quinta-feira, 30 de julho de 2009

Get Back!

Schumacher voltou. Vai voltar, melhor dizendo. O que será que vai acontecer?
Fazer predições, agora, só em casos extremos: de um lado, a galera que já prevê 3 vitórias em duas corridas (é mais ou menos essa a média); do outro, aqueles que pensam que Schumacher lutará duramente com Alguersuari. Há, também, quem ache que o alemão fará uma corrida modesta, mas eficiente.
Tudo passará a ser minimamente respondido no dia 21 de agosto, data do primeiro treino livre para o GP da Europa de Fórmula 1, disputado no circuito de rua de Valência, Espanha.
Fica difícil dizer qualquer coisa. Trata-se de uma surpresa, sim. E mostra que, como já disse uma vez Gerhard Berger, na Ferrari a primeira reação é sempre a de negar a notícia (especulação), depois tentar utilizá-la a seu favor: nessa semana, Wili Weber, o empresário do alemão, havia negado o retorno.
E ponto para Niki Lauda, que foi quem trouxe à tona a possibilidade do heptacampeão substituir Massa, e foi praticamente chamado de "gagá" por Galvão Bueno no último GP.
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Por falar no piloto austríaco, é justamente ele que vamos relembrar hoje.
Andreas Nikolaus Lauda chegou na Fórmula 1 em 1971, disputando o Grande Prêmio da Áustria, correndo pela March. Da sua estreia até 1973, Lauda obteve números modestos: pontuou apenas uma vez, no GP da Bélgica de 73, quando foi o quinto colocado.
Mas apesar de a matemática não comprovar, o desempenho de Lauda foi bom o suficiente para despertar a atenção da Ferrari, e trazê-lo a Maranello para correr em 1974. Foi então que o sucesso aconteceu.
Naquele ano, ele foi o segundo colocado logo no primeiro GP, e obteve sua primeira vitória já na quarta corrida. Naquele que foi um campeonato disputadíssimo (sete vencedores diferentes em 15 GPs), Lauda foi o quarto colocado, com duas vitórias.
No ano seguinte, uma temporada em que a Ferrari obteve larga vantagem sobre as demais equipes em alguns GPs, Lauda conquistou seu primeiro título com uma prova de antecipação.
Em 1976, o domínio carro-piloto se manteve (o piloto marcou 7 pódios nas primeiras sete corridas!), e ele era franco favorito ao bicampeonato. Foi então que a fatalidade aconteceu.
Em Nürburgring, Lauda sofre um dos mais terríveis acidentes da história da categoria, queimaduras múltiplas que o deformam, e passa 42 dias no hospital.


Voltando (três corridas depois, semelhantemente ao Schumacher de 1999 que retornou após ter quebrado uma perna), Lauda pouco pôde fazer: diante de um James Hunt que dirigia uma McLaren na melhor forma, o austríaco marcou apenas um pódio em quatro etapas, diante das duas vitórias do inglês. Hunt foi campeão por um (!) ponto de vantagem sobre Lauda.
Mas em 1977 o segundo título finalmente veio. Pontuando em 12 das 17 etapas (3 vitórias), Lauda levou o caneco com duas provas de antecipação e 17 pontos de vantagem para o vice-campeão, Jody Scheckter.
Entretanto, apesar das várias vitórias, ao final da emporada o casamento Ferrari-Lauda estava desfeito, e em 1978 o então bicampeão muda-se para a Brabham, equipe pela qual José Carlos Pace corria no ano anterior, antes de falecer.
Lauda venceu dois GPs naquele ano, mas não pôde disputar o título. Em 1979, divide a equipe com um certo Nelson Piquet, que fazia sua primeira temporada completa na categoria. Numa temporada horrorosa para a equipe (foram 7 pontos e a oitava posição no mundial de construtores!) Lauda marca mais pontos e larga mais vezes à frente do "meio estreante" mas opta por abandonar as pistas ao final do campeonato.
Lauda tinha 30 anos, mas dizia que sua decisão era irrevogável: ele estava "cansado de andar em círculos" e iria concentrar suas atenções na companhia área da qual era proprietário.
Passaram-se dois anos, um vice (1980) e um título (1981) para aquele companheiro de equipe de Niki Lauda, até que as propostas tentadoras de Ron Dennis e da McLaren fizeram com que o bicampeão mundial voltasse à ativa.
Agora, com 33 anos de idade e mais de dois sem realizar qualquer atividade automobilística (a não ser assistir alguns GPs in loco durante 1981, como o Schumacher de 07/08), Lauda tem desafios e perguntas a seu respeito: poderá ele competir novamente em alto nível? Poderá ele enfrentar as ascendentes Renault e Ferrari? Como ele irá encarar estrelas como Gilles Villeneuve e seu ex-companheiro, atual campeão?
Seu primeiro GP após o retorno foi bom, analisando-se sob o aspecto ausência: o austríaco obteve um quarto lugar. Na etapa seguinte, no Brasil, abandona logo na 11ª volta após batida com Carlos Reutemann.
GP dos Estados Unidos, Long Beach. Era apenas a terceira corrida após sua volta, mas Lauda marcava um belíssimo segundo lugar no grid de largada (o pole, acreditem, foi o recordista de abandonos na F-1, Andrea de Cesaris).
Lauda não parte bem, perdendo a segunda posição para René Arnoux. Logo depois, o piloto Bruno Giacomelli faz uma manobra arriscada para ultrapassar o ex-ferrarista mas acaba tirando a si e a René Arnoux da disputa. Na segunda posição e com pista livre, tudo o que Niki Lauda precisava fazer era acelerar.
Na 15ª volta, ele gruda em de Cesaris, e no momento em que o italiano se preparava para ultrapassar um retardatário, Lauda lança mão de toda sua experiência e executa bela manobra, assumindo a primeira posição que não mais perderia.


Lauda venceria mais uma corrida naquele que é considerado o mais estranho campeonato da história da F-1 (foram 11 vencedores em 16 etapas): O GP da Inglaterra. Ao todo, somou 30 pontos e foi o 5º colocado no mundial.
Em 1983, tudo indicava um retorno de Lauda e McLaren ao topo, após o piloto conquistar dois pódios nas primeiras duas etapas (na segunda, inclusive, conseguiu uma dobradinha com John Watson, sendo que os pilotos largaram em último e penúltimo!).
No entanto, as equipes que vinham com motores turbo dominaram de modo pungente, e Lauda marcou apenas dois pontos nas 13 etapas restantes. P'ra completar, anunciava-se que Alain Prost (o vice-campeão de 1983) era o novo piloto da McLaren.
1984 inicia-se com vantagem para o piloto francês: nas primeiras seis etapas, Prost é o primeiro colocado em três delas, e ainda marca um segundo lugar, ao passo que Lauda obteve duas vitórias mas não pontuou nas outras quatro corridas.
Com um breve período dominado por Nelson Piquet (o brasileiro venceu duas provas seguidas, Canadá e Detroit) na altura da metade do campeonato, Lauda assinala uma arrancada fenomenal, marcando pontos em todas as últimas sete corridas, sendo que esteve no pódio seis vezes (três vitórias e três segundos).
Dessa maneira, ele chegou ao seu tricampeonato com a menor diferença campeão-vice já registrada na Fórmula 1: meio ponto. Tudo por conta do lendário GP de Mônaco...

Em 1985, já esgotado e super desmotivado, Lauda foi apenas o décimo colocado no campeonato. Mas, antes de ir embora, venceu o GP da Holanda.

3 comentários:

Anônimo disse...

Até o capacete do Schumacher ficou totalmente 'Lauda'. Coincidência ou ironia do destino?

Eu encaro essa volta do Schumacher como uma faixa bônus, pois na minha cabeça sua carreira já encerrou. Primeiro foi um baita susto com a notícia, depois o medo por sua integridade física, mas agora vê-lo animado com esse desafio supera qualquer dúvida que eu tenha.

Larissa

Unknown disse...

será interessante acompanhar seu desempenho... ele vai querer se aparecer, certeza!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.