus três pits, no giro 40, ele voltou ainda na liderança, mantendo um ritmo perfeito e, contrastando com seu companheiro de equipes, sem qualquer erro. Jamais foi intimidado por Räikkönen, que herdou o segundo lugar, não tinha carro para avançar e por lá se manteve, depois de fazer apenas duas paradas na corrida. A diferença entre os dois na bandeirada foi de 11 segundos. David Coulthard, também em tática de três pits, fechou o podium.

Aquele resultado sacramentava o hexa de Michael, mas não o fim de seu calvário. Ele, de fato, realizou muitas ultrapassagens simplesmente porque os outros carros não queriam ter problemas ao avistá-lo pelo espelho. Mas ele encontrou um piloto que bateu o pé e não quis nem saber disso, fazendo exatamente como em Silverstone, quando segurou Kimi Räikkönen por diversas voltas: Cristiano da Matta, que realizou uma excelente corrida, andando acima do que seu equipamento permitia e terminando em sétimo, após segurar Michael por 15 voltas.
A melhor volta da prova foi de Ralf Schumacher. Um consolo inútil para o piloto da Williams, que teve um desempenho ridículo, agravado por Suzuka ser uma pista na qual ele era tão experiente, já que parte da sua carreira de base foi feita em competições japonesas. Todos os erros ocorreram no mesmo trecho: a chicane final da pista.
Primeiro, rodou na sua volta rápida no treino oficial, tendo que largar em penúltimo. Então, na prova, Ralf quase encaçapou a Ferrari de seu irmão por duas vezes – uma na primeira volta e outra na 40ª, também vendo o mundo ao em uma disputa com a Sauber de H-H Frentzen na volta 8. Acabou em 12º lugar, uma volta atrás, tomando volta de Rubinho. Levando em consideração que Jarno Trulli dividiu a última fila com Ralf e chegou em quinto lugar, com uma Renault reconhecidamente inferior, é possível ter uma noção de quanto ele foi mal.
Michael sabia que tinha acabado de ter um dia de muita sorte. E exagerou na comemoração do título. Encheu a cara e teve um dia de astro de rock’n’roll, aniquilando seu quarto de hotel. Deve ter oferecido vários brindes enquanto arrebentava a televisão e os móveis – às quebras do Alonso e do Montoya, ao seu irmão Ralf, com quem não bateu, e ao Barrichello, que tinha lhe livrado a cara.

Resultado do GP do Japão de 2003:

1) Rubens Barrichello (Ferrari F2003-GA), 60 voltas em 1h25min11s743
2) Kimi Räikkönen (McLaren-Mercedes MP4-17D), + 11.085
3) David Coulthard (McLaren-Mercedes MP4-17D), + 11.614
4) Jenson Button (BAR-Honda 005), + 33.106
5) Jarno Trulli (Renault R203B), + 34.269
6) Takuma Sato (BAR-Honda 005), + 51.692
7) Cristiano da Matta (Toyota TF103), + 56.794
8) Michael Schumacher (Ferrari F2003-GA), + 59.487

sexta-feira, 13 de março de 2009

Notícias - Parte 4

No ar, a quarta coluna com resumo de notícias, no site GP Total.
Os últimos dez dias renderam muitas notas para o mundo da F-1, e os temas abordados são o retorno/continuidade de Barrichello, os testes de Barcelona, além de comentários de pilotos e chefes de equipe.
Se puderem, comentem.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Especial - Rubens Barrichello

Em homenagem à confirmação de Rubens Barrichello na Fórmula pela 17ª temporada, republicamos aqui um material que foi postado em maio de 2008, quando Rubens superou o recorde de Riccardo Patrese.
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A Marca

Nesse final de semana, em Istambul, Turquia, Rubens Gonçalves Barrichello, o Rubinho, chegou à incrível marca de 257 Grandes Prêmios disputados na Fórmula 1. Embora sua contagem seja “à moda Romário” (a FIA considera a etapa turca como sendo a 254ª de Barrichello), maior que o recorde em si é o feito. O quadro abaixo mostra que esse é um dos poucos recordes que o Brasil ainda possui na categoria:

Recordes do Brasil na Fórmula 1

GPs Disputados: Rubens Barrichello, 257 / Mais próximo: Ricardo Patrese, 256
Vitórias de Ponta-a-Ponta: Ayrton Senna, 19 / Mais próximo: Jim Clark, 13
Poles Consecutivas: Ayrton Senna, 8 / Mais próximo: Alain Prost, 7
Vitórias consecutivas num mesmo GP: Ayrton Senna, 5 em Mônaco / Mais próximos: Michael Schumacher (nos EUA), Juan Manuel Fangio (na Argentina), Ayrton Senna (na Bélgica) e Jim Clark (na Bélgica e na Inglaterra), todos ganhando 4 vezes seguidas.
1ª Filas consecutivas: Ayrton Senna, 24 / Mais Próximo: Damon Hill, 17
Poles consecutivas num mesmo GP: Ayrton Senna, 7 em San Marino / Mais Próximo: Michael Schumacher, 5 no Japão


Recordes Divididos
Poles num mesmo GP: 8 (Ayrton Senna em San Marino e Michael Schumacher no Japão)
1ª Filas numa só temporada: 16 (Ayrton Senna, em 1989, Damon Hill, em 96, e Alain Prost, em 93).

Só que, ao invés de causar orgulho, esse recorde traz vergonha para muitos: consideram vexatório um piloto com “tantas corridas” ter ganho “tão pouco”. Ninguém dá a mínima. E o motivo é somente um: Barrichello nunca foi campeão mundial. Assim, a célebre frase de Ayrton Senna (“brasileiro só aceita título de campeão, e eu sou brasileiro”), totalmente distorcida do seu contexto original, virou uma espécie de bandeira dos críticos do piloto.

Olhando para o que acontece com Barrichello nas terras tupiniquins, somos levados às lembranças de Emerson Fittipaldi que, mesmo sendo bicampeão mundial e mais jovem campeão de todos os tempos na época, tornou-se uma piada nacional quando, junto de seu irmão, montou a Copersucar, até hoje o ÚNICO chassi de Fórmula 1 construído fora da Europa. Mas como Emerson não foi campeão, isso não teve a menor importância...

Outro caso interessante, e que faz mais sentido pelo fato de, como Barrichello, nunca ter conquistado o título mundial, é o do goleiro Moacir Barbosa, da seleção brasileira vice-campeã em 1950. De acordo com o próprio goleiro (que faleceu em 2000), “a pena máxima no Brasil é de 30 anos, mas eu estou pagando muito mais...”. Babosa foi considerado culpado pela derrota, e tudo que conquistara, virou o mesmo que nada.

Assim como Fittipaldi e Barbosa, a carreira de Rubens Barrichello deveria ser muito mais respeitada, e não apenas pelo novo recorde, mas por tudo que conquistou ao longo desses 16 anos em atividade. Aliás, é uma triste contradição ver gente afirmando que Michael Schumacher é o melhor piloto da história da Fórmula 1 e ao mesmo tempo dizendo que Rubens Barrichello é um piloto de baixa qualidade.

“Rubinho” foi, de longe, o melhor companheiro de equipe que Schumacher já teve (com a clara exceção de Piquet, que estava abandonando as pistas quando o alemão começava). Basta dizer que foi o único deles a ter conquistado um vice-campeonato com o alemão disputando todos os GPs da temporada. E isso aconteceu em duas oportunidades. Rubens foi, também, o piloto que mais venceu GPs com Schumy ao lado.

E pode-se dizer que Barrichello foi vital para Schumacher, não apenas por ceder-lhe posições (como veremos depois): No GP do Brasil de 2003, a prova foi interrompida devido a um forte acidente. No momento, Raikkonen liderava, e recebeu o troféu, tudo normal. Uma semana depois, uma revisão da FIA concluiu que o vencedor da prova fora Fisichella pois, quando há paralisação, contam-se as posições de duas voltas antes da paralisação, e o finlandês teve que fazer uma "troca de prêmios" com o italiano.

Schumacher levaria a taça por diferença de dois pontos: 93 a 91. No GP do Japão, última corrida do ano, Michael foi apenas o 8º - largando em 14º - (fez 1 ponto) e Raikkonen foi segundo (8), enquanto que Rubens venceu (10). Uma simples inversão das posições Kimi-Rubens mostra que o finlandês e o alemão terminariam com os mesmos pontos. No entanto, a decisão do campeonato teria sido outra não fosse o “pódio-extra” que inventaram.

Ironicamente, foram justamente os anos na Ferrari que contribuíram decisivamente para destruir a imagem pública de Rubens, no Brasil: as várias quebras de motor, panes secas, e problemas hidráulicos (numa escala MUITO maior que a de Schumacher) e, principalmente, as vezes em que “cedeu” vitórias ou posições intermediárias a Michael, fizeram de Barrichello o eterno “segundão”, quando não o “braço-duro”.

Foi simplesmente inaceitável para os brasileiros ver aquele piloto que colocou sobre si a responsabilidade de carregar o nome do Brasil após a morte de Ayrton Senna chegar “sempre atrás” tendo nas mãos um carro “fantástico”. Porém, o que muitos não entendiam, é que de alguma maneira Rubens estava fadado a essas posições, tivesse sua Ferrari a qualidade que fosse, e se esforçasse ele o quanto fosse.

Não se trata de teorias da conspiração do tipo “A Ferrari apertou um botão e o carro dele desligou” ou “cronometraram seu pit-stop para ser meio segundo mais lento que o de Schumacher”, mas sim de atitudes inacreditáveis (dentro e fora da pista). A primeira lembrança, claro, é a da corrida na Áustria, em 2002, quando Barrichello simplesmente “tirou o pé” para o alemão passar na última volta. Mas aconteceram coisas piores...

Na mesma pista austríaca, um ano antes, Rubens abrira mão de um segundo lugar para que Schumy (3º) marcasse mais dois pontos no certame; Na Austrália, em 2000, a PRIMEIRA corrida de Rubens na Ferrari, o time lhe arranjou um pit-stop extra pouco antes do final da corrida, quando ele andava em 1º; No Canadá, no mesmo ano, Schumacher estava em primeiro com problemas no carro, e a Ferrari ordenou que Rubens não o “atacasse”.

Porém, de acordo com o piloto, foi no GP americano de 2005 (aquele, de seis carros...) que ele percebeu que não poderia mais seguir na Ferrari – mesmo seu contrato valendo até o final do ano seguinte. Rubinho afirmou que “O time me pediu que diminuísse meu ritmo para que Michael pudesse chegar mais perto e me passar. Nesse momento, eu sabia que tinha chegado minha hora de sair. A corrida nos EUA foi crucial”.

Mas sem sombra de dúvidas a cena mais ridícula que aconteceu ao longo desses seis anos de Schumacher e Barrcihello como pilotos da Ferrari foi o Grande Prêmio da França de 2002. Naquela corrida, Schumacher poderia ser campeão caso vencesse e Rubens não pontuasse. Coincidentemente, Barrichello não largou ficando com o carro suspenso no ar pelo “macaco”, em plena volta de apresentação!

Já antes de Rubinho a política da Ferrari havia ficado muito clara: em Nürburgring, 1999, a equipe simplesmente “esqueceu” de colocar um pneu no carro de Eddie Irvine, fazendo o piloto perder 48 segundos nos boxes. No final do ano, o irlandês declarou: “não sei se a Ferrari quer ser campeã ou se quer ser campeã com o Schumacher”. É óbvio que Irvine foi demitido e, infelizmente, a segunda opção era a verdadeira.

Mesmo com todos esses problemas e a quase proibição de levar um título, Barrichello conquistou ótimos números com os carros italianos: 2 vice-campeonatos, 9 vitórias, 11 poles e 15 melhores voltas. Além disso, na temporada de 2004 o piloto marcou 114 pontos – mais que o campeão de 2007! –, e subiu ao pódio 14 vezes: é a terceira maior marca (atrás de Schumacher, 2002, e Alonso, 2005) de pódios por temporada na história.

Façamos agora uma ligação com outros grandes números de Barrichello na F-1: em 1994, com uma Jordan, no GP da Bélgica, Rubinho marcou a pole-position: além de ser algo impressionante devido ao equipamento fraquíssimo, Barrichello foi, na época, o mais jovem piloto em todos os tempos a largar em 1º. Esse registro só seria superado por Fernando Alonso, no Grande Prêmio da Hungria de 2003.

E com essa mesma péssima Jordan, Barrichello teve exibições notáveis: a principal delas foi logo na sua terceira corrida, o famoso GP da Europa de 1993. Naquele GP, partindo da 12ª posição, Rubens cruzou a 1ª volta em 4º e chegou a andar em segundo, tendo ULTRAPASSADO as Williams, e se manteve em terceiro até poucas voltas do final, quando seu motor quebrou – de forma irônica, começava ali sua má fama.

Em termos de números absolutos, basta citar que Rubens é o 4º piloto com maior número de pódios na história: atrás de quem? Ninguém mais, ninguém menos, que Michael Schumacher, Alain Prost e Ayrton Senna!!! É, também, o 5º maior pontuador da categoria, ficando atrás dos mesmo três e também de Coulthard (apenas 8 pontos a mais para o escocês, que estreou direto numa Williams, assumindo o lugar de Ayrton Senna).

Recentemente, na entrevista coletiva para o GP da Espanha (onde Barrichello igualou o recorde de Patrese), Fernando Alonso deu uma declaração muito interessante sobre Barrichello: o espanhol disse que “muitos só se lembram dele na época da Ferrari com o Schumacher e das derrotas, mas eu prefiro recordá-lo no carro branco da Stewart”.

E é uma lembrança que nos faz perceber o talento de Barrichello: Rubens não chegou a vencer GPs, mas marcou uma pole e subiu várias vezes ao pódio, tendo um equipamento que, com muito esforço, era o 5º do grid. Uma das cenas marcantes foi o “X” que o piloto deu em Schumacher, na França-99, uma das mais belas ultrapassagens do ano – que, dizem, foi o momento de sua contratação.


Certamente, a carreira de Barrichello foi prejudicada por escolhas erradas: “o carro certo na hora errada” e vice-versa. Recusou, por exemplo, um convite da McLaren em 1995, preferindo permanecer na Jordan. De fato, a McLaren andou mal naquele e no próximo ano, mas era um projeto a longo prazo que renderia o bicampeonato a Mika Häkkinen.

Quando ele teve um carro “de ponta” nas mãos, a gente sabe o que aconteceu... Mas o que deve ficar marcado na carreira de Barrichello são seus grandes momentos na Fórmula 1, e não o momento atual. Devemos lembrar, mesmo, é de sua magnífica vitória em Silverstone, no ano de 2003, onde realizou "uma verdadeira obra-prima, uma das mais belas corridas dos últimos 15 anos". Ah, essa frase é de Jackie Stewart.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Notícias - Parte 3

Já está no ar a terceira coluna de notícias, no GP Total.

Confiram lá!

segunda-feira, 2 de março de 2009

A grande vitória de Ayrton Senna

Quando falamos de um trunfo de Emerson, coloquei aqui seu GP da Bélgica em 1972, em detrimento das históricas EUA-70, Brasil-73 ou Inglaterra-75. No caso de Piquet, apresentamos uma vitória que não é a sua mais lembrada -Hungria-86, EUA-80, Itália-87 são mais reverenciadas - porém talvez seja a que mais demonstre sua força interior e seu trabalho sob pressão.
Já de Senna, é difícil escolher uma de suas 41 vitórias pois a maioria delas conteve elementos cinematográficos: o "andarilho das águas" de Estoril/1985, o "rei das ultrapassagens" de Suzuka/1988, o "possuído" da mesma pista, em 1989, o "sobrevivente" de Interlagos/1991 ou ainda o "calculista" de Mônaco/1992 e o "cirurgico" de Donington/1993.
Mas talvez sua vitória mais memorável tenha sido a sua segunda em casa, a primeira de 93, a primeira daquela McLaren do parco motor Ford.
Memorável não necessariamente pelo que realizou na corrida - onde foi genial - mas pelo que viria a acontecer depois: milhares de pessoas carregando o maior ídolo esportivo da história do país.
Vale lembrar que o carro de Senna quebrou pouco depois do piloto cruzar a linha de chegada, como acontecera ali mesmo, dois anos antes, e em Monte Carlo-92. Emblemático.
Hoje relembraremos aquele inesquecível dia 28 de março de 1993. O relato vem do excepcional fotógrafo Paul-Henri Cahier, um dos maiores nomes do jornalismo automobilístico mundial, que fotografa F-1 desde 1979. Seu site é o http://www.f1-photo.com/, e são também dele as fotos do GrandPrix.com, que publicamos aqui durante a temporada de 2008, falando das corridas.
Ele é francês, assim como Alain Prost. O relato faz parte do especial do site amigo Última Volta, dos caros Lucas Giavoni e Márcio Madeira da Cunha.
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GP do Brasil, 2ª etapa
Autódromo José Carlos Pace, Interlagos
Domingo, 28 de Março de 1993

"A última vitória em casa"
Ao término de 1992, era óbvio que a Williams-Renault era a força dominante na F1, e Senna quis pilotar para o time. Mas Prost tinha posto em seu contrato que Senna não poderia ser companheiro dele (pelo menos no primeiro ano) e Ayrton estava emperrado com uma McLaren impulsionada por um motor Ford V8 tipo cliente. Era uma situação muito difícil, e Ayrton hesitou até bem próximo do começo da temporada 1993, até finalmente decidir que sim, ele correria pela McLaren.
Ainda assim, um contrato para toda a temporada não era algo fácil de aceitar, e no caso dele mudar de idéia, concordou em ser pago corrida por corrida, um milhão de dólares cada. Mas a vida pode ser irônica, e como aconteceu, Ayrton iria ganhar cinco corridas naquele ano ao volante da pouco potente McLaren. E o GP do Brasil veio a ser o primeiro desses cinco triunfos.
Na primeira fila do grid, a Williams de Prost estava na pole, com seu colega Damon Hill ao lado, e parecia que a prova seria uma reprise da corrida de abertura, na África do Sul... Atrás dos dois carros V10 estavam os carros Ford V8 mais rápidos, de Senna e Michael Schumacher (na Benetton, com Ford de última geração). Mas à luz verde, Senna realizou uma largada perfeita, passando apertado por Hill na primeira curva.
Mais atrás, Michael Andretti, na segunda McLaren, se assustou com uma Sauber ao seu lado e colheu Gerhard Berger, de volta à Ferrari, e ambos protagonizaram um pavoroso acidente. Ambos foram escorregando em alta velocidade para a barreira de pneus da entrada do S e quando a Ferrari "quicou" na barreira, acertou novamente a McLaren, que se ergueu alguns metros de altura, rodopiando até voltar ao chão. Até hoje não se sabe como Berger e Andretti saíram ilesos.
Dali em diante, ele tentou manter o ritmo de Prost, mas na volta 11, Senna já não podia conter Hill e agora caía para terceiro, à frente de Schumacher. E então veio o que normalmente seria o fim de qualquer esperança de vitória: um stop-and-go de 10 segundos por ultrapassar em bandeira amarela caía nos ombros de Ayrton, deixando-o 45 segundos da liderança.
Mas o destino às vezes oferece alguns truques interessantes, como uma brincadeira jogada por Deus... Um aguaceiro típico e volumoso caiu sobre Interlagos, inundando a pista. Uma série de acidentes começa, com os compatriotas japoneses Aguri Suzuki (Footwork-Mugen Honda) e Ukyo Katayama (Tyrrell-Yamaha) perdendo o controle e batendo na parede dos boxes.
O caos se instala, com todo o mundo entrando nos pits para colocar pneus de chuva. Mas Ayrton, como sempre, usou uma estratégia inteligente e entrou cedo para colocar os pneus biscoito, num ótimo timing. Enquanto isso, um surpreso Alain deslizava em direção à Minardi de Christian Fittipaldi, que estava ao contrário e ficou fora da prova!
Este era um momento histórico, com o novo Safety Car da F1 entrando em ação pela primeira vez, com todos se juntando atrás dele e esperando o reinício da prova. Damon estava na ponta, com Senna atrás dele, e quando os carros foram liberados, Ayrton agiu rapidamente, em seu modo fenomenal e ousado; a multidão rugiu com excitação assim que ele passou Hill no Laranjinha, à direita, ainda com pista molhada, e com esta manobra maioral, tomou a liderança!

O resto é história, e quando foi dada a bandeira quadriculada, os fãs brasileiros invadiram maciçamente a pista de Interlagos: a alegria estava pulsando no coração de todos os paulistas, e parecia carnaval nas tribunas principais! Ayrton tinha vencido! E como um bônus, era também um momento histórico em forma da centésima vitória da McLaren em Grandes Prêmios.
No pódio, Ayrton estava magnífico, cheio de intensa emoção e compreensível orgulho. Ele também estava em boa companhia boa: o herói dele, o pentacampeão Juan Manuel Fangio, estava lá no pódio, pra lhe dar o troféu do vencedor; eles deram para um ao outro um caloroso "abbraccio", e havia lágrimas nos olhos de Ayrton; aquela vitória deve ter tido gosto muito, muito doce. Era a segunda vitória em casa, que viria ser também a última...
Indiferentemente, com esta primeira vitória campeonato de 1993, Ayrton estava a caminho de provar a todos que ele era o melhor de todos os pilotos; melhor só em outro planeta. Simplesmente ninguém poderia ter feito o que ele fez na que foi sua última temporada na F1, e quem teve sorte o bastante em tê-lo visto dirigir a pequena McLaren MP4-8 durante aquele ano, nunca esquecerá do brilho de Ayrton "Magic" Senna.


Resultado do GP do Brasil de 1993:
1) Ayrton Senna (McLaren-Ford MP4-8), 71 voltas em 1h51min15s485
2) Damon Hill (Williams-Renault FW-15C), + 16.625
3) Michael Schumacher (Benetton-Ford B192B), + 45.436
4) Johnny Herbert (Lotus-Ford 107B), + 46.557
5) Mark Blundell (Ligier-Renault JS39), + 52.127
6) Alessandro Zanardi (Lotus-ford 107B), + 1 volta