segunda-feira, 29 de março de 2010

GP da Austrália - Comentários

Mais uma vez, recomendamos àqueles que quiserem uma cobertura decente e detalhada sobre a corrida da Austrália uma visita ao Última Volta.
Tivemos vários destaques nesse memorável GP. Vamos ao "Top 5" dos pilotos.
- Robert Kubica foi, do ponto de vista "posições ganhas" e também sob a ótica "o que fazer com esse carro?", o melhor de todos os 24 que alinharam em Melbourne.
Ele entrou pra galeria de Vettel (Monza-2008) e Fisichela (Bélgica-2009) como um dos poucos que conseguiram inverter de ponta-cabeça o fator carro na Fórmula 1 pós-2000. Corridaça.
Sua largada já foi algo impressionante, dado o número de posições que conquistou naquele pequeno espaço de tempo. Além disso, é sempre importante lembrar que Kubica obteve o pódio em seu segundo GP pela Renault, quando, nas últimas temporadas, a equipe só conseguiu chegar entre os três primeiros a partir de setembro.
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- Jenson Button foi o vencedor, e naturalmente deve ser destaque.
Quando Button colocou pneus lisos - salvo engano, ele foi o primeiro a fazê-lo - estava indo para o 8 ou 80: todas as outras equipes estavam de olho no que aconteceria com o inglês e a partir disso repetiriam sua ação ou não. Ao sair dos boxes, o atual campeão mundial deu uma breve escapada, mas logo em seguida demonstrou que vinha para vencer. E todo mundo foi aos boxes.
Pouco antes disso, Hamilton o havia superado, e poucos foram os que não pensaram que Button estava passando a ser destruído pelo compatriota. No entanto, logo veio a estratégia, o brilho, e a vitória. Como afirmou Marcio Madeira no UV, "Digam o que quiserem sobre Jenson Button. Menos que ele não tem coração de campeão".
Quero comentar, também, o fato de que os cronômetros mostravam fulano sendo mais rápido que Button, mas a tocada do inglês continuava a mesma. Ele precisava acelerar mais? Não. Se precisasse, tenham certeza de que aquela diferença não seria a mesma.
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- Felipe Massa também teve uma largada sensacional - talvez melhor que a de Kubica -, passando três pilotos.
Entretando, o narrador quis a todo custo que crêssemos em duas coisas: 1) Felipe foi o piloto mais pressionado em todo o GP; 2) A Ferrari foi a culpada da perda de "x" posições - ou seja, de um eventual segundo lugar, até mesmo da vitória. Não foi isso o que aconteceu.
No decorrer da prova, Massa teve pouco brilho, mas foi competente para responder à altura quando era ameaçado, ou mesmo para buscar as posições perdidas (ele e Webber alternaram várias vezes).
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- Fernando Alonso foi responsável pelo "heartbeating" do final da prova. Não bastasse a imensa quantidade de posições ganhas (muitas, uma obrigação), o desempenho do espanhol nas últimas 9 voltas, especialmente naquelas em que controlou Hamilton, justificou o regulamento sob o ponto de vista "trazer emoções", como querem os dirigentes.
Uma aposta arriscada feita pela Ferrari (não trocar mais os pneus), que talvez fosse por água abaixo tivessemos ali outro piloto que não o bicampeão mundial. O mais importante foi a mudança de trajetória em pontos e momentos decisivos para que Hamilton "adiasse" o seu bote.
E a freada tardia na curva que culminou na batida de Webber em Hamilton foi digna de dizer que a F1 está voltando aos velhos tempos: confesso que a primeira lembrança que tive quando vi a manobra do espanhol foi a de Nelson Piquet, também na Austrália, 20 anos antes.



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- O quinto e último grande destaque entre os pilotos foi o supracitado Lewis Hamilton. Sua decepcionante classificação no sábado (nem chegou ao Q3) foi totalmente esquecida com sua ótima apresentação. Cada vez mais Hamilton se confirma como o mais espetacular dos atuais pilotos, embora isso nem sempre signifique qualquer superioridade.
Aliás, é importante destacar aquilo que Eduardo Corrêa comentou certa vez, no início da temporada, sobre Button ter uma condução mais suave que a de Lewis. Arrisco dizer que a McLaren é, em termos de pilotos, a equipe mais heterogênea.
Ao fim e ao cabo, Hamilton realizou as melhores ultrapassagens do GP (sobre Rosberg, por exemplo) e o acidente que fê-lo perder uma posição ao final não foi sua culpa.
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Gostaria de fazer outros comentários, um geral e outro específico.
O primeiro é em relação a algo que tem se tornado uma espécie de necessidade na F-1 atual: elogiar Sebastian Vettel. Não o vejo, ainda, como um gênio. Acredito que ele ainda tem muito que mostrar, principalmente na sua postura: não o culpo pelos problemas enfrentados no Bahrein e na Austrália que, oficialmente, foram todos de ordem mecânica: me refiro ao "eles vão ver" de sábado.
O piloto já está em sua terceira temporada completa. Portanto, já está na hora de dosar suas declarações e euforia. Que me chamem de recalcado, etc, mas é o que penso. Um grande campeão não é feito só de velocidade.
E o meu segundo comentário é sobre outro alemão, o maior deles, Michael Schumacher.
Li hoje que a imprensa europeia está pichando o piloto. Foram apenas duas corridas, numa delas ele teve desempenho discreto, e em outra foi apagado, é verdade. Mas tudo isso faz parte de seu período de readaptação, e eu creio firmemente que ele ainda irá melhorar muito, pois sua maior característica ao longo da carreira foi a tenacidade.
Por enquanto, mantenho a "aposta" que fiz ao final do ano passado, quando do anúncio de sua volta.
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E falando em Schumacher, o acidente que fez com que ele e Alonso fossem para o fim do grid, e que causou a perda de alguns postos a Button, lembrou muito aquele do início da temporada 1989: em Jacarepaguá, Senna, Berger e Patrese se envolveram em batida semelhante à da Austrália:



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A Fórmula 1 parece estar, aos poucos, voltando às suas grandes épocas. Por fim, pode-se dizer que essa prova foi a melhor desde a lendária Interlagos-2008. E que venha a Malásia.

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