domingo, 29 de junho de 2008

Por que o Brasil não liderou um Mundial durante 15 anos...

Uma vez que falamos do Brasil na liderança do mundial, atentem para a seguinte frase: "É curioso notar que em seus seis anos de Ferrari, Rubens Barrichello nunca conseguiu chegar à liderança de um campeonato. Schumacher sempre esteve à sua frente". Essa frase foi dita por ninguém menos que Flavio Gomes, colunista do Lance! e idealizador/dono do site Grande Prêmio , simplesmente a maior referência nacional em termos de notícias sobre automobilismo.

No entanto, apesar do(s) excelente(s) predicado(s), Gomes sofre de um mal comum: uma excessiva implicância com Rubens Barrichello, movida não se sabe porquê. Talvez por Rubinho nunca ter sido campeão mundial? Quem sabe. Porque ele "se vendeu" p'ra Ferrari? Não. Disso ele não pode ser acusado, pois é um dos poucos jornalistas brasileiros a afirmar que Michael Schumacher é o melhor de todos os tempos... Talvez o excesso de "reclamações", o "se fazer de vítima", etc, de Rubens? Pode ser que isso explique. Simpatia é opção.

Mas vamos nos ater à frase e não ao autor, até porque, certamente, esse pensamento deve permear 90% dos que assistem Fórmula 1 no Brasil: os da camisa da seleção brasileira. "Barrichello nunca passou Schumacher no campeonato". E por quê? "Por falta de capacidade", devem pensar. Mas a história não é bem assim... Em dois campeonatos, Rubens chegou a estar na frente de Schumacher na tabela: em 2003 e em 2005.

O ano de 2003, segundo ele mesmo, foi o melhor ano de Barrichello na Fórmula 1: embora não tenha sido vice-campeão, como em 2002 e 2004, sua performance foi a que mais impressionou: ele marcou o mesmo número de pódios de Schumacher, 8 (como veremos, teria sido 10 a 8 para Rubinho...); foi quando mais largou à frente de Schumacher: 6 vezes contra 10 do alemão. No total, pela primeira e única vez a soma dos tempos de Barrichello foi mais rápida que a de Schumacher: -0.122 segundos. E mais: ele obteve uma menor "posição média": somando todas as posições de largada e dividindo pelo número de corridas, Barrichello anotou 3.625; Schumacher, 4.25

Some-se a isso a extraordinária performance do GP da Inglaterra - dita por Jackie Stewart uma das melhores corridas de um piloto de F1 nos últimos 15 anos -, além da vitória no Japão, que garantiu o título de construtores e o de pilotos à equipe Ferrari, e temos aí o porquê de Rubens considerar esse seu melhor ano na Fórmula 1. E, para coroar isso tudo, temos a primeira vez que o brasileiro esteve à frente do alemão na tabela: Na primeira corrida do ano, Schumacher foi o 4º colocado, Rubens, sofreu um acidente. No entanto, no segundo GP, Barrichello foi segundo colocado, Schumacher, apenas sexto. Na soma, ambos tinham 8 pontos, mas Rubens tinha um pódio, e ficou a frente na classificação geral, pela primeira vez em 4 anos.

Na etapa seguinte... Grande Prêmio do Brasil. Rubens Barrichello marcou a pole. Michael, largou apenas em sétimo. Rubens partiu à frente, e Schumacher abandonou na volta 26, COMETENDO UM ERRO. Barrichello dominava com autoridade, e tinha uma vantagem segura quando, na 46ª volta, abandonou... devido a UMA PANE SECA. Detalhe melhor ainda: Rubens anotou a volta mais rápida do GP na volta ANTERIOR... É possível crer nisso? Pane Seca? Falta de gasolina numa época com reabastecimento? Telemetria avançadíssima? No GP de casa? Como explicar isso?... impossível.

A explicação melhor é essa: Rubens chegaria a 18 pontos, e abriria 10 de distância para Schumacher. Nas três etapas seguintes, tivemos resultado igual: Schumacher venceu todas, e Barrichello terminou as três na terceira colocação. Isso significa que Rubens esteve em dois GPs a frente de Michael na tabela. No entanto, com aquela vitória no Brasil, Schumacher só superaria Rubinho na 6ª corrida do ano, e ainda assim por meros dois pontos. Crível?...

O carro de uma pane seca na vitória certeira da Terra Natal, foi o mesmo que, no GP da Hungria, viu uma suspensão se quebrar e voar. Barrichello vinha em terceiro naquele GP. Schumacher, que não marcaria pontos, foi o oitavo, tomando uma volta de Alonso em sua primeira vitória. Não podemos dizer que a Ferrari mexeu no carro de Rubens, para que ele quebrasse. Mas podemos falar da impáfia da equipe, ao humilhar Rubens em público e insultar a inteligência dos tele-espectadores. Pois, nas explicações oficiais sobre o incidente, a equipe disse que "o acidente aconteceu por Rubens atacou demais as zebras do circuito (sic)".

Não é preciso dizer mais nada. Vejamos o vídeo:

Pulamos agora dois anos, e chegamos a 2005:

Mais uma vez, Rubens consegue largar à frente de Schumacher várias vezes: foi um total de 7, contra 12 do tedesco. E Barrichello também esteve a sua frente na tabela: do 1º ao 4º GPs. Na etapa inaugural, o brasileiro marcou um ótimo segundo lugar, enquanto que Schumacher abandonou - não, não foi falha mecânica! Na corrida seguinte, Michael terminou em 7º lugar, com Rubens abandonando. 8 a 2 para Barrichello, placar que se manteve na 3ª corrida, onde ambos não completaram.

Na 4ª, o alemão foi segundo, naquela vitória genial de Alonso, segurando os ataques do alemão por umas vinte voltas. Schumacher foi a 10 pontos, e passou Rubens - que abandonou, de novo -, que mantinha os 8 pontos, para não mais perder a primeira posição. Porém, a história mostra que não foi bem assim...

Na 5ª corrida, ambos abandonaram. No entanto, a sexta foi o GP de Mônaco. Naquela corrida, as Ferraris vinham numa performance terrível, e o máximo que poderiam almejar seria o final da zona de pontuação. E foi o que aconteceu. Michael e Rubens conseguiram miseráveis 3 pontos para a equipe, com a 7ª e a 8ª colocações. Com isso, Schumacher foi a 12 pontos, e Barrichello ficou com 9. O video a seguir mostra como isso aconteceu:

Assim como os narradores da TV inglesa, todo mundo que assistiu à corrida e, no final, viu que Schumacher terminou à frente de Barrichello, se surpreendeu. O que ocorreu foi que, na última volta, a poucas curvas do final, Schumacher ultrapassou Barrichello. É possível ver, no replay, que o brasileiro não esboça nenhuma reação. Segundo ele mesmo já disse, "quando eu estava em primeiro e ele em segundo, e me pediam para deixá-lo passar, eu até entendia. Mas em 2005 não tínhamos carro para vencer, e eles ainda queriam que ele me passasse. Quando você percebe que não querem que você chegue nem em sétimo, é hora de ir embora".

Depois do GP de Mônaco, fomos para Nürburgring: Barrichello marcou um terceiro lugar, somando seis pontos; Schumacher foi quinto, marcando mais quatro pontos. Na soma, Rubens, que tinha 9, foi a 15, o melhor da história foi a 16. Vamos lembrar de Mônaco? Sem aquela falcatrua, a tabela seguiria 16 a 15... mas para Rubens. É mole? É mole, mas sobe!

A corrida seguinte foi no Canadá: lá, Schumy soi segundo, logo à frente de Barrichello. O allemão foi a 24, Rubens chegou a 21 (na verdade, 23 a 22). E, depois... fomos para os Estados Unidos. A lendária corrida dos seis carros, sendo que quatro eram Jordans e Minardis; logo, só havia Michael Schumacher e Rubens Barrichello na pista.

Aquela era a única possibilidade de a Ferrari vencer uma corrida. Schumacher, largando na frente, manteve a primeira posição, mas logo Barrichello passou-o. Feito o primeiro pit-stop, Barrichello retorna à frente de Michael, e segue andando muito mais, com uma distância média de 2 segundos. No segundo pit-stop, Barrichello aponta novamente à frente, mas algo de estranho acontece... No final, Schumacher somou mais 1o pontos, e Rubens 8: Michael foi a 34, e Barrichello a 29. Mas, nós sabemos, o placar real era 32 a 31 para... Rubens Barrichello!

O video a seguir mostra uma conversa via rádio da equipe Ferrari com Michael Schumacher naquele GP. Reparem no riso dos narradores ao ver que a equipe disse a Schumacher, que andava em segundo, "não terá problemas para vencer"...

Como vimos aqui, Barrichello esteve à frente de Schumacher em dois campeonatos diferentes, por duas corridas no primeiro, e três no segundo. No entanto, não fosse pela Ferrari, ele teria ficado à frente de Michael pelo menos duas corridas a mais em cada campeonato, totalizando 9 corridas. Entretanto, e talvez seja nisso que Gomes se apoiou para proferir a frase, mesmo quando esteve à frente de Schumacher, Rubens não chegou a liderar o campeonato.

Em 2003, Kimi Räikkönen, na McLaren, somava 24 pontos após o GP do Brasil. Rubens, mesmo com a vitória, não conseguiria suuperá-lo. Em 2005, para se ter uma idéia, ao fim da 4a corrida Alonso somava 36 pontos. Schumacher chegou a 34 após a 9ª etapa!

Mas, para isso, vamos remontar ao GP da Austrália de 2000, a primeira (PRI-MEI-RA) corrida de Rubens Barrichello pela Ferrari. Schumacher fez a pole, e Barrichello o segundo tempo. Na corrida, o brasileiro voava, fato que lhe proporcionou a volta mais rápida do GP. O brasileiro estava à frente de Schumacher quando, faltando menos de 10 voltas para o fim, a equipe o chama para os boxes. Daquele jeito, Schumacher venceu, passou a liderar o mundial.

Seguramente, teríamos ouvido naquele março de 2000 a frase "depois de sete anos, um brasileiro lidera o mundial". Felipe Massa, no último domingo, igualou o feito de Barrichello e, 8 anos depois, "um brasileiro lidera o mundial.

É importante lembrar que, quando assinou com a Ferrari, o contrato de Rubens era pelas temporadas de 2000 e 2001. No final do segundo ano, ele renovou para 2002. Ao fim daquele ano, a equipe renovou pelos anos de 2003 e 2004. Ao fim deste, renovaram por mais dois anos, 2005 e 2006. Depois dos ocorridos em Mônaco e, principalmente, Indianápolis, Rubens optou pela rescisão. Situações dessa estirpe não poderiam mais continuar.

O video a seguir nos mostra como funcionavam as coisas na Ferrari. Isso aconteceu na Áustria em 2001: Barrichello andava em segundo, e Schumacher em terceiro. No ano seguinte, nessa mesma pista...

quarta-feira, 25 de junho de 2008

As 16 vezes que o Brasil um mundial de F-1

Muito tem sido dito sobre a “liderança após 15 anos” de pilotos brasileiros na Fórmula 1. De fato, é um dia histórico, pois recoloca o Brasil na ponta do mundial, coisa que antes só tinha acontecido três vezes: Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna. Curiosamente, os três foram campeões mundiais e, mais curiosamente ainda, os que mais lideraram são os que mais ganharam, pela ordem.

Senna liderou todos os campeonatos de 1986 a 1991, e o de 1993. (Em 1992, Mansell ganhou as 5 primeiras corridas, e foi o único a liderar, do início ao fim). Portanto, Senna foi campeão em três oportunidades, e liderou mais 4 vezes. O brasileiro foi 4º em 86, 3º em 87, e vice em 89 e 93. Em 1986, ele assumiu a liderança após a segunda etapa, e a perdeu já na seguinte. Em 87, liderou mais: 3 GPs, entre a 5ª e a 8ª corridas. Em 1989, foi líder da 3ª a 6ª corridas; E em 1993, liderou da 2ª à 4ª, retomando o primeiro posto na 6ª e perdendo-o na 7ª.

Nelson Piquet liderou, além de 1981, 83 e 87 (quando foi campeão), as temporadas de 1980 e 86. No primeiro ano, liderou por uma corrida, entra a 5ª e a 6ª etapas, e tornaria a liderar, no mesmo ano, entre a 12ª e a 13ª corridas; Em 86, liderou o mundial após a primeira etapa, até a segunda. Em 80, foi vice, e em 86, 3º colocado. Portanto, Piquet, o pai, foi tri-campeão e no total liderou 5 campeonatos. Emerson Fittipaldi, grandioso bi-campeão das temporadas de 1972 e 1974, liderou também os mundiais de 1973 (da 1ª a 8ª corridas) e 1975 (da 1ª a 6ª) sendo, em ambos, vice-campeão.

Analisando agora os anos em que não apenas lideraram, mas terminaram como líderes, vemos que o primeiro título de Senna foi o no qual ele passou mais tempo atrás: só começou a liderar a partir da 10ª etapa, com uma seqüência de 4 vitórias; Já em 1990 e 1991, o brasileiro dominou: foi líder em 31 de 32 GPs, só perdendo o primeiro posto entre a 8ª e a 9ª etapas de 1990. Em 91, foi primeiro do início ao fim.

O primeiro título de Nelson Piquet, foi semelhante ao de Senna, em termos de tempo como líder: o brasileiro assumiu a ponta ao fim da 12ª etapa, na seguinte voltou para 2º, e na última corrida levou o caneco; O campeonato seguinte, vislumbrava um domínio: Nelson liderou da 1ª a 6ª corridas, perdendo, então, a ponta, e recuperando-a novamente na etapa final; Em 87, tomou a liderança de Senna na 8ª corrida, e não mais a perdeu.

Emerson foi, dos três, o que conquistou o primeiro mundial de maneira mais “tranqüila” – levando-se em conta, apenas, os momentos que lideraram: assumiu a ponta do campeonato na terceira etapa, e não mais a deixou. Portanto, Emerson venceu o primeiro campeonato que liderou. Já em 1974, ele assumiu a ponta ainda mais cedo: na 2ª etapa; No entanto, chegou a perdê-la após a 9ª, mas a retomou na 14ª.

Portanto, entre 1972 e 1993, em 14 campeonatos diferentes (e em dois campeonatos, dois líderes diferentes, totalizando 16 vezes liderando) tivemos pilotos brasileiros liderando: em 14 de 22. A cada 3 campeonatos, 2 um brasileiro liderou. Desses 14, foram 8 títulos. É possível traçar algum paralelo entre essas lideranças e esses títulos? Vamos tentar.

- Dos três campeões, apenas um venceu o primeiro campeonato que liderou;
- Dos oito títulos, cinco deles vieram com liderança até a terceira etapa (62,5%);
- Três foram conquistados liderando depois da metade;
- Nos seis títulos não conquistados, a liderança sempre veio antes da metade;
- A única vez que um brasileiro assumiu a liderança após a oitava etapa, 1987, foi campeão;

Felipe Massa assume o mundial antes da metade, mas justamente na oitava etapa que deu a arrancada para o título de Piquet, em 1987. Massa assume a “liderança brasileira” pela 17ª vez. Até então, estamos com uma média de 50%...

Raio-X dos líderes brasileiros:

1972 – GANHOU
1973 – PERDEU
1974 – GANHOU
1975 – PERDEU
1980 – PERDEU
1981 – GANHOU
1983 – GANHOU
1986 – PERDEU / PERDEU
1987 – PERDEU / GANHOU
1988 – GANHOU
1989 – PERDEU
1990 – GANHOU
1991 – GANHOU
1993 – PERDEU
2008 - ...

terça-feira, 24 de junho de 2008

Os Brasileiros e a Fórmula 1 - parte 2

Dando seqüência ao nosso entendimento dos "90% que assistem às corridas de F1 torcem pela seleção, e só 10% gostam de corridas", temos agora mais um texto publicado no http://www.gptotal.com.br/ , escrito por Carlos Chiesa, comentarista da Rádio Bandeirantes e maior referência nacional quando o assunto é o automobilismo pré-F1.

>>>

Entendidos

Vou retomar o tema da coluna Sacanagem na F1, que o Ernesto Rodrigues desenvolveu com maestria, expondo a injustiça que opiniões levianas fazem com, por exemplo, Rubens Barrichello. Penso que o assunto ainda não se esgotou. Continuarei a faxina com o trio global, de quem se espera opiniões nada levianas, exatamente porque são os maiores formadores de opinião deste negócio, que em tempos pré-Ecclestonianos era classificado como esporte. Galvão é, caso você tenha chegado de Marte ontem, uma espécie de Silvio Santos da transmissão esportiva. Ele não está lá propriamente para narrar, mas para entusiasmar. Ele enxerga tensões e méritos onde boa parte dos fãs do GPTotal enxerga banalidades. Seu objetivo, claro como o sol do meio-dia reverberando na areia do Bahrein, é alavancar audiência.

Você pode não gostar do estilo, que seria o mesmo se ele transmitisse campeonato de autorama ou futebol de botão, mas ele é bom nisso. E é por essa razão que a ultraprofissional TV Globo, que não dorme em cima do Ibope, o mantém. O número de pessoas que enxergam defeitos no GB deve ser ínfimo perto dos que gostariam de segurar um cartaz “Filma eu, Galvão” em algum autódromo. GB aproveitou muito bem os tempos felizes em que tivemos três campeões mundiais, um após o outro, para instalar na parte de trás dos nossos cérebros que é a coisa mais normal do mundo ter um brasileiro como campeão mundial. É praticamente uma obrigação. Um direito divino que só traidores do verde-amarelo deixam de exercer. Quem conhece minimamente F1 sabe que a França só teve um campeão mundial até hoje e a Alemanha idem, se descontarmos as corridas pré-2a Guerra, países intimamente ligados ao automobilismo desde o parto deste.

Ele faz a mesma coisa com o escrete canarinho e ai de quem perder uma Copa. Por isso ele trata de sugerir, direta ou indiretamente, temporada após temporada, desde que o Senna morreu, que ainda há esperanças. Tenta aumentar o número de telespectadores que acompanha a F1 ou, ao menos, não perder os que acompanham só porque tem brasileiro na pista. Sim, aquele cara que vai procurar notícias sobre o Dinamo de Kiev se tiver algum jogador nascido entre o Oiapoque e o Chuí jogando lá. Seu trato benevolente com o pequeno Piquet, a promessa brasileira da vez, é um sinal inequívoco. Ele já foi assim com o “Massinha”, com o Pedro Paulo Diniz, com… tantos. Mas, se você quer continuar assistindo ao vivo os GPs, é melhor não reclamar muito, porque se o Ibope cair abaixo do nível de bom negócio, a Globo pode mudar de idéia e aí você vai ver que falta faz o padrão de qualidade da emissora carioca.

Quem gosta de automobilismo e tem quilometragem no assunto tem que ouvir suas narrações como algo folclórico, na tradição de Geraldo José de Almeida, Raul Tabajara, Luciano do Valle, seus antecessores, especialistas em elevar batimentos cardíacos dos incautos nas transmissões esportivas. Dê risada com o exagero no uso dos bordões tipo “que sufoco”, “haja coração” “ele está guiando na ponta dos dedos” e não espere concisão, informação para especialistas. Ele quer pegar exatamente os novatos, aqueles que devem assistir a F1 vestindo a camisa da seleção canarinho, apenas esperando que algum piloto resolva comprovar que com o brasileiro não há quem possa. Esses são os mesmos caras que acham que um piloto que ganha nove Grandes Prêmios [Rubens Barrichello] é um braço-duro. Os mesmos que acham que a única equipe não-européia da história da F1 [a Copersucar] é um fracasso. Do futebol. Por qualquer coisinha o técnico é burro, o craque vira um perna-de-pau, o juiz foi comprado etc. Não perdoa o menor dos erros. Como psicólogo amador, diria que esse tipo de espectador está projetando suas frustrações nos pobres pilotos e jogadores de futebol.

Ele adoraria mandar seu chefe para a vendedora-do-amor-que-deu-à-luz mas lhe falta coragem, a mesma coragem que ele cobrava furiosamente do Rubens quando este estava na Ferrari e teve que fazer o jogo da equipe, favorecendo você sabe quem. Por que o Rubens não deveria respeitar seu contrato de trabalho, como qualquer funcionário? Porque sua obrigação maior era dar a esse senhor com problemas a satisfação de sair por aí transbordando de orgulho de ser brasileiro. Reginaldo e Luciano travam uma disputa particular pelo mesmo posto. Reginaldo usa a experiência de trás das câmeras, Luciano a da frente das câmeras. Visivelmente Luciano leva vantagem para a audiência mais esclarecida, impressionou bem no começo mas agora dá pinta de ter diminuído o ritmo, para acompanhar seu colega, que parece estar sentindo a pressão. A telemetria acusa algum problema de memória em Leme, que apresenta seguidas falhas ao descrever passagens que presenciou.

Talvez RL esteja sofrendo do mesmo mal que Hamilton, exagerando, abusando da auto-confiança e da eventual falta de memória do telespectador novato. Pena, pois tanto ele quanto Luciano poderiam dar um cunho mais jornalístico, abordando aspectos menos óbvios.

Abraços,
Chiesa

O Brasileiro e a Fórmula 1

O texto a seguir pode ser encontrado no http://www.gptotal.com.br/

Foi escrito por Ernesto Rodrigues, renomado jornalista brasileiro, que trabalhou na Rede Globo nos anos 80 e 90, como editor de esportes, e autor do livro "Ayrton - O Herói Revelado", a biografia esportiva mais bem sucedida da história do Brasil. Foi escrito em 04 de abril de 2008.

>>>

Sacanagem na Fórmula 1

O que me leva a dividir com os amigos do GPTotal um sentimento que creio não ser novidade para os conhecedores profundos do automobilismo, independentemente de nacionalidades, preferências e torcidas? Trata-se de um fenômeno que me incomoda e que atinge um personagem que está para sair de cena. Um personagem que, no âmbito brasileiro, sempre teve suas inegáveis virtudes e seus conhecidos defeitos totalmente embaralhados por circunstâncias do seu tempo, por algumas injustiças e, principalmente, por uma lamentável ignorância em matéria de automobilismo, tanto de jornalistas ditos “esportivos” quanto de milhões de torcedores de ocasião, mal-acostumados com as glórias aparentemente fáceis de Emerson, Piquet e Senna. Refiro-me, claro, a Rubens Barrichello.

Para ficar num exemplo da temporada atual, basta observar o que está acontecendo com o bicampeão Fernando Alonso para entender o que muitos brasileiros - ao contrário, insisto, da maioria dos leitores deste GPTotal - jamais compreenderam, ao cobrar resultados de Barrichello na Jordan e na Stewart: sem um carro competitivo não há vitórias ou títulos, seja qual for o piloto. É claro que Rubens só piorou a situação ao longo de todos aqueles anos de Jordan e Stewart, não na pista, mas nas entrevistas à imprensa brasileira, cedendo sistematicamente à tentação de dizer impossibilidades bem-intencionadas e confiar na vitória, nos inícios de campeonato e nos seus sempre desastrosos Grandes Prêmios do Brasil.

A incapacidade que a maioria dos brasileiros tem de avaliar equilibradamente o desempenho de Barrichello continuou e se agravou ainda mais, tornando-se piada nacional, nos sete anos de Ferrari. Sempre, infelizmente, com a ajuda do próprio Rubens, mais uma vez fora da pista, agora cedendo ao desejo incontrolável de dar entrevistas considerando-se detentor das mesmas atenções que a equipe italiana dava a Michael Schumacher. Essa desastrada estratégia de comunicação, aliada a algumas situações humilhantes que a Ferrari impôs a Barrichello nas pistas, impediu que a grande maioria das pessoas percebesse a façanha que ele protagonizou ao andar tão próximo e por tanto tempo de um dos gênios do automobilismo de todos os tempos. E com um equipamento não necessariamente tão bom.

Até mesmo um momento em que Barrichello foi impecavelmente mais veloz que Schumacher, fazendo com que a Ferrari o obrigasse a ceder o primeiro lugar ao alemão no GP da Áustria de 2002, costuma ser lembrando, por nós, como vergonhoso para Rubens, quando a vergonha e o constrangimento deveriam recair muito mais na hipocrisia da equipe e de Michael. Não tenho as estatísticas à mão, mas há outro grande feito de Barrichello do qual poucos se dão conta: a baixíssima taxa de erros dele em treinos e corridas, mesmo tendo como parâmetro, ali do lado, no boxe da Ferrari, a montanha intransponível de eficiência e velocidade que era o alemão. Apenas para ilustrar, vale comparar a taxa de erros de Felipe Massa, tendo ao seu lado Kimi Raikkonen, num carro praticamente idêntico.

A façanha de resistir psicologicamente ao alemão e ao fundamentalismo ferrarista durante tantos anos, vencendo nove corridas e ainda ganhando algumas dezenas de milhões de dólares, dá bem uma idéia da capacidade de Barrichello enfrentar a máquina que hoje parece começar a triturar a carreira de Massa. Mas não adianta: nem o fato de se tornar o recordista em participações e uma das maiores pontuações da história da Fórmula 1, faturando, dizem, mais US$ 12 milhões com a Honda na atual temporada, impede que Barrichello continue sendo uma piada no Brasil. Quanto menos do ramo forem, claro, os participantes da conversa. Barrichello virou piada no Brasil, de certo modo, por culpa – obviamente involuntária - de Emerson, Piquet e, principalmente, Senna.

Tentando explicar: Emerson inspirou o surgimento de milhares de “entendidos” em automobilismo, Nelson os elevou aos milhões sem lhes retirar as aspas e Ayrton incendiou a multidão, transformando boa parte dela em uma espécie de religião, não importando muito entender de automobilismo, principalmente depois da tragédia de Imola. Para complicar, antes mesmo de Imola, houve o choque irremediável entre sennistas e piquetistas, com danos, incompreensões e injustiças irreparáveis e duradouras para ambos os lados.


O tremendo descompasso entre o tamanho do contingente de fãs brasileiros – piquetistas ou sennistas - e o grau de conhecimento que esses mesmos fãs tinham dos princípios básicos do automobilismo só contribuiu para que a discussão sobre Fórmula 1, em nosso país, se tornasse cada vez mais descolada da realidade do esporte. E Barrichello, respeitado e reconhecido lá fora como um dos bons pilotos da categoria nos últimos 15 anos, é a principal vítima desse descompasso na mídia não especializada e em muitas rodas de “entendidos”. Aqui no Brasil é assim: ou o cara é campeão ou, como diria Marcelo Madureira, é uma merda. Puta sacanagem.

Um abraço,
Ernesto Rodrigues

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Repercussão?

A vitória de Massa na Itália:

http://www.corrieredellosport.it/Notizie/Formula1/34322/Massa%3A+«Non+ho+fatto+ancora+nulla»

"A quebra do terminal de escape ameaçou destruir a brilhante corrida de Kimi Raikkonen. O finlandês mais uma vez foi o mais rápido da pista e conseguiu terminar a corrida ganhando um precioso segundo lugar na disputa pelo título, mas no box da Ferrari não foi uma das tardes mais agradáveis de se lembrar. No entanto, já foi".

domingo, 22 de junho de 2008

O Trunfo de Felipe







Aí está a "vitória fantástica" de Felipe Massa.


















Como disse nosso amigo Cassio nos comentários, um carro que perde essa parte do equipamento, fica sem PELO MENOS 50 cavalos de potência. Isto é, a Ferrari de Raikkonen ficou com a potência da Force India.

A Versão global X A Versão real

Na 39ª volta, Massa passou Raikkonen, e foi embora. O finlandês chegou 18 segundos atrás do brasileiro, numa "vitória fantástica" de Massa. Que é sempre prejudicado pela Ferrari. Que só com ele acontecem problemas. Que agora é o líder do mundial. Que é o primeiro brasileiro a liderar após 15 anos. Que é o primeiro brasileiro a vencer depois de 23 anos. Que é o líder do mundial. Que está dando show no companheiro de equipe. Que é o favorito ao título. Que é o mais rápido do grid... Tudo isso é a VERSÃO GLOBAL, amigos.

Vamos tentar apresentar a versão real. Quem quer saber como funcionam as coisas, tenha um pouco de paci~encia, e leia.

Direto de Magny-Cours, essa vai pro José Simão, excelente piadista/cronista da Folha De São Paulo: "Kimi Raikkonen, o homem de gelo, tem os dois pés frios". Essa foi bolada pelo Cassio, e a melhor tradução dessa corrida. Kimi está vendo voltar o "azar" que tinha nos tempos de McLaren. Tempos em que ele liderava folgadamente o GP de Nürburgring de 2003, após ter feito a pole, e via Michael Schumacher minguando em 5º, até que o motor da McLaren quebrou, e o alemão, 4º, somou 5 pontos, Kimi, 0.

Tempos em que, nesse mesmo ano, Räikkönen foi o único piloto da história a ter de fazer uma cerimônia e devolver um troféu: ele ganhou o GP do Brasil, mas, uma semana depois, decidiram que Fisichela fora o vencedor. Kimi, de 10 pontos, perdeu mais 2 e ficou com 8 na conta. O alemão?... ah, tinha abandonado - lógico, não foi falha mecânica! O final, todo mundo lembra: 93 a 91 para o pretenso "melhor de todos os tempos". Não é preciso ser nenhum Albert Einstein para entender essa matemática e saber como teriam sido as coisas...

Em 2005, Raikkonen foi mais uma vez vice-campeão, e quem não se lembra daquela roda estourada na última volta do Grande Prêmio da Europa? Uma vitória certeira, tranqüilíssima do finlandês, jogada aos ventos pela McLaren. Kimi perdeu 10 pontos que lhe seriam fundamentais na conquista do mundial, e Alonso, que vinha em segundo, herdou a posição. Claro, a diferença final entre os dois não poderia ser suprida com apenas uma vitória: foi 133 a 112 para o espanhol.

Mas, seja por dois pontos em 2003, ou por 21 em 2005, o fato é que Räikkönen sempre foi castigado por falhas mecânicas e fatores extra-pista. Vale lembrar que, em 2006, Kimi marcou a pole três vezes, mas foi castigado por circunstâncias semelhantes, e terminouo ano sem vitórias. Mas com o título do ano passado (campeão no ano de estréia, diga-se de passagem), parece que o cara afastou a onda negativa, e que essa era exclusiva da McLaren. Mas, esse ano, a coisa "tá mais feia" que a encomenda...

Raikkonen fez a pole, no sábado; Hoje, largou bem melhor que Massa, e sumiu na frente do brasileiro. Até a primeira parada de Kimi, que aconteceu na volta 21, a diferença entre os pilotos número 1 e 2 da Ferrari foi de 4.1 segundos. Isso significa, basicamente, que Raikkonen foi, em média, 0.25 segundos mais rápido do que Felipe.

Feita a primeira parada de Massa, na volta 22, vimos a Ferrari realizar dois pit-stops rigorosamente idênticos: 9.4 segundos para cada piloto. A diferença entre os dois, no retorno à pista, era de 4 segundos, quase idêntica à situação antes das paradas. Em seguida, o que aconteceu? Kimi seguiu andando muito mais rápido, e chegou a estar 6.6 segundos à frente de Massa, na VOLTA 30: Quer dizer, Kimi abriu mais 2,5 segundos num total de 8 voltas!

Foi então, no giro 31, que Kimi lembrou como era sua situação entre 2003 e 2006: vimos Galvão quase cair da cadeira de tantos berros, ao vibrar vendo que "Massa baixou 0.9 segundos na última volta, agora tirou mais um (vem "voando baixo", "no limite extremo", "com a faca nos dentes", etc)"... Segundo Galvão "o dono da verdade pois são 35 anos de Fórmula 1" Bueno, isso demonstrava qe Massa tinha chances de vencer. No cálculo de Lord Bueno, Massa estava mais pesado, e "agora a verdade estava aparecendo"...

O ilustríssimo chegou a proferir a seguinte pérola "Que saudade do Ross Brawn, ele já teria mandado o Kimi deixar passar!"

Voltemos um pouquinho. Raciocinemos, pois:

Volta 02: Räikkönen lidera com 1.3s de vantagem;
Volta 07: Räikkönen lidera com 2.8s de vantagem;
Volta 10: Räikkönen lidera com 3.2s de vantagem;
Volta 20: Räikkönen lidera com 4.0s de vantagem;
(média de 0,25 segundos por volta)

Volta 21: Räikkönen faz a parada nos boxes;
Volta 22: Massa faz a parada nos boxes;
Volta 24: Räikkönen lidera com 4.3s de vantagem;
Volta 30: Räikkönen lidera com 6.6s de vantagem;
(2,3 segundos em 6 voltas...)

Volta 34: Räikkönen lidera com 3.2s de vantagem;
Volta 36: Räikkönen lidera com 2.2s de vantagem
Volta 37: Räikkönen lidera com 1.7s de vantagem;
Volta 39: Massa passa Räikkönen;
Volta 40: Massa lidera com 3.8s de vantagem...

Creio que não seja mais necessário continuar analisando. O final foi de 17,9s de vantagem para Massa sobre Kimi.

Na conferência de imprensa, Raikkonen disse: "Eu estava conseguindo manter um desempenho forte na frente, mas infelizmente um problema me fez perder ritmo (...) de repente, o carro perdeu potência". Kimi, simplesmente, teve parte do carro arrebentada. Tentaremos conseguir uma foto do final da corrida, onde havia um buraco no carro de Kimi.

Vamos agora contrapôr algumas coisas, uma vez que queremos colocar o global e o real em choque.

1) Massa está à frente de Raikkonen no mundial

Versão Global: O brasileiro está melhor que o finlandês, é mais rápido sempre, e deve logo pleitear a preferência da equipe, como conseqüência desses 5 pontos "ahead";

Versão Real: Ano passado, EXATAMENTE após Magny-Cours, Massa tinha 47 pontos, Kimi 42; Hoje, Massa tem 48, Kimi 43. Ano passado, terminou Kimi 110, Massa 94...

2) Massa largou mais vezes à frente de Räikkönen

Versão Global: O brasileiro é muito mais rápido que o finlandês, tendo largado 5 vezes contra "apenas" 3 do estrangeiro;

Versão Real: No GP da Austrália, Kimi havia feito a melhor marca no Q1; não consegui sequer retornar aos boxes, por falta de gasolina; Não participou mais daquele treino. Kimi largou as duas últimas vezes à frente de Massa. Total, 4 a 4 - na pior hipótese, 4 a 3.

3) Problemas mecânicos têm afetado os pilotos

Versão Global: problemas acontecem SÓ e UNICAMENTE com Massa: a equipe O PREJUDICOU no Canadá (errou um abastecimento) em Mônaco (colocou pneus de chuva) e na Austrália (teve problema no motor). Sem isso, estaria muito à frente!!!!!

Versão Real: como visto no item 2, Kimi perdeu a chance de uma pole na Austrália, por pane seca; largou dos boxes, chegou a andar em terceiro, e abandonou por falha no motor TAMBÉM. Na Turquia, Kovalainen tocou seu carro com o de Kimi, e o piloto número 1 da Ferrari ficou com a asa quebrada a corrida inteira; Em Mônaco, a Ferrari ESQUECEU de colocar os pneus de Kimi no tempo mínimo exigido, e o piloto teve de ser PUNIDO; Na mesma corrida, Kimi fez uma parada de 16.1 segundos (6 só p'ra tirar a magueira do tanque); Na França, hoje, essa atrocidade mencionada. Somemos isso à infração de trânsito de Lewis Hamilton no Canadá, Kimi perdeu, NO mínimo, 14 pontos: 2 na Turquia, 2 na França, 8 no Canadá, e uns 4 ou 5 em Mônaco, que "deixaremos passar", visto que o finlandês deu uma de Hamilton, no final.

Vamos mencionar agora, de novo, que Kimi Räikönnen, de novo, fez a melhor volta da prova. É a QUARTA CONSECUTIVA do finlandês. A trigésima da carreira. Se iguala a Mansell e agora é o Terceiro piloto com o maior número de recordes de pista em TODOS OS TEMPOS. E com metade das corridas de Schumacher...

Agora, seremos francos: à parte tudo isso, mandamos os nossos parabéns a Felipe Massa. Ele está se recuperando das "c..." que andou fazendo no início do ano. Passou a saber que não é preciso ultrapassar a própria sombra. Está tendo um ótimo desempenho. A sorte, vem em seqüência. Essa é uma oportunidade inigualável de o brasileiro ser campeão.

sábado, 21 de junho de 2008

Considerações sobre os treinos - ou "da travadinha no dianteiro esquerdo"

"A McLaren está morta". Parafraseando o início de "Assim Falava Zaratustra", de Nietzche, declaramos aqui que a equipe McLaren-Mercedez está enferma. Como já mostrado no post anterior, aquele "meio segundo" (ou seis décimos?) que Alonso afirmou ter trazido para a equipe inglesa - e todo mundo julgou ser apenas chororô (é assim que fala?) do espanhol - agora estão sendo refletidos: a equipe é apenas a 3ª no mundial de construtores, e mesmo em pistas onde ano passado foi bem, esse ano está indo mal.

Mas o nosso decreto/profecia sobre a "morte" da McLaren se refere ao GP da França: Lewis "melhor que Alonso" Hamilton marcou o terceiro tempo hoje, mas, devido à atrocidade cometida em Montreal, partirá do 13º posto. Já Heikki Kovalainen, que fez o 5º tempo, partirá em 10º, após ter atrapalhado a melhor volta de Mark Webber, ainda na 2ª parte dos treinos. Esperava-se que, para quem precisa, Hamilton conseguisse a pole, partindo em 11º, mas as Ferrari estavam muito melhores, e chegam à pole de número 200 de sua história.

E essa marca foi conquistada por... Kimi Räikkönen! O finlandês bota ordem na casa, e parte em 1º, com Felipe Massa ao seu lado. Felipe teve boas chances de conseguir a 1ª posição, mas, nas palavras de Galvão "sabe tudo" Bueno, foi "aquela travadinha no dianteiro esuqerdo" que o fez perder a melhor volta. Com isso, Raikkonen, que ficaria mais leve, abdicou da 2ª tentativa, e agora parte com a mesma gasolina de Felipe...

Na terceira colocação, o já não tão surpreendente - alguém ainda se surpreende ao vê-lo tirando leite de pedra? - Fernando Alonso, com a cadeira elétrica da Renault. Nelsinho Piquet, cometa a proeza de largar em 9º, devido às punições, das McLaren, fazendo, até então, seu melhor GP na F1. Kubica, líder do mundial, partirá em 5º, também beneficiado pelas punições.


Interessante calcularmos o Mundial.

1- Kubica, 42;
2- Hamilton, 38;
3- Massa, 38;
4- Raikkonen, 35

Pelas posições do grid, isto é, sem alterações, ficará assim:

1- Massa, 46 (2 vitórias);
2- Kubica, 46 (1 vit.) ;
3- Raikkonen, 45 (3 vits.);
4- Hamilton, 38 (2 vits.)


É importante notar que Raikkonen, Alonso e Kubica partem do lado limpo da pista, tendo, teoricamente, vantagem sobre os pilotos das posições pares (Massa e Trulli). Ano passado, foi isso que ajudou a garantir a vitória de Raikkonen: o finlandês partiu em terceiro, e logo na largada passou Hamilton, segundo. Depois, no pit stop, deu o bote em Felipe Massa.

E amanhã?...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Considerações sobre os treinos livres

No 1º treino, pela manhã:

1- Massa
2- Hamilton
3- Kovalainen
4- Raikkonen
5- Kubica
6- Alonso

No 2º treino, à tarde:

1- Alonso
2- Massa
3- Raikkonen
4- Hamilton
5- Vettel
6- Kovalainen

Impressão minha ou esse Fernando Alonso Díaz, bicampeão mundial e dono de 19 vitórias na Fórmula 1, é bom de braço?

Ano passado, no GP da China, Sebastian Vettel, da Toro Rosso (3ª pior equipe), chegou ao 4º lugar, tendo largado na 17ª posição, numa corrida que contou com apenas 5 abandonos. Um Feito extraordinário. Pouco tempo depois, Flavio Gomes escreveu uma coluna afirmando que o piloto alemão "já fez mais que Hamilton", o "Robinho", "fenômeno da Fórmula 1". Concordo totalmente, mas reconheço que, para a maioria, é muito difícil assumir que você conquistar uma 4ª posição com um carro ruim é algo mais impressionante do que 4 vitórias com o melhor carro.

Cito esse caso para falar de Alonso e sua performance. O piloto anda numa equipe que é, com muito esforço, a 5ª melhor: anos-luz atrás da Ferarri, e a uma vida de BMWs e McLarens, a Renault também em tido desempenho inferior à Red-Bull que, oh!, é equipada também com motores Renault. Alonso não tem convertido em resultados o seu talento e o seu enorme esforço com a equipe medíocre. São 9 pontos em 7 corridas, o que, para a turma do "só com o melhor carro", é mais do que um trunfo.

Mas Alonso só não está mais à frente no campeonato, porque o carro, além de ruim, tem-no deixado na mão muitas vezes: no GP da Espanha, por exemplo, Alonso marcou o segundo melhor tempo nos treinos, o que é algo fantástico, principalmente porque a Renault, em 2007, não alinhou NENHUMA vez na primeira fila. Bastou que Fernando voltasse para as coisas mudarem de figura. Naquela corrida, Alonso andou boa parte entre os três primeiros, e tinha grandes chances de um 5º lugar quando o motor estourou: seriam 4 pontos.

Na última corrida, no Canadá, Alonso podia até vencer (graças à genialidade de Lewis gênio Hamilton), e estava causando suor em Heidfeld quando o seu câmbio travou - há quem julgue um erro do espanhol, lógico! -, tendo de abandonar imediatamente. Pouca gente nota, porém, que Alonso manteve-se o tempo todo á frente da Ferrari de Felipe Massa, sem jamais ser ameaçado de verdade. Contando com a barbeiragem de Lewis, Alonso teria, pelo menos, um 3º lugar na conta: mais 6 pontos.

No GP de Mônaco, acabou por precipitar-se, tentando uma ultrapassagem num lugar quase impossível. Não contaremos, portanto, nenhum ponto a seu favor, embora há que se reconhecer a bela corrida que ele vinha fazendo. No Bahrein, onde foi décimo, há que se contabilizar pelo menos um 7º lugar, só não conquistado por conta de (ele, de novo!) mais uma atrocidade de Hamilton, que enfiou o carro na parte de trás do Renault: mais 2 pontos.

Portanto, Alonso perdeu, não por erro e sim por "azar" - não no sentido popularesco - 12 pontos, o que lhe conferiria 21 pontos no Mundial. 21 pontos, para efeito de comparação, é tudo o que Giancarlo Fisischela conquistou nos 17 GPs de 2007! Além disso, 21 pontos colocariam Fernando em sexto no mundial, à frente de Heikki Kovalainen, piloto da (oh, surpresa!) McLaren, ex-equipe de Fernando. O talento de Alonso, muito mais que na eventual melhora da Renault, está à prova pela decadência (sem elegância) da McLaren.

Vejam: Ao final da 7ª etapa de 2007 a McLaren contabilizava 106 pontos no mundial: agora, são 53. Isso mesmo, ME-TA-DE dos pontos! Na 7ª corrida de 2007, a McLaren contabilizava 4 vitórias, e a Ferrari três; hoje, são 2 vitórias do time de Ron, ante 4 da Ferrari e uma da BMW. Isso mesmo, ME-TA-DE das vitórias (vale lembrar que foram duas de Alonso e duas de Lewis); Em 2007, a McLaren marcara a primeira fila consecutivamente nas 3 recentes corridas até a 7ª etapa; Hoje em dia... NENHUMA. E, por fim, a McLaren liderava ambos os mundiais à essa altura, no ano passado. Hoje, é a terceira, 17 pontos atrás da segunda.

Loucura? Coincidência? O engenheiro construiu mal o carro? Houve azares para os pilotos? Ou Alonso faz falta?... Se cuidem, Raikkonen, Hamilton, Kubica e Massa. Aproveitem enquanto há tempo!

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Canadá 2008 (balanço)


Na sua coluna de hoje (ver em: http://ultimosegundo.ig.com.br/paginas/grandepremio/materias/489501-490000/489665/489665_1.html ) Reginaldo Leme afirmou, categoricamente “Massa saiu no lucro” – falando do GP do Canadá, e Mônaco, também. Pois eu concordo em gênero, número e grau com nosso mais famoso jornalista de Fórmula 1 do Brasil. Mas as razões talvez não sejam as mesmas.

Massa saiu no lucro, sim, pois não se esperava que ele fosse além de 10 pontos na soma desses dois GPs, isto é, dois quartos lugares; saiu no lucro porque ninguém cogitava que ele pudesse somar que mais de 10 pontos, coisa que, de fato, aconteceu. Mas saiu no lucro porque, embora não tenha feito nada de excepcional, seus principais rivais deixaram a desejar.

Hamilton foi brilhante em Mônaco, mas terrível no Canadá. No fim das contas, somou os mesmos pontos que Felipe. Kimi foi ainda pior: embora tenha marcado a volta mais rápida em ambos os GPs (algo que tem sido uma constante), não pontuou em nenhum: em Mônaco, erros incontáveis; no Canadá, vítima das barbeiragens de Lewis.

Com isso, Massa que antes das provas somava 28 pontos contra os mesmos de Lewis, e tinha 7 de desvantagem para Kim, agora vê-se 3 pontos a frente do companheiro e com a mesma pontuação do inglês, perdendo no critério de desempate porque o inglês teve um abandono contra dois do brasileiro.

Massa saiu no lucro porque, mesmo cometendo erros como a escapada em Mônaco e a fraca classificação no Canadá (que lhe tiraram chances de vitória em ambas as corridas) conta agora com as circunstâncias a seu favor, pois os rivais diretos tiveram dias ainda piores.

É fato que Kimi não deverá mais cometer barbeiragens e Hamilton não cometerá as mesmas proezas do Canadá (tenho lá minhas dúvidas...). Massa cometeu duas grosserias, também, mas ambas no início do ano (Austrália e Malásia). Kimi também contabiliza dois erros capitais (Austrália e Mônaco), assim como Lewis (Bahrein e Canadá).

Quem sai bem nessa é Kubica, piloto “de ponta” que pontuou em mais GPs (6 de 7), e o único que não teve abandono em virtude de erro (Austrália). Lidera com méritos, e não por mera sorte: desde quando não errar é ser sortudo? E desde quando errar é azar?

Estive fazendo um levantamento, e constato que Massa, em 2007, estava com mais pontos a essa altura do campeonato e, principalmente, tinha maior vantagem para Kimi.

Vejamos:

Classificação do Mundial 2007 após a 7ª etapa:

1 – Hamilton (58)
2 – Alonso (48)
3 – Massa (39)
4 – Kimi (32)

Classificação atual:

1 – Kubica (42)
2 – Hamilton (38)
3 – Massa (38)
4 – Kimi (35)

Podemos notar que Felipe tinha, então, 1 ponto a mais do que soma hoje, enquanto que Raikkonen somou 3 a menos que atualmente. Isso significa que a diferença de Felipe para Kimi, hoje em 3 pontos, era de 7, ano passado.

Outra coincidência (?) é que, no ano passado, Felipe foi igualmente mal nas duas primeiras etapas, e depois teve uma melhora súbita:

Classificação do Mundial 2007 após a 2ª etapa:

1 – Alonso (18)
2 – Kimi (16)
3 – Lewis (14)
(...)
5 – Massa (7)

Classificação 2008:

01 – Hamilton (14)
02 – Kimi (11)
(...)
12 – Massa (0)

Podemos notar que, embora Felipe não tenha ido tão mal quanto esse ano (haveria como?) a diferença para seu companheiro de equipe era quase a mesma (9 em 2007, 11 nesse ano).
Em 2007, Felipe venceu a 3ª e 4ª estapas, e foi terceiro na quinta, enquanto que Kimi teve um terceiro, um abandono e um oitavo. Portanto, na 5ª corrida de 2007 o brasileiro somava 33 pontos contra 23 do companheiro. Nesse ano, antes de Mônaco, Massa tinha 28 pontos, Kimi 35.


Massa, no Brasil - 2006: "será que ele agüenta?"

O final do campeonato de 2007, todo mundo sabe: Massa foi o 4º no mundial, o único que não chegou à margem de 100 pontos, e o que obteve menos vitórias: venceu 3, contra 4 de cada um da McLaren, e 6 do finlandês.

Raikkonen venceu nada menos que 5 corridas a partir da 8ª etapa de 2007. E foi justamente na França e na Inglaterra (próximas duas do calendário atual) que começou a descontar a diferença para Felipe, até acabar com 16 pontos a mais que o brasileiro.

Pelo que vimos, esse ano Kimi está mais próximo Felipe do que esteve no ano anterior. Logo, a tendência é que ele se aproxime e vença mais. Mas não somos futurólogos.

Um ponto importante é que Massa tinha, em 2007, dois pilotos super combativos na McLaren como adversários. Esse ano, também enfrenta dois outros fortes adversários, mas estão em duas equipes diferentes (Lewis na McLaren, e Kubica na BMW), e que são consideravelmente menos potentes e confiáveis que a Ferrari.

Vamos aguardar e ver.

sábado, 7 de junho de 2008

Canadá 2008 - Treinos

Nessa tarde de sábado, definiu-se o grid de largada do Grande Prêmio do Canadá de 2008. Pela segunda vez no ano, o inglês Lewis Hamilton largará na pole-position, repetindo seu desempenho nos treinos da prova de abertura da temporada (Austrália).

O segundo colocado foi o ótimo polonês Robert Kubica, da BMW, que por um momento teve grande chances de ser o 1º, sendo superado nos segundos finais por Hamilton. Kimi Raikkonen, da Ferrari, foi o terceiro. Em quarto... Fernando Alonso, com a cadeira elétrica da Renault - nota: o piloto espanhol está em processo de canonização, devido ao milagre operado na frente de 1 bilhão de espectadores.

Na quinta posição, surge o também surpreendente Nico Rosberg, com a Williams. Felipe "mais pesado com certeza" Massa foi apenas o sexto, na pista onde "costuma andar bem" (sic - Gavlvão Bueno). No sétimo e oitavo lugares, os outros segundos pilotos das equipes de ponta: Kovalainen (McLaren) e Heidfeld (BMW).

Em nono lugar, o beato Rubens Barrichello que, com um dos três piores carros do grid, fica à frente de Red-Bull e Toyota, além de superar uma Williams, e o companheiro de equipe. Nelson "vai dar um pau no Alonso" Piquet (sic - Nelsão) larga em 15° e pode estar nas suas últimas corridas na F-1.

Palpites? A tendência é uma vitória de Hamilton, ampliando a liderança e sendo o primeiro a vencer 3 GPs no ano. Mas Kubica pode surpreender e fazer sua estréia como vencedor - diga-se de passagem, o polaco é braço e vem fazendo por merecer. Ah, pode ser, também, que Raikkonen acorde.

Dos pilotos atuais, apenas Kimi (2005), Alonso (2006) e Hamilton (2007) venceram na pista que leva o nome do lendário Gilles Vileneuve. Falando no genial piloto, segue um vídeo que deveria servir de aula para um certo alguém que anda na mesma equipe dele.