segunda-feira, 31 de maio de 2010

GP da Turquia - Comentários

Algumas coisas já começaram a se definir a partir do GP da Turquia... E por isso recomendamos a leitura do texto "Diferenças Sutis", de Márcio Madeira.

sábado, 29 de maio de 2010

Uma imagem vale mais...

creio que não haja legenda que consiga descrever a cara de Vettel.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

GP da Turquia - Preview

Chegamos ao GP da Turquia, uma das etapas "pós-modernas" da Fórmula 1. A partir de 2004, muitas pistas foram criadas em lugares onde não se imaginava que a F1 fosse chegar: China, Bahrein, Coreia do Sul, Emirados Árabes e por aí vai.

Istambul é uma pista muito boa, ao contrário da maioria das "Tilkeanas". E, ao lado de Interlagos e Cingapura, faz o trio de GPs que são disputados no sentido anti-horário (também era assim em Ímola).

Felipe Massa é o maior vencedor da etapa iniciada 5 anos atrás: venceu por lá três vezes (2006, 07 e 08); as outras duas ficaram a cargo de Kimi Raikkonen (2005) e Jenson Button (2009).

Sua trinca iniciou naquela que foi a corrida mais marcante já realizada em solo turco: a vitória de Massa, com pole-position, foi ótima, mas o GP entrou pra galeria dos grandes por conta do duelo interminável entre Fernando Alonso e Michael Schumacher.

Com safety-car logo no início, a Ferrari cometeu o famoso "erro de cálculo" e chamou ambos os pilotos para os boxes. Schumacher ficou parado atrás de Massa e voltou à pista logo atrás de Alonso.

Não conseguiu mais passá-lo até o encerramento da etapa.


segunda-feira, 24 de maio de 2010

Do Baú... - Parte 8

Video interessantíssimo com o grande Emerson Fittipaldi, falando dos planos para a Copersucar para a temporada de 1979, ano em que ele, infelizmente, marcou apenas um ponto. Aliás, no último dia 18 completou-se 30 anos da última vez em que ele pontuou na F-1: foi sexto colocado no GP de Mônaco de 1980.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Mais uma dose...

Das inesgotáveis possibilidades do estudo da Linguística – uma das ciências mais complexas, apesar da aparente simplicidade –, talvez a mais me fascinante é a “Análise do Discurso”. Além de sua utilidade no campo específico das línguas, ela é de tremendo valor quando nos colocamos a investigar o que está implícito na fala de políticos, por exemplo.

Na área referida, muitos nomes se destacam. Peço licença a todos os outros para citar apenas um, o francês Michel Pêcheux.

Pêcheux foi o fundador da teoria que conecta "ideologia" e "linguagem": em outras palavras, ele foi o primeiro a teorizar sobre a materialização de um pensamento através das escolhas lexicais/gramaticais feitas por alguém. Para ele, o discurso era uma espécie de ponto de encontro das duas vertentes.

"Mas o que tudo isso tem a ver com Fórmula 1?", afinal. É que resolvemos, hoje, aplicar uma pequeníssima parcela da teoria de Pêcheux sobre o discurso de um jornalista pertencente à classe citada no último post.

Sempre antenados às informações sobre Ayrton Senna, em virtude dos 16 anos de sua morte não foi difícil constatarmos que a quantidade de matérias relacionadas ao piloto é enorme. Muitos usam da imagem do piloto para atrair leitores/espectadores/etc, seja pra louvar ou para pisar.

E o jornalista Ivan Capelli - da 'família' do Grande Prêmio - seguiu bem a segunda opção.


Já na página inicial do blog há uma foto em tamanho grande de Ayrton Senna. Abaixo, à esquerda, há outra, de Michael Schumacher. Claro, hão de argumentar que "isso acontece devido às atualizações, e sempre a matéria mais recente fica acima". Ótimo.

(Antes de continuar, é importante lembrar que o site GP, na edição de maio de sua nova revista virtual, resolveu prestar uma "homenagem" a Ayrton Senna, lembrando a data de sua morte: 16 desempenhos marcantes do piloto: 8 bons e 8 ruins - uma bela iniciativa falar de erros cometidos quando se recorda uma data especial, não? Sem contar que os comentários sobre as 'grandes' corridas foram sempre no sentido "porém, contudo, todavia, entretanto". Mas isso não vem ao caso, agora).

O texto que fala sobre Ayrton tem o seguinte título: "Pela humanização do ídolo". Já o relativo a Schumacher é chamado "No Limite da Legalidade".

Aqui já podemos começar a pensar em Pêcheux. Ambas as frases têm quatro palavras. A primeira inicia-se com a preposição "pela". Tal palavra (qual "por" e "para") indica o(a) motiv(açã)o ou proposta de algo. Já "no" (em + o) indica lugar, situação. Portanto, a principal diferença que se nota é que enquanto a segunda frase apenas localiza a ação a ser discorrida, ficando neutra, a primeira assume uma postura defensiva, pois está escrevendo em razão de determinado objeto.

"Humanização" X "Limite": o substantivo 'humanização' vem do verbo 'humanizar', que significa 'tornar humano'. Obviamente, você só torna humano algo que não o é. Já 'limite', também um substantivo, em certos casos pode ser visto como fronteira, marca (física ou imaginária) que separa dois pólos. Assim, tanto uma quanto outra palavra estão se referindo a alguma espécie de mudança ou transformação.

"Do" e "Da" (junção de "de" + artigo) são usadas para preceder os substantivos "ídolo" - palavra que pode ser também usada como adjetivo - e "legalidade" (substantivo, apenas). A palavra ídolo, em sua origem, era usada no campo religioso: lembremos que a Bíblia condena a existência de 'ídolos' do ínicio ao fim. Portanto, o "ídolo" é a materialização de algo que não é humano - como visto de ínício.

Já 'legalidade', que vem do adjetivo 'legal' (significando 'pertencente à lei'), se refere a coisas do mundo, dos humanos, do dia-a-dia, a coisas a que todos estão sujeitos.

Analisando ambas as frases, fica tudo muito claro: a sobre Schumacher quer mostrar que ele é, como eu e você, humano; a relativa a Senna quer dizer a mesma coisa: humano como nós (e o autor até explicita isso na gravata de seu texto).

"Ora, então são iguais". Aí é que vem a diferença.

Iremos usar apenas mais duas frases de cada texto, afinal, "é questão de espaço e também de tempo", como diria Lulu Santos. Não se trata de tirar citações do contexto, até porque os links estão aí e você pode lê-los na íntegra. É apenas para mostrar como a teoria de Pêcheux se aplica: a ideologia está sempre por trás das palavras.

No texto "humanizante" lemos: "Ayrton Senna é isso: um herói do esporte, tão grande quanto Oscar Schmidt ou Bernardinho. E tão humano quanto Diego Maradona." Já no "legalizante": "Como se vê, em nenhuma dessas ações Michael Schumacher e sua equipe foram deliberadamente maldosos. Apenas agiram no limite do regulamento."

Reparem: no texto que fala de Senna, Bernardinho e Oscar são usados como "grandes exemplos esportivos", e são vistos como 'iguais a Senna', para o autor. Já Maradona é usado como "exemplo de humanidade" - com sentido negativo -, seja por seu 'gol de mão' ou por seu envolvimento com drogas.

Sem questionar a grandeza pessoal de Oscar e Bernardinho, por que Maradona (responsável pelos únicos títulos da história do Napoli, campeão mundial com a Argentina praticamente sozinho, autor do maior gol da história das copas, etc) não é mencionado por seus feitos esportivos?

No caso de Schumacher, o autor, após citar diversos "erros" (como fez no texto de Senna, também) da carreira do piloto, trata de absolvê-lo de tais, afirmando que ele "não agiu com maldade", e chega a dizer, até, que tais atitudes "se não são nobres, não são de todo ilegais".

Resumindo: "Senna pode ter sido grandioso como os dois, mas também foi vil como o outro". "Schumacher pode ter feito algo pouco louvável, mas agiu nos limites". Perceberam a oposição?

E essa constante ideia de contraste nos dois textos (que seriam, juntos, mais ou menos como um músico que lança um "álbum duplo", ou então o cineasta que filma as "partes 1 e 2" de determinado filme) mostra-se inquestionável no final.

O texto sobre Senna termina assim: "Vencedor, campeão, gênio das pistas. Mas humano".

Já o de Schumacher, dessa forma: "Controverso, mas um piloto muito talentoso e inteligente".

Todo mundo sabe a função da conjunção "mas".

Certa vez, Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (o grande 'Tom'), instado a falar sobre qual seria a diferença entre Nova York e o Rio de Janeiro, respondeu: "Lá [NY] é bom, mas é uma merda; aqui [RJ] é uma merda, mas é tão bom".

terça-feira, 18 de maio de 2010

Engov

Ainda mais patético do que ver o narrador e seus comentaristas defendendo a 'ira' de Barrichello ou elevando Di Grassi ao nível de grande piloto, foi constatar que a torcida de Galvão e cia por Felipe Massa/contra Fernando Alonso (é a mesma coisa, não?) fez com que Michael Schumacher, da noite pro dia, se tornasse o queridinho. Bueno só faltava gritar de alegria com, primeiro, as teóricas aproximações do alemão na caça do espanhol e, depois, com a ultrapassagem punida.
Eles que, mestres em manipular a opinião pública e omitir informações, sempre criticaram o mesmo piloto germânico por conta de sua conduta. Acontece que, antes, Schumacher era o 'cara que arruinou Barrichello'; hoje, ele é o 'irmão mais velho' de Felipe Massa. Demais para o discernimento.
(Nos treinos para o GP da Espanha essa faceta já havia se tornado visível: no início do Q3, Fernando Alonso sai dos boxes e por pouco não se choca com Nico Rosberg, que já havia partido. Galvão Bueno faz com que tal manobra ganhe ares de sujeira das mais desprezíveis, esquecendo-se, por exemplo, de dois momentos ocorridos com Felipe Massa na temporada de 2008 com Adrian Sutil - durante a corrida, o que é mais importante)
Hoje, no Globo Esporte, a tônica seguiu, com Luciano Burti defendendo Schumacher: ele usou-se do termo "ele foi induzido ao erro". Logo em seguida, a apresentador do programa chama a atenção de Burti para o fato de que a Mercedes retirou a apelação que havia iniciado ainda no domingo.
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Vi gente citando a punição dada a Ayrton Senna em Suzuka, 1989, comparando a Mônaco-10, porque, segundo tais, em ambos os casos "quem julgou tinha algo contra/a favor dos envolvidos". Em outras palavras: para estas pessoas, o critério para a punição de Schumacher é o mesmo daquele dado a Senna, pois enquanto Senna tinha contra si o diretor francês Balestre favorecendo seu compatriota (coisa que ele chegou a admitir na polêmica entrevista de 1996) Schumacher tem agora contra si o comissário que quer se vingar do passado: a polêmica batida do GP da Austrália de 1994.
"Um erro não justifica o outro", dizem.
E além de tornarem Hill uma espécie de promotor de Brasília, os mesmos atentaram para o fato de Alonso estar na Ferrari e que "a Ferrari é sempre beneficiada", etc.
Será que eles esquecem que Schumacher esteve na Ferrari entre 1996 e 2009 (até 2006 foi piloto, e entre 07 e 09 ficou entre "Piloto de testes de luxo" e "consultor esportivo")? Será que eles esqueceram do GP do Japão de 1997? Será que eles esqueceram do GP da Malásia de 1999? Será que eles esqueceram do GP dos EUA de 2005? Será que eles esqueceram do GP da Itália de 2006? Será que eles esqueceram da regra dos amortecedores durante 2006? Será que eles esqueceram dos GPs de Valência e da Bélgica de 2008?
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E os camaradinhas que falam do "rancoroso" Hill, tentam limitar os problemas daquela temporada à colisão da última corrida. Não foi só isso, não...


Também hoje, saiu o primeiro comentário de Damon Hill sobre a decisão de punir Schumacher, comentada à exaustão nos últimos dois dias, e usada como prova de manipulação/favorecimento por parte da imprensa, como apontado na coluna do GP Total.

Damon Hill disse que esperava exercer uma função diferente da qual fora designado: "Eu imaginei que estaria lá como consultor, dando um auxílio para os gestores, que então tomariam suas decisões", disse. Para Hill, é questionável "se é justo que os corredores estejam na posição de quem deve interpretar os regulamentos".

Isto posto, o campeão mundial de 1996 afirmou que sentiu "desconforto" por ter de julgar "um incidente envolvendo Michael", mas que "agiu certo" e ser comissário foi "uma experiência fascinante".

Mas o que mais chamou atenção na declaração do ex-piloto foi quando se referiu ao pós-punição: "Já recebi vários e-mails de pessoas me acusando de preconceito".

Certos jornalistas brasileiros, mesmo estando fora da Globo certamente estão não entre os que mandaram e-mail para Damon Hill, mas sim nos que o consideram "vingativo" ou "rancoroso" e mais ainda que vêm a ocorrência da punição "somente" - sic - porque Hill era comissário. Nesse grupo de jornalistas, encontram-se tanto fãs do alemão quanto de Massa, e o interesse em tornar essa falácia numa verdade é distinto, mas culmina com a célebre frase: "O inimigo do meu inimigo é meu amigo".

Assim, temos um caso raro de união entre abutres e papagaios de pirata.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Mr. Mônaco

Impossível falar de Mônaco sem lembrar dele. Vejam a última volta da vitória que consagrou Senna como o maior vencedor da história do GP, superando a marca de Graham Hill:
"Meu pai ficaria feliz de saber que seu recorde foi quebrado por alguém como Senna" (Damon Hill)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

GP de Mônaco - Preview

Mônaco é um dos poucos GPs que está na Fórmula 1 desde a primeira temporada: na corrida de 1950, Fangio sagrou-se vencedor. No entanto, a etapa monegasca esteve fora do calendário entre 1951 e 1954, retornando em 1955 e nunca mais ficando uma temporada de fora.
Ao longo da história, o maior vencedor é Ayrton Senna, que lá venceu por seis vezes, 5 delas de modo consecutivo: em 1987, e de 89 a 93. A seguir, aparecem Michael Schumacher (1994, 95, 97, 99 e 2001) e Graham Hill (1963, 64, 65, 68 e 69). O alemão, portanto, tem a chance de igualar esse é que é um dos raros recordes que não lhe pertencem.
Depois deles, o maior vencedor é Prost, que ganhou 4 vezes: de 1984 a 1986 e em 1988. Importante salientar que, com exceção de 1986, em todas as vitórias do francês Senna foi um potencial vencedor: em 84, o polêmico segundo lugar na corrida cancelada; em 1985, pole e liderança por 13 voltas até a quebra do motor; e 1988, a liderança acachapante, traída por um misto de auto-confiança e inexperiência.
Jackie Stewart (1966, 71 e 73) e Stirling Moss (1956, 60 e 61), que lá ganharam três vezes, são os últimso que passaram de duas vitórias. Outros pilotos com mais de uma vitória: Fangio (50 e 57), Lauda (75 e 76), Maurice Trintignant (1955 e 58), Jody Scheckter (1977 e 79), David Coulthard (2000 e 2002) e Fernando Alonso (2006 e 2007).
Além do espanhol e de Schumacher, dos atuais apenas Lewis Hamilton (2008), Jenson Button (2009) e Jarno Trulli (2004) chegaram à glória de vencer uma etapa nas ruas do pequeno país. A ausência mais notável no nome dos vencedores sem dúvida é a de Jim Clark. Dizem que um dos objetivos de vida que o escocês tinha era o de vencer no principado. Mas a morte chegou antes.
Dado o histórico e o charme da pista, é impossíel não esperar uma corrida boa, principalmente pela previsão de chuva. Porém a chance de ultrapassagem é pequena. Mas não inexistente...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

GP da Espanha - Comentários

O GP da Espanha foi ainda mais chato que o do Bahrein, não acham? Pouquíssimas ou nenhuma ultrapassagem, grande maioria posições iniciais mantidas, enfim...
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Semana passada, fizemos aqui algumas apostas, e algumas delas têm se confirmado, outras não: aquelas de números pares deram sinais de que podem não se confirmar; as ímpares, mostraram o contrário. Vejamos.
Foi dito que Schumacher superaria Rosberg ao longo do ano, podendo vencer uma corrida antes do compatriota (aposta 1); dissemos que Alonso não mais seria superado por Massa (3); e afirmamos que Kubica provavelmente ganharia 100% das classificações contra Petrov (5).
A julgar pela Espanha, todas os supramencionados estão "corretos": Schumacher foi mais rápido que Rosberg o fim-de-semana todo e colheu um ótimo quarto lugar ante o pobre 13º do companheiro; Alonso, qual Schumacher, também derrotou Massa o fim-de-semana inteiro, e chegou ao pódio vendo o companheiro num sexto lugar apagado; E Kubica - nem precisava apostar - não tomou conhecimento do colega novato.
Já nas apostas ímpares, tivemos um revés: Webber largou na frente de Vettel (foi dito que Sebastian aplicaria em Mark a maior goleada nos treinos das equipes ponteiras); Button abriu mais vantagem em relação a Lewis (afirmamos que Hamilton tenderia a superar Jenson); e Sutil fechou em sétimo (jogamos que ele fará um pódio).
Na questão de Webber e Vettel, realmente parece que está havendo mais equilíbrio, com uma reação do australiano - e os casos das equipes Ferrari e Mercedes estão levando a crer que a RBR não tem a maior diferença de pilotos; na Force India, parece muito mais uma questão de "falta de vaga" no pódio do que demérito de Sutil...
E na McLaren, Hamilton foi melhor que o companheiro todo o tempo, tendo largado à sua frente, e durante a corrida ganho uma posição ao passo que Button perdera uma - mas corrida só acaba quando termina, e Lewis Mansell aprontou das suas...
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Massa pela primeira vez admitiu o que já vinha sendo especulado: está tendo dificuldades de adaptação no trato com os pneus, coisa que está latente em Hamilton e, em grau muito menor, em Vettel. É o famoso estilo de pilotagem. Em Hamilton e Button, isso tem feito toda a diferença, e agora ficou mais evidente em Alonso e Massa.
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Schumacher finalmente ficou à frente do companheiro, e tratou de fazê-lo com estilo: nos treinos livres, na classificação e na corrida foi-lhe superior. Uma frase de Rosberg, essa semana, fez o prenúncio do que estava por vir: depois de ouvir vários comentários na imprensa com relação ao "novo pacote" da Mercedes, Nico denunciou sua fragilidade ao responder perguntando: "por que o novo carro seria melhor só para Michael?".
Por quê eu não sei, mas até aqui só Schumi tirou proveito das mudanças, e Rosberg afirmou que achou o carro difícil de pilotar...
Lembram da polêmica causada por uma declaração de Rubinho no começo da temporada?...
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Fato é que Schumacher andou muito bem, e adaptou sua grande estratégia de antigamente: nos boxes, ganhou a posição de Button. O inglês tentou de todas as maneiras, mas Schumacher, fazendo o que o próprio Jenson fizera com Alonso na Malásia, não permitiu. Pelo menos ele não tentou passar por fora. Schumacher foi limpo em todas as manobras e mostrou como, mesmo com um carro mais lento, é possível defender posições.
Porém, uma coisa ficou bem clara na performance de Michael: apesar da técnica permanecer, ele já não é mais tão rápido como era, nem de longe: sua volta mais rápida foi a 10ª melhor do dia (apenas para efeito de comparação, a de Button foi a 5ª, quase 4 décimos à frente) e sua velocidade máxima atingida foi apenas a 20ª: 303 km/h, contra os 312.2 de Massa, o mais veloz - Button atingiu 311.4.
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Bem, Mônaco está logo aí, e vamos ficando por aqui.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Senna X Mansell

Ayrton Senna e Nigel Mansell passaram para a história com algumas memoráveis batalhas: a mais lembrada de todas, certamente, é a de Mônaco-1992, onde duelaram pelas 5 voltas finais, Mansell atrás de Ayrton, tentando ultrapassá-lo de todas as maneiras, sem sucesso. O Leão disse que nunca viu "um McLaren tão largo", e que "parecia haver três carros" à sua frente.

Outro grande épico da carreira de ambos foi o GP da Hungria de 1989, reconhecida como uma das maiores vitórias de Mansell depois de Inglaterra-1987. Lá, o inglês protagonizou uma das grandes ultrapassagens da história recente da Fórmula 1.

Mas, conforme prometido, iremos nos focar nos GPs ocorridos na Espanha, e também no maior país da península ibérica houve dois momentos históricos dessa disputa. Por razões distintas, são alguns dos mais importantes da Fórmula 1 recente.

Episódio 1: Jerez/1986

Senna e Mansell disputavam a liderança não somente da corrida mas também do campeonato. Alternaram a primeira colocação, e nas voltas finais, aparecem colados. Na entrada da reta de chegada, Senna está à frente de Mansell...



A diferença de ambos no final foi de apenas 0.014s, o que significa, em termos oficiais, a terceira chegada mais apertada de todos os tempos, somente atrás dos 0.011 de Rubens Barrichello e Michael Schumacher nos EUA-02, e dos 0.01 de Peter Gethin para Ronnie Peterson, na Itália-71.

Porém, podemos entender a disputa de Senna/Mansell como a mais apertada de todos os tempo pelo seguinte: no caso de Barrichello/Schumacher, o alemão cedeu a vitória ao brasileiro, portanto, a chegada foi premeditada; e no caso de Gethin/Peterson, os cronômetros não registravam milésimos, de modo que a diferença pode ter sido de 0.010, mas também pode ter sido 0.019.

Episódio 2: Barcelona/1991

Esse foi o ano em que Mansell e Senna polarizaram suas equipes e o campeonato em torno de si. Senna havia disparado na frente nos primeiros 4, mas a Williams já demonstrava ser o melhor carro, e dominou de modo flagrante pelo menos 8 (da 5ª à 9ª, e da 12ª à 14ª) das doze etapas seguintes.

A grande diferença se dava no motor - não necessariamente na potência, mas no usufruto desta. Naquele dia, a McLaren esboçava uma reação, com Berger na pole e Senna (3º) ultrapassando Mansell (2º) logo na largada. Porém, problemas de estratégia reduziram a vantagem da McLaren a pó, e na grande reta Mansell entrou colado em Senna...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Gilles

Em maio de 2006, Luís Fernando Ramos publicou no GP Total um texto com o seguinte título: "A Maior Corrida de Ayrton Senna". Na verdade, não se tratava de nenhuma das vitórias ou provas de recuperação protagonizadas por Senna.

O artigo falava daquele que talevz tenha sido o mais eletrizante Grande Prêmio de Fórmula 1 em solo espanhol, e um dos maiores de todos os tempos. E não porque tenha acontecido algum daqueles desempenhos individuais acachapantes, mas sim por ter sido uma corrida disputadíssima: apenas 1,5 segundos separavam o 1º e 5º colocados na linha de chegada.

Na coluna, Ramos reproduz uma frase de Senna sobre o espetáculo: "Nem antes, nem depois houve um Grande Prêmio com a mesma qualidade deste. Só de assistir deu para ficar com as mãos suadas. Meus cumprimentos a todos os pilotos que participaram desta incrível corrida".

O vencedor? Um certo Gilles Villeneuve...

Fica aqui nossa singela homenagem a esse grande piloto, que completará 28 anos de falecimento no próximo sábado.

terça-feira, 4 de maio de 2010

GP da Espanha - Preview

Na semana do GP da Espanha, vamos relembrar um pouquinho da história da Fórmula 1 no país.

Houve duas corridas de F-1 em solo espanhol na década de 50: 1951 e 1954. Na primeira, deu Fangio; na segunda, Mike Hawthorn. Ambas as etapas foram disputadas no circuito de Pedralbes. O próximo GP oficial só aconteceria em 1968, no circuito de Jarama.
Até 1975, Jarama (anos pares) revezou a sede da corrida com o circuito de Montjuich (ímpares), sendo essa alternância interrompida por conta do terrível GP de 1975, um dos mais tristes da história da categoria: o aerofólio do carro de Rolf Stommelen se soltou e atingiu fatalmente cinco espectadores.


Haveria corridas em Jarama até 1981 (não houve corrida oficial em 1980), depois ocorrendo uma pausa nas provas da Espanha até 1986, quando o GP foi realizado em Jerez de la Frontera. Até 1990 seria assim, e a partir de 1991 a Fórmula 1 mudou-se definitivamente para Barcelona, no circuito de Montmeló.


O maior vencedor da história dessa etapa não é difícil adivinhar: Michael Schumacher, que por lá triunfou 6 vezes: 1995, 1996, 2001, 2002, 2003 e 2004. Depois dele, vêm Mika Hakkinen (1998, 99 e 2000), Alain Prost (1988, 90 e 93) e Jackie Stewart (1969, 70 e 71), todos com três triunfos.
Nigel Mansell (1991 e 92), Ayrton Senna (1986 e 89), Kimi Raikkonen (2005 e 2008), Mario Andretti (1977 e 78) e Emerson Fittipaldi (1972 e 73) completam a lista dos que venceram mais de uma vez. Além de Schumacher, apenas Felipe Massa (2007), Fernando Alonso (2006) e Jenson Button (2009) venceram dentre os pilotos atuais.
Aguardem os próximos posts, pois relembraremos grandes momentos do GP da Espanha...

domingo, 2 de maio de 2010

16 anos... - parte 2

Para relembrar a data, confiram aqui um video com os 5 grandes acidentes ocorridos na curva onde Senna perdeu a vida: numa cronologia triste, Nelson Piquet se acidentou na classificação de 1987 e não pôde participar da corrida; Gerhard Berger foi salvo em meio às chamas no GP de 1989; Michele Alboreto, em testes durante 1991, teve acidente plasticamente quase idêntico ao de Senna e fraturou duas costelas; Patrese, nos treinos livre de 1992, teve seu carro completamente arrebentado, e sofreu uma concussão. Em 1994...

É importante lembrar que a Tamburello deixaria de existir em 1995 dando lugar a uma chicane, vários metros distante do muro. O último GP de San Marino aconteceu em 2006.

sábado, 1 de maio de 2010

16 anos...

Um desafio que deve nortear todo aquele que queira fazer jornalismo esportivo (não falo apenas de Fórmula 1) no Brasil é encontrar a linha que separa o papagaio de pirata Galvão Bueno e o abutre Flavio Gomes. E falando de Senna e sua morte, esse desafio se torna um gigante difícil de ser batido.
No entanto, 16 anos atrás, o carioca Fernando Calazans - importante membro da ESPN Brasil - conseguiu. No artigo que reproduziremos abaixo, lançado no seu belo livro "O Nosso Futebol" (uma compilação de suas crônicas sobre o esporte mais popular do mundo, e outros, publicada em 1998), Calazans faz uma importante reflexão sobre o piloto e o personagem histórico-cultural que Senna (independente do que digam GB ou FG) foi.
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"Ayrton Senna, o imortal das pistas"
Uma noite, Nelson Rodrigues chegou em casa depois de jantar com amigos. Percebeu no rosto de sua mulher o prenúncio da notícia fatídica que ela lhe daria, sem jeito, minutos depois: Guimarães Rosa tinha morrido.
Guimarães Rosa era, segundo as confissões do próprio Nelson, um dos poucos escritores de quem tinha inveja - e vocês sabem que a inveja literária é, como observou Paulo Francis no seu "Diário da Corte", um dos sentimentos mais fores do ser humano.
Nelson conta que, depois de se entir um pulha com a abominável sensação de alívio por causa da morte do formidável rival, dobrou-se por fim à realidade e, chocado com a notícia e com sua reação, teve ímpetos de perguntar à mulher: "Mas como morreu, se estava vivo?"
Foi, com certeza, a mesma pergunta que se fizeram milhões de brasileiros, em face da notícia da morte de seu maior ídolo dos últimos tempos: como morreu, se estava vivo uma fração de segundo antes de se chocar com o paredão da morte em Ímola?
E outras perguntas mais: como morreu se uma fração de segundo antes do choque, era um tricampeão mundial correndo a 300 quilômetros por hora a caminho do tetra? Como morreu se tinha 34 anos e estava no auge da perícia, da forma técnica e física, e em plena maturidade? Como morreu se era o maior piloto de todos os tempos? Como morreu se, feito Guimarães Rosa nas letras, era também imortal?
Eis um elemento interessante que não consigo intuir: não sei se foi Ayrton Senna que convenceu seus fãs de que era imortal ou se foram os fãs que convenceram a ele. Sei que Senna e toda a imensa legião de sennistas tinham como líquida e certa sua imortalidade.
Apesar da minha admiração pelo piloto, nunca consegui controlar uma certa implicância com muitos de seus fãs, e que decorria da implicância que estes tinham com Alain Prost. Ou que decorria, antes mesmo do antagonismo criado por eles: a coragem de Senna e o medo de Prost.
Entre as tantas frases evocadas na histórica edição de ontem do jornal, nenhuma me toca mais do que esta, de Prost: "Protestei muito mas não tive apoio, as pessoas preferiam dizer que eu tinha medo. E eu só queria segurança."
Para ser o antípoda de Prost, Senna era obrigado a provar, dia após dia, que não tinha medo. Seus fãs não permitiriam que tivesse. Tinha que ser o mais mveloz no sol ou na chuva, na pista limpa ou desuntada de óleo, nos circuitos de baixa ou de alta, quando pudesse ultrapassar ou quando não pudesse, quando tinha carro ou quando não tinha, com ou sem segurança.
Senna tinha que cultivar por obrigação própria e pela obrigação que os fãs lhe impunham, a fantasia da imortalidade, enquanto Prost já sabia que na realidade na Fórmula 1 não existem imortais. Se ele, Prost, não cuidasse de si mesmo, ninguém mais cuidaria. E Prost se cuidou. Eis por que é chamado de "Professor" e eis por que está vivo.
E há uma outra frase, de Senna, igualmente significativa: "Minha vida é correr. É como comer ou beber, simplesmente preciso disso." Pela primeira vez na vida, Senna amanheceu domingo sem vontade de correr e revelou pelo telefone à sua namorada o que Frank Williams já havia pressentido na véspera. A julgar por sua frase, sem vontade de correr ele já estava perdendo um pouco da vida.
Agora, os fãs que julgavam Senna imortal provavelmente nunca mais verão um piloto como ele.
03 de maio de 1994