sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

As 7 Maravilhas de Schumi - Episódio III: Europa 95

(essa série também pode ser encontrada no GP Total; com muito menos detalhes, porém.)

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No primeiro episódio de nossa série-homenagem, vimos o Schumacher metódico e preciso como um relógio de Hungaroring-1998; no seguinte, tivemos o total oposto, com um piloto extremamente arrojado lutando não para confirmar mas sim para melhorar sua posição em Interlagos-2006. Nesse, veremos uma mistura de ambos.

Era o GP da Europa de 1995, a segunda corrida em solo alemão (antes em Hockenheim agora em Nurburgring); se Schumi já havia alegrado a sua torcida na etapa anterior, dessa vez levou-os ao delírio. Foi uma de suas melhores apresentações na Benetton, só atrás daquela em Spa, ocorrida um mês antes e que obviamente constará nesse especial.
Aqui, a vitória de Schumacher merece todos os elogios possíveis pois ele combinou os principais quesitos de um piloto e, por que não, de um ídolo: garra, arrojo e talento, muito talento. Garra que foi determinante para que ele não se acomodasse com um resultado que já era exepcional; arrojo para defender e, principalmente, atacar as posições; e talento para marcar a melhor volta do dia e uma ultrapassagem maravilhosa.
Nos treinos, tivemos uma cena bem característica daquela temporada: as Williams-Renault e Schumacher disputando as três primeiras posições; nesse dia, Coulthard e Damon Hill, nessa ordem, ficaram com a primeira fila. Schumi veio a seguir, mas tinha uma senhora vantagem: largaria do lado limpo. E não desperdiçou: já na partida, pula para o segundo lugar.
O dia estava chuvoso e todas as equipes, com a exceção de Ferrari e McLaren (hoje, protagonistas; na época, coadjuvantes), estavam com pneus para pista molhada. Com a instabilidade do tempo - que agora começava a melhorar e a pista a secar -, a maioria decide ir aos boxes efetuar suas trocas. Alesi, que largara em sexto, surge na primeira posição.
Atrás do francês vinham Coulthard, Schumacher e Hill. Não demorou e o escocês passou a enfrentar problemas com seu carro que o jogaram para quarto. Damon Hill, que tinha 17 pontos de desvantagem para Schumacher (somava 55 ante 72) no campeonato, começa a pressionar o alemão e chega a ultrapassá-lo. Mas essa inversão de posições não chega a durar uma volta, e Schumi recupera o segundo lugar antes da linha de chegada.
Alesi tinha por volta de 30 segundos de vantagem para Schumi quando decidiu ir aos boxes. Nesse mesmo momento, Schumacher também efetuou uma troca, rápida, e voltou em terceiro, atrás de Damon Hill, que parecia muito próximo de uma ultrapassagem sobre Alesi. Mas Hill fez jus à sua má fama e quebrou a asa dianteira, tendo de ir novamente aos boxes, dando adeus às suas chances de vitória (Hill ainda voltaria à pista mas, após um erro, abandonaria a prova).
Schumacher só tinha Alesi à sua frente, e mostrou por quê a Ferrari decidira contratá-lo em detrimento do francês para a temporada seguinte: anulando a vantagem a cada volta, Schumi ultrapassa Alesi a três voltas do fim numa manobra espetacular, que pode ser conferida no vídeo a seguir (é interessante comparar as trajetórias adotadas por Michael antes e durante a volta onde ultrapassa Jean).

Depois dessa corrida, a vantagem de Schumacher sobre Damon Hill era de gigantescos 27 pontos com apenas 30 em jogo. Se antes já não havia dúvida, agora era ridículo perguntar quem seria o campeão daquela temporada.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

As 7 Maravilhas de Schumi - Episódio II: Brasil 06

Desde a corrida anterior no Japão, após ver o espanhol Fernando Alonso abrir 10 pontos de vantagem no campeonato, Schumacher havia admitido não haver mais chances reais de título.

No treino classificatório de sábado a situação parecia ainda pior: com problemas no Q3 o piloto alemão não marcou tempo e largaria numa decepcionante 10ª posição. Seu companheiro de equipe Felipe Massa fez a pole, seguido por Raikkonen e Trulli. O virtual campeão Alonso sairia na 4ª posição, precisando apenas terminar nos pontos para garantir o título.

No entanto, o que parecia um cenário melancólico para a corrida de despedida do maior vencedor de todos os tempos começou a se desenhar como um dos seus maiores desempenhos logo na primeira volta. Na largada, Schumacher pressiona de forma agressiva as duas BMW à sua frente, buscando a ultrapassagem a qualquer custo ainda no S. Tendo a porta fechada, aguardou o fim da reta oposta para ultrapassar ambos os carros na mesma curva e assumir a 8ª posição com autoridade.

Na volta seguinte, Schumacher deixou pra trás o irmão Ralf e o ex-companheiro Barrichello. Tudo isso antes da entrada do safety car, que se fez necessária após a forte batida de Nico Rosberg. Em duas voltas o heptacampeão já era 6º colocado!

Na volta seguinte à relargada, o piloto alemão passa a Renault de Fisichella na reta dos boxes chegando à frente na primeira perna do S. Porém, ao fazer a tangência da curva, o aerofólio dianteiro da Renault toca levemente no pneu traseiro esquerdo da Ferrari, provocando um furo no mesmo e forçando Schumacher a reduzir o ritmo e parar nos boxes para uma troca não programada.

Ele volta dos boxes em último lugar, a quase 1 volta do líder, Felipe Massa. Adotando um ritmo mais forte após sua parada, Schumacher começa a fazer uma sequência de voltas mais rápidas e após a parada dos SuperAguri já era o 11º na volta 31, aproveitando também problemas com os carros que estavam à sua frente. Em ritmo alucinante Schumacher foi deixando pra trás aqueles que paravam para o reabastecimento e após a 1ª janela de pit stops se posicionou atrás de Kubica, na 8ª posição. Passou o polonês rapidamente, mas não conseguiu garantir a posição. No entanto, na volta seguinte, passou de vez a BMW e foi à caça de Rubens Barrichelo, 7º colocado. Ambos fizeram seus pitstops e voltaram a pista uma posição atrás. Na volta seguinte, finlamente Schumacher passa Barrichello e conquista mais uma posição.

Faltando 15 voltas para o final, Schumacher inicia o segundo ato de sua maravilha. Posicionado a meio segundo de Fisichella, reviveu a disputa do início da corrida. A perseguição foi longe, e só se resolveu quando Fisichella freiou tarde demais na primeira perna do S e escapou para a grama.

Schumacher partiu então para o maior duelo da corrida, contra a McLaren de Raikkonen. Após duas voltas de tentativas bem bloqueadas pelo finlandês, o piloto alemão achou uma brecha por dentro na primeira perna do S e sacramentou a ultrapassagem - talvez a mais bela de sua carreira - comprovando que é possível ultrapassar na F1, basta querer.

Faminto por mais e com apenas 3 voltas para o término da corrida, Schumacher ainda se aproximou de forma perigosa de Alonso, fazendo a volta mais rápida da corrida. Mas já era tarde, e o 4º lugar foi sua posição final.

Ao fim da corrida, Alonso se tornou bi-campeão. Mas as atenções do dia se voltaram para uma das maiores atuações individuais de um piloto em todos os tempos, mostrando o arrojo que muitos não acreditavam haver na pilotagem de Michael Schumacher. Curtam agora os melhores momentos desta fantástica atuação no vídeo da corrida.

Equipe F1 Critics

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

As 7 Maravilhas de Schumi - Episódio I: Hungria 98

Uma das principais características de Schumacher foram as "voltas voadoras" que dava antes dos pit stops. Apesar de simples em sua teoria, basta encontrar um carro mais lento a frente para limitar os benefícios desta estratégia. Além disso, poucos são os pilotos que conseguem imprimir ritmo de classificação durante a corrida nas voltas anteriores aos pit stops. Desta forma, com um carro imbatível e sendo superior aos demais como piloto além de ter um brilhante estrategista à tira-colo, Schumacher foi o multi-campeão da primeira década do século XXI.
No entanto, durante o período em que a Ferrari ainda ressurgia como equipe de ponta, Schumacher precisou mais do que algumas "voltas voadoras" para fazer frente às McLaren-Mercedes. O melhor exemplo foi o GP da Hungria de 1998.
Disputado no circuito/kartódromo de Hungaroring, o 12º GP da temporada trazia Mika Hakkinen como líder do campeonato com 76 pontos, 16 a mais do que o vice-líder Schumacher. Nos treinos se viu o domínio dos pilotos de Woking, fazendo a primeira fila com Hakkinen e Coulthard. Schumacher largou no terceiro posto, pronto para dar o bote no apagar das luzes. Atrás dele vinha o fiel escudeiro Eddie Irvine em 5º. Entre eles, Damon Hill (Jordan) era o 4º.
Na largada, Schumacher ganhou a 2ª posição de Coulthard, enquanto Hakkinen manteve a ponta, abrindo seguros 3s de vantagem para o piloto alemão. Com tudo ocorrendo dentro da normalidade, parecia uma vitória declarada para o finlandês da McLaren. No entanto, Schumacher começa a apertar o ritmo, parecendo mais leve do que o adversário. Prevendo uma estratégia de 3 paradas por parte da Ferrari, os pilotos da McLaren são chamados para o pit de forma intercalada para "encaixotar" o alemão durante suas voltas rápidas.
Não funcionou como o esperado e, após as paradas e algumas "voltas voadoras", Schumacher era o líder da prova. Tendo mais uma parada programada, Schumacher não tinha outra opção a não ser pisar fundo - como pode-se notar no vídeo abaixo.



Mesmo com um carro inferior aos seus dois adversários diretos, o piloto alemão começa a abrir mais de 1s por volta, adotando trajetórias bastnate agressivas e travando os freios em diversos momentos. Até uma saída de pista foi registrada! Entre a volta 43 e a 60 a distância para o 2º colocado já era de 23 segundos, e dentro de algumas voltas seria suficiente para fazer a terceira parada e voltar à frente.
E foi o que aconteceu. Fechando a 77ª volta na ponta, Schumacher vence de forma avassaladora, com 9s de vantagem para o 2º colocado e fazendo a melhor volta da corrida (na volta 60), quase 1s abaixo do tempo da segunda melhor volta, anotada por Villeneuve.
Foi sem dúvida uma exibição de gala de Schumacher, aliando a ousadia da estratégia com a precisão para trocar posições nos pit stops no momento certo e liderando de forma magistral e ininterrupta até o fim da corrida. Uma apresentação digna das 7 maravilhas.
No próximo episódio acompanharemos uma das apresentações mais arrojadas e simbólicas de Schumacher nas pistas: o GP do Brasil de 2006.
Equipe F1 Critics.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

As 7 Maravilhas de Schumi - Introdução


Há coisa de três anos, Marcel Pilatti publicou no GP Total um artigo (em duas partes) intitulado "As 7 Maravilhas de Senna", falando sobre aqueles desempenhos (não somente vitórias) que foram, na opinião do autor, os máximos da carreira de Ayrton Senna ao longo de dez temporadas completas na Fórmula 1.
Agora, nesse início de ano/temporada e que marca o retorno de Michael Schumacher às pistas, faremos um especial semelhante àquele do fim de 2006, mas desta vez falando dos 7 momentos mais geniais da carreira do alemão.
O objetivo não é, de modo algum, opôr aqueles momentos marcantes com os que iremos agora publicar. Muito pelo contrário. O objetivo desse(s) post(s) é só e unicamente louvar os grandes feitos deste que foi um dos melhores pilotos de todos os tempos.
Aos que não entenderem o propósito ou que julgarem querermos apenas diminuir as qualidades do grande Schumacher, só lamentamos. Aliás, cabe aqui dizer que a escolha pelo número "Sete" tem muito mais a ver com história (Pirâmides, Jardins Suspensos, etc) do que com o número de títulos do piloto. E é bom que se diga que Schumacher realizou coisas mais impressionantes que recordes: ironicamente, muitas vezes sequer é lembrado por tais.
A série terá oito posts, contando com essa introdução. Os próximos falarão, cada um, sobre as melhores corridas protagonizadas por Schumacher, sempre com um vídeo ilustrativo. As "Posições" dos GPs serão mostradas em contagem regressiva.
Nesse especial, ficaram de fora alguns momentos incríveis de Schumacher como, por exemplo, o GP (Áustria/2003) que venceu apesar de ter enfrentado um incêndio em seu carro nos boxes. Ou então a corrida (Espanha/1994) em que terminou na segunda colocação tendo seu carro emperrado na 5ª marcha por várias voltas.


A escolha dos 7 GPs como os "Melhores" foi muito subjetiva, mas passou pela concordância dos dois autores do blog, que divergiram muito pouco na elaboração da lista: ambos concordaram com a presença exatamente dos 7 GPs, e a diferença ficou apenas em duas posições: 2º/3º, e 5º/6º.
Naquilo que seria um "top 10", deixamos de fora, ainda, sua emblemática vitória no Japão, em 2000, que trouxe o título de pilotos para a Ferrari 21 anos depois.


Nada que afetasse o resultado final -- excelente.
Semana que vem apresentaremos o primeiro episódio. Esperamos que gostem.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Do Baú... - parte 5

No último dia 3, Michael Schumacher completou 41 anos de idade. Não mais um jovem que precise provar qualquer coisa a qualquer pessoa, o alemão volta à Fórmula 1 pelo time (ou empresa, fábrica, como queiram) que o revelou ao automobilismo.
Muito se falou das oportunidades que Schumy teve de concretizar esse casamento com a Mercedes-Benz. No vídeo a seguir, vemos o alemão (e seu empresário Wili Weber) conversando com Ron Dennis, então chefe da McLaren, em uma festa - não sei precisar qual - depois da temporada de 1993, falando sobre "o futuro". Dennis parece tentar convencer Schumacher a vir para sua equipe.
Ali ele fala em "momento certo". A coincidência aqui fica pelo fato de que em 1995 a Mercedes-Benz iniciaria sua parceria com a escuderia inglesa. 15 anos depois...