quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

As 7 Maravilhas de Schumi - Episódio VII: Espanha 1996

*você pode acompanhar um resumo das primeiras 4 maravilhas no site GP Total.

Chegamos ao final da série que conta as maiores façanhas de Schumacher nas pistas de F-1 (e deixamos muita coisa de fora) falando daquela que é quase uma unanimidade entre especialistas quando a pergunta é “qual foi a maior corrida da carreira do alemão?”: Barcelona, 1996.

Trata-se de seu melhor desempenho na história de seus 250 GPs e 15 temporadas completas por conta de uma série de fatores. E sua performance foi tão “fora do comum” que deve ser classificada como uma das melhores apresentações de todos os pilotos ao longo dos 60 anos de existência da categoria.

Num “TOP 5” de todos os tempos hipotético, creio que esse episódio tem lugar cativo, obviamente abaixo do Fangio de Nurburgring-1957, mas disputando palmo a palmo com o Senna de Donington-1993 ou Suzuka-1989 e com o Jim Clark de Monza-1967.

Ok. Agora é preciso explicar os motivos de tamanha classificação.

Primeiro: Schumacher não tinha o melhor carro. Já debatemos aqui sobre a qualidade ascendente da Ferrari a partir da temporada de 1994, quando voltou a vencer. Porém, mesmo retomando o trilho das vitórias, não era um carro de ponta. Além disso, as Williams, naquele 96, haviam voltado ao nível assombroso de 1992-93.

Segundo: Schumacher, terceiro no grid, enfrentou problemas no dia da corrida, tendo de alinhar com o carro reserva. Todo o seu preparo (acerto) havia ido por água abaixo, literalmente. Terceiro: como não bastasse, o carro de Schumi morre na largada (lembram do Senna do Japão-88?) fazendo com que ele perdesse cinco posições logo de início: o alemão fez a primeira curva em oitavo.

Diante de tudo isso, seria preciso fazer mágica para até mesmo conquistar a terceira posição dos treinos do dia anterior. E foi o que Schumacher fez. Superou os sete adversários que vinham à sua frente em apenas doze voltas. A ultrapassagem sobre Alesi (a mesma vítima do episódio 3), para chegar ao segundo lugar, foi especialmente bonita.

O que Schumacher realizou a partir do momento em que chegou a liderança não está no gibi: ele marcou a melhor volta do dia – como de costume –, mas desta vez teve algo a mais: foi simplesmente 2,2 segundos mais rápido que o segundo nesse quesito! E terminou com uma vantagem de 45 segundos para Alesi, algo soberbo.

E o melhor ainda não foi dito: o F310 chegou a perder um cilindro (o que resulta em perda considerável de velocidade, especialmente nas retas)! E Schumacher ainda falou sobre o frio (“insuportável”) que sentiu no cockpit: lembram do Senna de Interlagos-91?

Essa foi a vigésima vitória da carreira e Schumacher, e sua primeira com a Ferrari. Nada mais perfeito para tal ocasião.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

As 7 Maravilhas de Schumi - Episódio VI: Mônaco 97

Todo grande piloto que se preze tem em seu currículo uma vitória no lendário circuito de Mônaco. Schumacher tem 5. E sem dúvida, a 3ª foi sua melhor apresentação nas ruas do principado.

Tendo um carro inferior às Williams, tudo que Michael precisava era de um GP como Mônaco, em um circuito que diminui bastante as diferenças entre os euquipamentos, deixando a parte decisiva na mão dos pilotos. Ainda mais com tempo chuvoso.
Desta forma, Schumacher conseguiu um lugar na primeira fila, ao lado da Williams de Frentzen, e bem a frente de Villeneuve, com a segunda Williams. Frentzen, na pole, largava com pneus para seco, mesmo vendo que seus adversários calçavam borracha para piso molhado. O resultado veio logo na largada: Schumacher passou como quis e assumiu a ponta já na primeira curva.
A partir daí, veio o massacre: no final da primeira volta, já tinha 6,6s de vantagem para o segundo colocado. Na segunda, 11,5s. Na terceira, 15,7s. E na quinta volta, incríveis 22,1s separavam a Ferrari do seu adversário mais próximo, debaixo de chuva torrencial.
O ritmo alucinante se manteve até que a vantagem de Schumacher girasse em torno dos 30s, o que permitiu ao piloto alemão realizar sua parada nos boxes com tranquilidade e retornar ainda na primeira posição.
Após os pits, seria suficiente administrar a vantagem - como se fosse fácil fazê-lo debaixo de raios e trovôes. Mesmo assim, o piloto da Ferrari manteve o ritmo forte durante várias voltas, chegando a abrir mais de 1 minuto de vantagem para o segundo colocado. Tal risco não passou em branco, já que na volta 53 Schumacher perdeu o controle do carro na Ste Devote, e quase joga uma corrida brilhante pela janela.
Daí para frente, Schumacher passou a controlar o ritmo, mantendo uma vantagem de 53s até o fim da corrida, que devido ao excesso de chuva acabou com 62 das 78 voltas programadas, no limite de tempo de 2 horas.

Certamente, naquele dia presenciamos um dos maiores massacres de um piloto sob condições adversas. Podemos dizer que esta atuação colocou Schumacher de vez no hall dos Grandes Mestres da Chuva.

Um abraço, e comentem!

As 7 Maravilhas de Schumi - Episódio V: Bélgica 95

Com todo o mérito, Michael Schumacher tem seu nome inscrito, entre outras dezenas de recordes, como o piloto que mais obteve vitórias no GP da Bélgica. Spa-Francorchamps, pista mítica onde Clark foi rei, Ayrton Senna imperou com a McLaren e Raikkonen foi o nome da última década, viu por seis vezes Shumi ser o primeiro colocado: em 1992, 95, 96, 97, 2001 e 2002 o alemão cruzou a linha de chegada à frente de todos os concorrentes.
Com a exceção das duas últimas - muito mais por conta da superioridade acachapante dos carros Ferrari do que por qualquer falta de brilho do alemão -, todas elas testemunharam pilotagens ou momentos especiais de Schumacher: a primeira na pista belga foi também a primeira de sua carreira, numa das raras derrotas das Williams naquele ano; em 1996, mais uma vez na chuva, novamente superou carros melhores; em 1997, um início de prova tão bom quanto o de Senna em Donington/1993. Mas, certamente, o maior desses triunfos foi aquele de 1995.
Naquele ano, Schumacher chegava a Spa em uma posição confortável no campeonato: apesar de Hill ter vencido a etapa anterior - Hungria - Schumacher tinha 11 pontos e 3 vitórias a mais que o inglês e Johnny Herbert, companheiro de Shumi na Benetton, vinha levando vantagem sobre Coulthard no duelo dos "segundos pilotos". A Williams tinha um conjunto melhor, mas o fato de ambos terem o mesmo motor fazia com que o talento de Schumacher sobrepusesse eventuais diferenças de equipamento.
Naquele dia em Spa, vimos um grid totalmente atípico devido às condições climáticas: a primeira fila seria composta pelas duas Ferrari (Berger e Alesi, respectivamente) e a terceira posição seria de Mika Hakkinen. Os postulantes ao título vieram apenas na oitava (Hill) e décima-sexta (Schumacher) colocações.
Com um misto de ultrapassagens e problemas nos ponteiros (Hakkinen rodou na segunda volta, Alesi teve quebra de suspensão na quarta), Schumacher rapidamente estaria entre os líderes: na sexta volta já era o quinto, e na 11ª era o quarto. Com a quebra do então líder Coulthard na 13ª, Schumacher pulou para terceiro e, ultrapssando Berger, uma volta depois, era segundo.
Quando Hill - então primeiro colocado - foi aos boxes para efetuar sua troca de pneus, Schumacher optou por manter-se na pista com os pneus slick, e deu-se início a um dos maiores duelos da história recente da Fórmula 1. Mesmo com o inglês chegando a girar 6 segundos mais rápido na sua volta à pista (Hill girou em 2m17s, Schumacher, 2m23s), Schumacher não deu brechas e só seria superado quando escapou da pista.

Após algumas alternâncias de posição entre os dois, Schumacher consolidou-se em primeiro e terminou a corrida com quase 20 segundos de vantagem. E abriu mais 15 pontos no certame.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

As 7 Maravilhas de Schumi - Episódio IV: Malásia 01

O início da temporada 2001 foi marcado pela liberação da eletrônica embarcada nos carros - proibida desde o início de 1994. Na época, o que muitos alegavam era que estes auxílios tenderiam a nivelar por baixo os pilotos do grid, permitindo a pilotos medianos se equiparar com os de nível superior.

No entanto, logo no GP da Malásia, o 2º da temporada, Michael Schumacher mostrou ao mundo que não é só de auxílios eletrônicos que se faz uma verdadeira obra prima.

Tendo feito a pole nos treinos, Schumacher precisou trocar para o carro reserva momentos antes de alinhar no grid, decisão forçada por um vazamento de óleo. Apesar da previsão de chuva, a grande maioria dos pilotos decidiu partir com pneus de seco.

Após um começo tumultuado (foram necessárias duas largadas), Schumacher liderava Barrichello com folga quando Panis deixa um rastro de óleo na pista ao ter problemas no motor. A mistura de óleo e sujeira na pista fez as duas Ferrari escaparem na mesma curva, porém sem prejuízo para os carros - apenas a perda de posições.

A chuva começa a cair fortemente, e a parada nos boxes para pneus de chuva não poderia ter sido pior para Schumacher: quando entrou a vaga no pit estava ocupada por Barrichello, que ainda trocava seus pneus. Como se não bastasse, o piloto alemão ainda teve de esperar mais 72s para que fosse retirada a sujeira localizada na entrada dos radiadores de Barrichello, resultado da saída de pista antes do pit.

Ao voltar à pista, Schumacher era o 11º dos 16 carros que ainda sobravam. tendo trocado para pneus intermediários (ao contrário dos adversários, que optaram por pneus de chuva). A partir deste momento começa o show: virando 5s mais rápido por volta que o líder da prova (D. Coulthard), o piloto da Ferrari ultrapassou 5 carros (incluindo Barrichello em um lindo movimento por fora, e Hakkinen no fim da reta) em duas voltas, assumindo a liderança com autoridade na volta 15, em que passou Coulthard sem tomar conhecimento do adversário. Neste momento Barrichello aproveitou e assumiu a segunda posição do piloto escocês.

Não satisfeito com a liderança, Schumacher continuou rodando em ritmo alucinante até a volta 25, quando já havia dado uma volta até no 7º colocado, e aberto uma vantagem de 1 minuto para o segundo colocado, Barrichello.

Daí pra frente, o piloto alemão manteve distância segura de todos os outros, fazendo uma corrida particular e vencendo com grande autoridade.