quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Sobre Rubens...

11 voltas! Eis o número de giros que Rubens Barrichello precisava completar no autódromo de Interlagos para que chegasse ao total das 71 previstas para o GP. Analisando todas as outras 16 participações do piloto brasileiro em seu circuito favorito, vê-se que Barrichello foi o líder em nada menos que 60 voltas (!).
Logicamente, as voltas lideradas não são cumulativas, e assim não é permitido que alguém vença um GP "a longo prazo". Mas esses números só servem para nos mostrar quão bem Barrichello consegue andar nessa pista, ainda que os resultados finais sejam miseráveis contra ele.

Como dito, Rubens liderou um total de 60 giros na pista paulistana: foram 23 em 1999, 2 em 2000, 3 em 2002, outras 2 em 2003, novamente 3 em 2004 e, por fim, as 20 da edição do último domingo. Portanto, temos que em 6 GPs diferentes Barrichello assumiu a liderança. 6 GPs distribuídos ao longo de 10 anos, pilotando por três equipes diferentes: pilotava uma Stewart (motor Ford) em 1999, estava de Ferrari nas quatro edições seguintes e, finalmente, na Brawn-Mercedes em 2009 (É importante lembrar que, dessas seis etapas, em metade ele partiu da pole: 2003, 2004 e 2009).

Você, leitor, crê que tal(is) desempenho(s) possa(m) ser considerado(s) ruim(ns)? Eu não.

Vejamos: em quantas dessas corridas Barrichello dispunha do melhor carro? Somente em 2003, quando abandonou devido a uma inconcebível pane seca, e em 2004, quando teve problemas de estratégia (pneus-chuva). Nas outras quatro ocasiões, não tinha o melhor equipamento: em 1999, sua Stewart estava muito aquém de McLarens e Ferraris, pra não mencionar outras equipes; na última edição, claramente a Red Bull tinha o melhor conjunto.
Sobram os anos de 2000 e 2002: No primeiro, Rubens largou em sexto e abandonou após uma "pane hidráulica" (nome genérico dado pela Ferrari a todo e qualquer problema que ela não saiba determinar ou explicar); em 2002, partiu em oitavo, muito mais leve, e chegou à primeira posição com relativa facilidade, novamente abandonando pelos mesmos motivos apresentados dois anos antes.
(Lembro-me de uma cena, em 2002: após ter abandonado, Barrichello veio caminhando e, quando passava em frente aos torcedores, sinalizava girando o dedo indicador, como quem diz "fica pra próxima". No ano seguinte, fez a pole, e esteve muito perto da vitória...)
Antes do GP de 2009 - na verdade, meses antes - comentei com pessoas próximas que, na minha concepção, vencer o GP do Brasil era, para Barrichello, algo tão ou mais importante que o próprio campeonato mundial. Disse isso baseado só e unicamente naquilo que percebo através das atitudes de Rubens: paixão pela torcida, adoração pelo autódromo, e desejo de reconhecimento nacional.
Não sei até que ponto meu raciocínio parece correto, mas creio ter sido esse o maior obstáculo para que Rubens vencesse em Interlagos nesse e nos 16 anos anteriores: por mais que tivesse excelentes desempenhos em pistas dificílimas, e tivesse no currículo nada menos que três vitórias em Monza - coisa que muitos na história quiseram/tentaram mas pouquíssimos conseguiram - Barrichello nunca se viu completamente satisfeito com tais conquistas.
Em consequência, essa expectativa transferiu-se à população e à imprensa.
Não considero, como disse de início, algo justo para com Barrichello (e para com o entendimento e a análise) dizer que ele é/foi um fracassado ao longo de sua carreira por não ter sido campeão do mundo, em primeira instância, ou por não ter vencido o "GP de casa", em grau menor: logicamente, 11 abandonos, apenas um pódio e um total de 15 pontos em 17 GPs é algo difícil de se aceitar, mas quando se compreende o contexto no qual tais números estão inseridos, é possível relativizá-los e perceber que eles, em condições normais, teriam sido no mínimo cinco vezes melhores.
Da mesma forma que dois (três?) vice-campeonatos mundiais, 11 vitórias, 14 poles, o recorde de participações em GPs e a quarta maior pontuação da história não podem ser desprezados jamais.

7 comentários:

Djalma Camargo disse...

Perfeito! Repito: Perfeito!

Unknown disse...

Eu acho que não existe maior desempenho de anfitriões na Formula 1 do que dos brasileiros, talvez não em números, mas na reconhecida superioridade em relação aos demais na corrida em si. Senna e suas duas espetaculares vitórias, as duas (três) de Massa e vários bons desempenhos de Rubens como descrito na matéria. No Q1 desse ano, Barrichello foi soberbo.Faltou mesmo a vitória de 2003 que não podia ter escapado, e todo esse papo de azar no Brasil seria muito mais ameno.

Jorge Nasser disse...

Considerando volta de classificação,a mais rápida da pista é dele com 1'10.646 em 2004

Lucas disse...

Você critica Flávio Gomes por ser parcial (muito bom, inclusive, o seu post). Porém, acho que esse post foi de uma parcialidade incrível a favor de Rubens Barrichello em alguns pontos:

1) Foi tendencioso quando mostra que faltam 11 voltas para Barrichello completar 71 voltas como líder do GP Brasil. Ora, isso em toda a carreira! Isso é uma estatística tão boa assim a ponto de se considerar bons os desempenhos de Rubens no GP Brasil? Na minha opinião, não.

2)Ok. Também não considero Barrichello um fracassado na sua carreira. Talvez ele se considere mais do que a gente, pois a sua expectativa e confiança em conquistar um título mundial é muito maior do que de toda a população brasileira.

3) Achei o post também tendencioso quando coloca entre parênteses uma alusão ao terceiro vice campeonato de Barrichello. Qualquer um que acompanhe e entenda de Fórmula 1 sabe que Vettel é o favorito ao vice campeonato.

Barrichello está longe de ser um fracassado. Mas também está longe de ser um piloto que será lembrado na Fórmula 1 pelo seu enorme talento. Ele não tem todo esse talento. Teve bons lampejos ao longo da carreira.

Sem citar a sua passagem pela Ferrari, devido a tudo o que aconteceu, vou me ater à sua passagem pela Honda/Brawn. De quem foi a única vitória da equipe Honda? Jenson Button. Quem conquistou o campeonato de 2009 com uma corrida de antencedência? Jenson Button. Button não é um piloto brilhante, está longe disso. Mas se Barrichello fosse todo esse talento que os seus fãs brasileiros pintam, ele teria dado mais trabalho a Button na conquista do título. Se ele fosse todo esse talento mesmo, seria ele o campeão mundial de 2009.

Por isso, achei o post tendencioso, assim como os posts de Flávio Gomes. É preciso ser coerente e não ser tendencioso para nenhum dos lados.

Repito: não considero Barrichello um fracassado, mas ele também está longe de ser um talento que será sempre lembrado na Fórmula 1.

F1 Critics disse...

Obrigado aos amigos Djalma, Henrique e Jorge por sempre se fazerem presentes aqui.

Sobre o post do Lucas:

Não entendo em que momento você viu parcialidade no que diz respeito a distorção dos fatos. Se eu gosto de Barrichello? Sim. Torci por ele? Claro.

mas sempre procurei ser imparcial, e talvez por você ter chego no nosso blog justamente nesses posts, tenha perdido vários outros nos quais tecemos críticas ao piloto. È só você procurar nos arquivos, especialmente em comentários de corridas, que voc~e verá.

Por exemplo, no post "Teoria da Relatividade" (junho de 2009, 3 post), reproduzimos uma matéria que fala das declarações - tolas - de Rubinho. Ainda, colocamos a foto do capacete do piloto no GP Brasil de 1995, criticando a escolha.

Se você for no post "Notícias - Parte 8" (o 3º de maio desse ano) verá uma coluna assinada por mim, em que simplesmente esculacho o piloto.

Na matéria "Notícias - Parte 2" (fevereiro/09) proponho que talvez fosse melhor Barrichello jogar golfe.

Enfim, só cito tais matérias para mostrar que não houve nenhuma parcialidade naquilo que escrevi. Se, de repente, pra você dizer que o cara "Não é fracassado" é o mesmo que dizer que ele "é o melhor de todos os tempos", o problema não está na autoria nem na obra.

Apenas o defendemos das ridículas opiniões que o chamam fracassado e que acham ridícula sua pilotagem.

das críticas pontuais:

- o "3" entre parênteses com um ponto de interrogação demonstra que eu opiniei dizendo que ele SERÁ O VICE CAMPEÃO ou que é o favorito? Não, de jeito nenhum

Pelo contrário, o simples fato de ali haver uma interrogativa, quer dizer que há a possibilidade: pode-se afirmar que "sim, não, Talvez", diria Caetano Veloso.

E das 60 voltas. Pô, bicho.

no texto do Flávio Gomes eu disse que certamente escrevo bem pior que Machado de Assis, mas não achei que fosse tão ruim assim!

Cara, Senna, até vencer a primeira aqui, em 1991, tinha feito 4 poles (86, 88, 89 e 90), liderado várias voltas, e, por um ou outro motivo (carro ifnerior em 86, problemas no carro + desclassificação em 88, acidente múltiplo em 89, "japa" em 90) só havia "fracassado", e teria hoje um desempenho "a la Rubens".

rubens passou pelo mesmo crivo, e a redenção viria em 2003.

Senna ficou coma 6ª marcha em 91 e o "corte de combustível" em 93, e venceu.

concluo qu Senna seja melhor que Rubens.

Descobri a América?

Não deixei claro que as voltas lideradas eram em toda a carreira? Não expliquei o porquê de os desempenhos de Rubens não poderem/deverem ser considerados ruins?

Você acha mesmo algo ruim largar em terceiro com uma BOMBA chamada Stewart? E liderar 23 voltas com aquilo? Acha ruim a corrida de Rubens em 2002 ou 03? Não foi o infortúnio que o impediu de triunfar?

Talvez agora elogiar alguém é ser parcial?

Eu omiti fatos, como o Sr. gomes fez nas colunas citadas? inventei coisas?

Pense bem no que é ser parcial.

Abraços

F1 Critics disse...

Outra coisa, lucas: seu comentário está publicado, apesar das críticas.

já tentou fazer o mesmo no blog do Gomes?

qualquer um que o critique diretamente é deletado sumariamente.

Lucas disse...

Realmente o espaço para debate aqui é muito melhor. Já tive vários comentários não publicados pelo Gomes. Eu só acho que não devemos pender para nenhum dos lados, nem para a crítica cega, nem para os elogios eufóricos a Rubens Barrichello.
Não me alongarei nesse debate. O meu comentário e a sua resposta já estão bastante completos. Entenda que as críticas são construtivas, jamais destrutivas. Afinal de contas, você ganhou mais um leitor.
Abraço.