quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

"Meninos, eu vi..." - parte 5

Amigos, chegando ao último post da série, veremos a(s) primeira(s) volta(s) de Fernando Alonso na Hungria, em 2006.
Esse momento é anterior à ultrapassagem de Schumacher, colocada aqui no último post. Era um momento crítico para Alonso e a Renault, pois Schumy conseguira três vitórias seguidas, e começava a se aproximar perigosamente, depois que os amortecedores de massa da Renault foram banidos.
Nos treinos livres, Alonso fica transtornado com Robert Dornboos, da Red Bull, e fecha perigosamente o piloto ao final da reta. Com isso, Fernando é punido, e acaba tendo de largar da 15ª posição no Grande Prêmio. Parecia tudo perdido.
Mas é nesses momentos de pressão e dificuldades que os grandes pilotos se destacam.
Luiz Fernando ramos, do GP Total, descreveu a obra-prima do espanhol dessa maneira:
"Fernando Alonso foi ainda mais espetacular. O espanhol também largou por fora e ganhou algumas posições na primeira curva, mas saiu dela como recheio de um sanduíche de BMWs e Red Bulls. Ainda assim, ao longo da volta, foi deixando todos eles para trás e ainda jantou Felipe Massa na última curva em uma manobra arriscada, mas decisiva. Foram nove posições ganhas.
Alonso seguiu seu show, deixando todos na pista com pinta de crianças a bordo de triciclos. Seu ritmo era absurdamente mais rápido que o resto: na quarta volta, ultrapassara Schumacher - por fora - para assumir o quarto posto. Vinte voltas depois, já líder, estava colocando uma volta no alemão.
Em que pese a superioridade dos Michelins sobre os Bridgestone naquelas condições iniciais, o campeão estava andando forte o tempo todo, labuzando-se sobre a cautela e/ou o medo dos rivais naquele piso com pouquíssima aderência.
O período de Safety Car neutralizou a vantagem do espanhol, mas sua vitória parecia mais do que certa, até o episódio da porca mal apertada tirá-lo da corrida".
Ele acabou não vencendo a corrida, mas entrou para a história.


sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

"Meninos, eu vi..." - parte 4

Em 2006, houve uma eleição do "melhor e o pior do ano" no GP Total. Quem clicar no link, rolando a página para baixo, poderá encontrar a minha lista. Minha escolha naquele ano foi de Michael Schumacher vencendo na China. Os motivos, coloquei assim: "Por uma ousadíssima ultrapassagem, por toda a esperança dada aos seus torcedores, por voltar à briga em uma luta já tida por perdida".
Vamos relembrar rapidamente: Naquele ano, Alonso liderava o campeonato desde a primeira corrida, e chegou a obter 4 vitórias seguidas. Ao final da 9ª etapa - exatamente a metade do ano - ele liderava com 84 pontos diante 59 de Schumacher. Uma diferença muito grande, advinda principalmente pelo fato de Schumacher ter abandonado uma corrida, e ter estado fora do pódio em outras duas.
Mas a partir da segunda metade, Alonso teria enorme dificuldades com o banimento dos amortecedores do renault, e Schumacher começou a descontar essa diferença... Na Itália, Schumacher vence, e Alonso tem um motor estourado. Assim, quando a F-1 chegou à China, a diferença entre os dois era de míseros dois pontos (108 a 106).
Alonso marca a pole, e Schumacher é apenas o sexto. No início da prova, o espanhol chega a abrir 20 segundos de vantagem mas, depois de um erro de estratégia da Renault, Schumacher (3º) e Fisichella (2º) facilmente ultrapassam o espanhol, que perdia muito tempo com pneus intermediários na chuva. A partir daí, a luta pela vitória ficaria entre os dois, embora Alonso ainda conseguisse registrar a volta mais rápida na parte final da corrida.
Schumacher vai aos boxes fazer sua troca uma volta antes de Fisichella, que ainda liderava. Logo em seguida, Fisichella faz seu pit-stop, e volta ainda na frente do alemão. A decisão de Schumacher é instantânea, e rápida, como ele sempre foi. Uma despedida digna do piloto. Com essa manobra e a conseqüene vitória, Schumacher chegava a 116 pontos, mesmos de Alonso, mas liderava o campeonato pela primeira e última vez no ano pelo número de vitórias.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

"Meninos, eu vi..." - parte 3

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Colaboração especial de Djalma Camargo Neto
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Depois de mostrarmos dois grandes episódios da Fórmula 1 mais recente, o F1 Critics viaja 17 anos no tempo para relembrar o uma corrida muito especial, o Grande Prêmio de Mônaco de 1992.
Especial porque marcou um duelo espetacular, entre Ayrton Senna e Nigel Mansell, dois dos principais pilotos da geração dos anos 80, e dois dos melhores pilotos da história da Fórmula 1. E seria especial por ser uma das maiores façanhas que o esporte a motor já viu...
As expectativas antes da corrida eram enormes: em caso de vitória, Mansell teria o maior número de vitórias seguidas numa mesma temporada, empatando com Alberto Ascari (1952). Se Senna vencesse, igualaria o recorde de Graham Hill, de 5 vitórias e 4 consecutivas no circuito.
Mas o que fez desse duelo ser diferenciado de todos outros, foi uma coisa: a disparidade entre os equipamentos.
As Williams vinham favoritas para a prova, e a McLaren de Senna era inferior; Mansell havia vencido as cinco primeiras corridas da temporada, anotando a pole-position em todas elas, e a equipe inglesa fez quatro dobradinhas nessas cinco corridas: apenas na Espanha não, por abandono de Patrese.
Assim, toda a superioridade dos carros do inglês e do italiano, tornavam uma vitória de Senna quase impossível. Quase...
No treino classificatório Mansell fez a pole, e seu companheiro de equipe o segundo tempo. Senna, tirando tudo de sua Mclaren, largaria em terceiro. Mas equipamento nenhum seria capaz de deter duas qualidades cruciais de Ayrton: a técnica inigualável, e conhecer aquelas ruas como a palma da mão.
Começa a corrida, Senna ultrapassa Patrese, e pula para segundo. Assim tudo seguiu por 70 voltas, Senna em segundo tentando buscar o Inglês. Na volta 71, surge a oportunidade do brasileiro pular na ponta, o "Leão" vai aos boxes, e o tri campeão assume a liderança.
Mansell era o segundo, e partia com tudo para retomar a ponta: anotou a volta mais rápida, com o tempo de 1'21.598, no giro 74. Senna, com todas as dificuldades que tinha, não abriria mão daquela vitória. Mas como segurar "aquela Williams"? Mansell tirava de um lado, de outro, mostrava o carro no retrovisor de Ayrton, e o brasileiro segurando o ímpeto do Leão.
A pressão se tornou constante, e nas últimas três voltas, Mansell com o carro muito melhor, usando de sua habilidade, tentava de tudo, Senna na garra, e na técnica, ia mantendo a liderança, a torcida vibrava quando os carros passavam colados, a diferença era de pouco mais de 250 milésimos, mas era Senna quem ditava o ritmo.
Na penúltima volta, os dois entram de lado na chicane da saída do túnel, e assim foi , até que eles abriram a última volta. Mansell tenta de tudo, mas não é o suficiente, prevalece o talento de Ayrton, que faz o inglês deixar gravada na história a seguinte frase: "Nunca vi um mclaren tão largo, pareciam haver três carros na minha frente, mas não tenho do que reclamar, ele foi extremamente limpo". A foto acima mostra como Mansell ficou desgastado com a batalha.
Os dois recebem a bandeira quadriculada, praticamente colados, a diferença foi de 0.215, Senna derrota Mansell e a Williams num duelo fantástico na pista, e iguala o recorde de Graham Hill.
Acompanhe abaixo, as últimas três voltas, desse duelo histórico.



É até hoje, considerada uma das mais belas vitórias de Senna, e um verdadeiro milagre esportivo. As maiores provas disso são que a Williams conseguiria dez vitórias, nas 16 provas do campeonato (Mansell 9, Patrese 1), contra 5 da Mclaren (Senna 3, Berger 2), e uma da Benetton, a primeira de Michael Schumacher na carreira.
O time de Frank Williams conseguiria também 15 poles (Mansell 14, Patrese 1), o único a marcar pole, fora as duas Williams, foi Senna, com uma no GP do Canadá. Com isso, Mansell conseguiu o recorde de quatorze poles numa só temporada, que dura até hoje.
E ainda, mais três recordes, conseguidos pelo "Leão" naquele ano:
- Cinco vitórias seguidas no ínicio de uma temporada, duraria 12 anos, até ser igualado em 2004, por Schumacher (curiosamente, o alemão fez a sexta corrida também em Mônaco);
- vencer o campeonato antecipadamente na décima primeira corrida em 16 (superado por Schumacher em 2002, ao vencer na 11ª de 17 etapas);
- Vitórias no mesmo ano, nove; Igualado por Schumacher em 1995, 2000 e 2001, e só superado pelo maravilhoso carro da Ferrari com Schumacher, em 2002.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

"Meninos, eu vi..." - parte 2

Quando essa série foi programada, a idéia inicial era de reunir 10 grandes momentos da Fórmula 1 dos últimos 18 anos... Um "top 10", como se diz. Mas, à medida que esses momentos foram listados, viu-se que exatamente 5 deles já haviam sido previamente postados no blog. Assim, faríamos 5 breves textos sobre 5 momentos magníficos.
No total, foram selecionadas duas ultrapassagens, três "pegas" na pista, dois notáveis desempenhos de superação, uma pole-position e duas voltas iniciais com diversas ultrapassagens, perfazendo o melhor panorama 1991-2008.
A melhor dessas ultrapassagens foi a da Bélgica, 2000, de Häkkinen sobre Schumacher. Já foi postada, comentada, homenageada, e pode ser vista aqui.
A melhor primeira volta, claro, foi a de Senna, em Donington, e no mesmo post também colocamos a batalha de Ayrton e Prost, em Silverstone. Ambos marcos de 1993, ambos visualizados no mesmo post: este.
Na menção "desempenho de superação", temos a bravíssima corrida da Hungria, de 1997, em que Damon Hill, com o terrível Arrows, por muito pouco não vence. Na verdade, foi publicado no GP Total. Assista.
E, pra completar o que seria os "10 mais", talvez a corrida mais fantástica da carreira de Michael Schumacher. Uma verdadeira aula de pilotagem, e de resistência, contra Damon Hill, na Bélgica, em 1995. Pneu slick na chuva. Acompanhe.
E o video de hoje vem a refletir aquela que certamente foi a melhor corrida da carreira de Kimi Räikkönen, e uma das melhores dos últimos 20 anos. Grande Prêmio do Japão, de 2005. Uma corrida que fez lembrar Ayrton Senna, nessa mesma pista, com a mesma McLaren, em 1988.
Naquele ano, o motor Mercedes, embroa fosse bem na corrida, quebrava em alguns treinos, como foi esse o caso. Assim, Kimi saiu em 17º. Na segunda volta, já estava em 12º. E foi galgando posições - estava com tanque cheio - chegando a estar em 2º na 26ª volta. Foi ao boxes, voltou em 6º. Fez nova "escalada", quando chegou em 1º, na volta 41. Na volta 45, fez seu segundo abastecimento. Voltou em segundo, atrás de Fisichela, a apenas 7 voltas do fim.
Realizou uma perseguição implacável, que culminou com essa pintura de ultrapassagem, na abertura da ÚLTIMA VOLTA. (É por isso que devemos estranhar tanto o 2008 de Räikkönen...)

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

"Meninos, eu vi..."

Quem teve o privilégio de ver o homem chegar à Lua? A queda do muro de Berlim? Ou então tragédias, como o assassinato de Kennedy ou o atentado contra as torres gêmeas? As gerações que puderam presenciar esses momentos, sempre tendem a contar para as futuras com aquele orgulho - o bom - de ver algo histórico, de saber estar diante de um fato ou personagem que dificilmente se repetirá...
No esporte, a mesma coisa: quem viu Pelé jogar, conta para filhos e netos; o mesmo acontece com quem pôde ver Maradona, e futuramente acontecerá com quem viu Romário, Ronaldo, Zidane e Messi. Ou então no basquete, quem pôde ver Michael Jordan e Magic Johnson, no tênis, com Sampras/Agassi, e agora, com Guga, Nadal e Federer...
E na Fórmula 1 não pode ser diferente: quem viu grandes vitórias, grandes pilotos, quem viu as mortes, vai passar isso adiante, sem sombra de dúvidas. E hoje o F1 Critics dará início a uma curta série de 5 posts, relembrando grandes momentos presenciados pelos autores, o que limitará os acontecimentos da década de 90 até hoje.
Serão 5 momentos máximos que pudemos assistir, que constarão na série "Meninos, eu vi...". 5 momentos, de 1991 pra cá, que entraram para a história da Fórmula 1, e são/serão relembrados pelas gerações presentes e futuras. Grandes ultrapassagens, voltas de classificação inspiradas, pilotos lutando contra as deficiências de seus equipamentos, pilotos com carros inferiores lutando contra outros mais eqüilibrados, por aí vai...
Para dar início a essa série, vamos relembrar aquela que talvez tenha sido a pole-position mais inacreditável dos últimos 10 anos: Mika Häkkinen, San Marino, 2000. O piloto passa as duas primeiras parciais abaixo do tempo de Schumacher. O que faz? adota uma trajetória que incluía colocar rodas na terra. O resultado é assombroso. Foi a terceira pole consecutiva de Häkkinen, nas primeiras três corridas.
O grande destaque dessa volta fica por conta da última curva. Reparem no controle de carro do piloto. Algo mágico. Creio ser possível dizer que essa volta foi a mais bonita dos últimos 20 anos da Fórmula 1, talvez só perdendo para Senna em Mônaco/1988.