sexta-feira, 13 de junho de 2008

Canadá 2008 (balanço)


Na sua coluna de hoje (ver em: http://ultimosegundo.ig.com.br/paginas/grandepremio/materias/489501-490000/489665/489665_1.html ) Reginaldo Leme afirmou, categoricamente “Massa saiu no lucro” – falando do GP do Canadá, e Mônaco, também. Pois eu concordo em gênero, número e grau com nosso mais famoso jornalista de Fórmula 1 do Brasil. Mas as razões talvez não sejam as mesmas.

Massa saiu no lucro, sim, pois não se esperava que ele fosse além de 10 pontos na soma desses dois GPs, isto é, dois quartos lugares; saiu no lucro porque ninguém cogitava que ele pudesse somar que mais de 10 pontos, coisa que, de fato, aconteceu. Mas saiu no lucro porque, embora não tenha feito nada de excepcional, seus principais rivais deixaram a desejar.

Hamilton foi brilhante em Mônaco, mas terrível no Canadá. No fim das contas, somou os mesmos pontos que Felipe. Kimi foi ainda pior: embora tenha marcado a volta mais rápida em ambos os GPs (algo que tem sido uma constante), não pontuou em nenhum: em Mônaco, erros incontáveis; no Canadá, vítima das barbeiragens de Lewis.

Com isso, Massa que antes das provas somava 28 pontos contra os mesmos de Lewis, e tinha 7 de desvantagem para Kim, agora vê-se 3 pontos a frente do companheiro e com a mesma pontuação do inglês, perdendo no critério de desempate porque o inglês teve um abandono contra dois do brasileiro.

Massa saiu no lucro porque, mesmo cometendo erros como a escapada em Mônaco e a fraca classificação no Canadá (que lhe tiraram chances de vitória em ambas as corridas) conta agora com as circunstâncias a seu favor, pois os rivais diretos tiveram dias ainda piores.

É fato que Kimi não deverá mais cometer barbeiragens e Hamilton não cometerá as mesmas proezas do Canadá (tenho lá minhas dúvidas...). Massa cometeu duas grosserias, também, mas ambas no início do ano (Austrália e Malásia). Kimi também contabiliza dois erros capitais (Austrália e Mônaco), assim como Lewis (Bahrein e Canadá).

Quem sai bem nessa é Kubica, piloto “de ponta” que pontuou em mais GPs (6 de 7), e o único que não teve abandono em virtude de erro (Austrália). Lidera com méritos, e não por mera sorte: desde quando não errar é ser sortudo? E desde quando errar é azar?

Estive fazendo um levantamento, e constato que Massa, em 2007, estava com mais pontos a essa altura do campeonato e, principalmente, tinha maior vantagem para Kimi.

Vejamos:

Classificação do Mundial 2007 após a 7ª etapa:

1 – Hamilton (58)
2 – Alonso (48)
3 – Massa (39)
4 – Kimi (32)

Classificação atual:

1 – Kubica (42)
2 – Hamilton (38)
3 – Massa (38)
4 – Kimi (35)

Podemos notar que Felipe tinha, então, 1 ponto a mais do que soma hoje, enquanto que Raikkonen somou 3 a menos que atualmente. Isso significa que a diferença de Felipe para Kimi, hoje em 3 pontos, era de 7, ano passado.

Outra coincidência (?) é que, no ano passado, Felipe foi igualmente mal nas duas primeiras etapas, e depois teve uma melhora súbita:

Classificação do Mundial 2007 após a 2ª etapa:

1 – Alonso (18)
2 – Kimi (16)
3 – Lewis (14)
(...)
5 – Massa (7)

Classificação 2008:

01 – Hamilton (14)
02 – Kimi (11)
(...)
12 – Massa (0)

Podemos notar que, embora Felipe não tenha ido tão mal quanto esse ano (haveria como?) a diferença para seu companheiro de equipe era quase a mesma (9 em 2007, 11 nesse ano).
Em 2007, Felipe venceu a 3ª e 4ª estapas, e foi terceiro na quinta, enquanto que Kimi teve um terceiro, um abandono e um oitavo. Portanto, na 5ª corrida de 2007 o brasileiro somava 33 pontos contra 23 do companheiro. Nesse ano, antes de Mônaco, Massa tinha 28 pontos, Kimi 35.


Massa, no Brasil - 2006: "será que ele agüenta?"

O final do campeonato de 2007, todo mundo sabe: Massa foi o 4º no mundial, o único que não chegou à margem de 100 pontos, e o que obteve menos vitórias: venceu 3, contra 4 de cada um da McLaren, e 6 do finlandês.

Raikkonen venceu nada menos que 5 corridas a partir da 8ª etapa de 2007. E foi justamente na França e na Inglaterra (próximas duas do calendário atual) que começou a descontar a diferença para Felipe, até acabar com 16 pontos a mais que o brasileiro.

Pelo que vimos, esse ano Kimi está mais próximo Felipe do que esteve no ano anterior. Logo, a tendência é que ele se aproxime e vença mais. Mas não somos futurólogos.

Um ponto importante é que Massa tinha, em 2007, dois pilotos super combativos na McLaren como adversários. Esse ano, também enfrenta dois outros fortes adversários, mas estão em duas equipes diferentes (Lewis na McLaren, e Kubica na BMW), e que são consideravelmente menos potentes e confiáveis que a Ferrari.

Vamos aguardar e ver.

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