quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

"Meninos, eu vi..." - parte 3

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Colaboração especial de Djalma Camargo Neto
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Depois de mostrarmos dois grandes episódios da Fórmula 1 mais recente, o F1 Critics viaja 17 anos no tempo para relembrar o uma corrida muito especial, o Grande Prêmio de Mônaco de 1992.
Especial porque marcou um duelo espetacular, entre Ayrton Senna e Nigel Mansell, dois dos principais pilotos da geração dos anos 80, e dois dos melhores pilotos da história da Fórmula 1. E seria especial por ser uma das maiores façanhas que o esporte a motor já viu...
As expectativas antes da corrida eram enormes: em caso de vitória, Mansell teria o maior número de vitórias seguidas numa mesma temporada, empatando com Alberto Ascari (1952). Se Senna vencesse, igualaria o recorde de Graham Hill, de 5 vitórias e 4 consecutivas no circuito.
Mas o que fez desse duelo ser diferenciado de todos outros, foi uma coisa: a disparidade entre os equipamentos.
As Williams vinham favoritas para a prova, e a McLaren de Senna era inferior; Mansell havia vencido as cinco primeiras corridas da temporada, anotando a pole-position em todas elas, e a equipe inglesa fez quatro dobradinhas nessas cinco corridas: apenas na Espanha não, por abandono de Patrese.
Assim, toda a superioridade dos carros do inglês e do italiano, tornavam uma vitória de Senna quase impossível. Quase...
No treino classificatório Mansell fez a pole, e seu companheiro de equipe o segundo tempo. Senna, tirando tudo de sua Mclaren, largaria em terceiro. Mas equipamento nenhum seria capaz de deter duas qualidades cruciais de Ayrton: a técnica inigualável, e conhecer aquelas ruas como a palma da mão.
Começa a corrida, Senna ultrapassa Patrese, e pula para segundo. Assim tudo seguiu por 70 voltas, Senna em segundo tentando buscar o Inglês. Na volta 71, surge a oportunidade do brasileiro pular na ponta, o "Leão" vai aos boxes, e o tri campeão assume a liderança.
Mansell era o segundo, e partia com tudo para retomar a ponta: anotou a volta mais rápida, com o tempo de 1'21.598, no giro 74. Senna, com todas as dificuldades que tinha, não abriria mão daquela vitória. Mas como segurar "aquela Williams"? Mansell tirava de um lado, de outro, mostrava o carro no retrovisor de Ayrton, e o brasileiro segurando o ímpeto do Leão.
A pressão se tornou constante, e nas últimas três voltas, Mansell com o carro muito melhor, usando de sua habilidade, tentava de tudo, Senna na garra, e na técnica, ia mantendo a liderança, a torcida vibrava quando os carros passavam colados, a diferença era de pouco mais de 250 milésimos, mas era Senna quem ditava o ritmo.
Na penúltima volta, os dois entram de lado na chicane da saída do túnel, e assim foi , até que eles abriram a última volta. Mansell tenta de tudo, mas não é o suficiente, prevalece o talento de Ayrton, que faz o inglês deixar gravada na história a seguinte frase: "Nunca vi um mclaren tão largo, pareciam haver três carros na minha frente, mas não tenho do que reclamar, ele foi extremamente limpo". A foto acima mostra como Mansell ficou desgastado com a batalha.
Os dois recebem a bandeira quadriculada, praticamente colados, a diferença foi de 0.215, Senna derrota Mansell e a Williams num duelo fantástico na pista, e iguala o recorde de Graham Hill.
Acompanhe abaixo, as últimas três voltas, desse duelo histórico.



É até hoje, considerada uma das mais belas vitórias de Senna, e um verdadeiro milagre esportivo. As maiores provas disso são que a Williams conseguiria dez vitórias, nas 16 provas do campeonato (Mansell 9, Patrese 1), contra 5 da Mclaren (Senna 3, Berger 2), e uma da Benetton, a primeira de Michael Schumacher na carreira.
O time de Frank Williams conseguiria também 15 poles (Mansell 14, Patrese 1), o único a marcar pole, fora as duas Williams, foi Senna, com uma no GP do Canadá. Com isso, Mansell conseguiu o recorde de quatorze poles numa só temporada, que dura até hoje.
E ainda, mais três recordes, conseguidos pelo "Leão" naquele ano:
- Cinco vitórias seguidas no ínicio de uma temporada, duraria 12 anos, até ser igualado em 2004, por Schumacher (curiosamente, o alemão fez a sexta corrida também em Mônaco);
- vencer o campeonato antecipadamente na décima primeira corrida em 16 (superado por Schumacher em 2002, ao vencer na 11ª de 17 etapas);
- Vitórias no mesmo ano, nove; Igualado por Schumacher em 1995, 2000 e 2001, e só superado pelo maravilhoso carro da Ferrari com Schumacher, em 2002.

4 comentários:

Anônimo disse...

Meninos, meus parabéns!! O blog ta show!!! E meu irmãozinho arrebentou na participação hein!!! aheuaehaue


bjussss

F1 Critics disse...

o texto do djalma ficou realmente órimo, e a foto de mansell só vem a ilustrar a verdadeira guerra travada entre os dois. eu tenho lembranças muito claras dessa vitória...
abraço,
marcel

Anônimo disse...

essa realmente é histórica. tem que ter muito braço pra segurar aquele williams... gênio!

Anônimo disse...

Belissima participação Neto... bjo meu querido! ;)