segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Desafio das Estrelas (ou Desfazendo Mitos - Parte 4)

Rubens Barrichello foi o grande vencedor da corrida de kart promovida por Felipe Massa, em Florianópolis. Trata-se de um evento que está tornando-se cada vez mais importante no calendário automobilístico (brasileiro), uma vez que alguns dos principais pilotos da Fórmula 1 e de outras categorias comparecem.
Barrichello é notoriamente conhecido como um dos melhores kartistas da história, e permanece como um dos melhores do mundo até hoje. E isso pode/deve ser dito não apenas por essa vitória, mas por tudo que o piloto já realizou nessa categoria.
Porém, essa vitória não acresce nenhum significado à carreira da Barrichello no sentido de "provar" alguma coisa: não é por essa vitória que Barrichello mostrou que "merece a vaga na Honda", como ele mesmo falou ao final da primeira bateria, nem tampouco "deixa claro que só perdia pro Schumacher na Ferrari pelo contrato", como querem alguns.
Por outro lado, também foram extremistas os que, ano passado, usaram a vitória de Schumacher no mesmo desafio (e é importante lembrar que Rubens havia sido 3º, no geral; esse ano, Michael foi 8º) como "mais uma conclusão de que Schumy está acima dos demais". Foram diversas as celebrações, em 2007. "Schumacher regulou o carro melhor"; "Mesmo sem estar na F-1, ele ainda é o melhor"; "Os equipamentos são iguais, aí sobressai o braço", e por aí vai.
Mas o engraçado é que com a vitória de Barrichello e o desempenho no máximo bom de Schumacher, a corrida de Florianópolis perdeu o sentido, deixou de ser conclusiva: "Barrichello só ganha quando não vale nada"; "Schumacher veio passear"; "Schumacher só estava se divertindo", "deixou ele vencer" ou ainda "Barrichello foi sujo" e "O Kart do Schumacher era pior".
E é bom lembrar que Barrichello não apenas somou mais pontos nas duas corridas, como foi mais rápido que Schumacher nos dois treinos livres e na classificação, além de ter anotado a melhor volta da segunda bateria.
É o famoso ditado "dois pesos, duas medidas" [nesse caso, um peso]: sempre que um outro piloto - de preferência o fraco Rubens Barrichello - realiza algo superior a Schumacher, deve haver alguma razão, porque isso "jamais aconteceria".
Fato semelhante ocorreu no final do ano passado, também, quando Schumacher, após um ano de aposentadoria, realizou testes com a Ferrari, em Barcelona: o alemão terminou o dia na primeira colocação. Foi motivo de destaque em blogs e até mesmo na Rede Globo: "mesmo parado, Schumacher ainda é o mais rápido", ou ainda "se tivesse disputado o mundial desse ano, ganhava com certeza".
Espera aí: o Schumacher, com sua Ferrari, vai fazer testes aos quais não comparecem Fernando Alonso, Lewis Hamilton, e nem os pilotos oficiais do time [Massa e Raikkonen], termina em primeiro, e isso é prova de que ele teria sido campeão mundial? Não entendi.
E foi levantado também que dois pilotos haviam realizado o mesmo "feito" de Schumacher, muito antes, porém, ninguém os tratou como "campeões para sempre", aqueles que "basta entrar no carro, com a idade que for, que vence qualquer um".
- Mario Andretti deixara as pistas no final de 1981, GP dos EUA (última do ano). Em 1982 foi convidado para disputar o GP da Itália (penúltima corrida do ano) pela Ferrari. Cravou a pole.
- Alain Prost se retirou das corridas ao final da temporada de 1991, após o penúltimo GP. teve em 1992 um "ano sabático". Voltou em 1993. Cravou a pole no GP da África do Sul, abertura da temporada.
E, da mesma forma que Mario Andretti, campeão mundial de 1978, e Alain Prost, tetra-campeão mundial (1985/86/89/93), foram esnobados nesse caso, o mesmo acontece com Barrichello, agora.
Por quê?

3 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
speed disse...

Barrichello é um dos melhores,pra mim, o gp da Alemanha de 2000 será uma das melhores corridas que vi,fora que esse ano chegou em terceiro lugar com uma Honda no gp da inglaterra.