domingo, 22 de fevereiro de 2009

Notícias - parte 2

Foi ao ar na última semana a segunda coluna que comenta as notícias do mundo da F-1, no GP Total. Na pauta, a indefinição de Bruno Senna e Rubens Barrichello, a megalomania de Ecclestone e a tirania de Mosley, entre outros.
Leiam lá, e se possível, deixem seus comentários aqui.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A grande vitória de Piquet

Hoje o F1 Critics chega a seu 100º post. E para comemorar essa importante (?) marca, vamos relembrar um dos momentos mais sensacionais do automobilismo brasileiro. A matéria que se segue foi também reproduzida pelo site Última Volta, que está publicando diariamente o projeto que relembra as 99 vitórias brasileiras na Fórmula 1.
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Nelson Piquet foi três vezes campeão mundial de Fórmula 1, vencendo os campeonatos de 1981, 83 e 87. Além disso, conquistou um belíssimo vice-campeonato, em 1980, quando dispunha de um equipamento inferior ao do campeão. Realizou, ainda, aquela que é considerada por muitos como a mais bela ultrapassagem da história da categoria, na Hungria, em 1986. Mas talvez a sua maior conquista na F-1 tenha acontecido na temporada de 1990.
Naquele ano, Piquet venceu duas corridas, foi ao pódio outras duas vezes, marcou 44 pontos e foi terceiro colocado no mundial. Analisando-se os números friamente, pode-se dizer que sua performance não teve nada de espetacular, principalmente se comparada aos anos supracitados. Porém, o grande detalhe é que Nelson estava pilotando um Benetton-Ford, um carro que, em boa parte daquele ano, era apenas o quarto melhor equipamento do grid.
Iniciando a década, Piquet não vivia uma boa fase: havia vencido pela última vez em 1987 e não subia ao pódio desde 1988. Já a Benetton, que estreara na F-1 em 1984, embora tivesse obtido duas vitórias (uma com Berger, no México em 1986, aproveitando-se da superioridade dos pneus Pirelli para fazer a corrida sem troca, e outra com Nannini, em 1989, quando herdou a 1ª posição de Senna na polêmica desclassificação do brasileiro em Suzuka) ainda não podia se considerar um “time de ponta”.
Dessa forma, é possível dizer que tanto Piquet quanto a Benetton precisavam um do outro: a equipe carecia de um piloto que pudesse desenvolver o carro, para poder ser definitivamente considerada vencedora; E Piquet precisava de um equipamento que lhe permitisse, ao menos, lutar por pódios, coisa que na decadente Lotus já havia se tornado impossível. Assim, Nelson Piquet e Flavio Briatore (chefe da Benetton) chegaram a um consenso, assinando contrato de duas temporadas.
O ano começa bem, com Piquet chegando na 4ª posição em sua estréia, o GP dos EUA. O piloto pontua nas duas corridas seguintes: no GP do Brasil é sexto, após ter largado em 13º. Embora tenha sido sua pior posição em treinos no ano, acabou por ser uma de suas provas mais brilhantes, principalmente pelas voltas finais, quando ultrapassou Jean Alesi no último giro. Piquet estava em sua décima-segunda temporada completa, mas tinha fôlego de estreante.


Em San Marino, conquista uma honrosa 5ª posição, após largar em nono. Na prova posterior, em Mônaco, abandona com problemas mecânicos. Mas no Canadá, 5ª etapa, Piquet dá sua primeira grande demonstração de força: partindo em 5º – sua melhor largada no ano – terminou em segundo, após vencer um duríssimo duelo com a dupla da Ferrari. De quebra, com a vitória de Senna completou a primeira dobradinha brasileira desde setembro de 1987.
Nas três provas seguintes (México, França e Inglaterra) vai bem, sendo 6º, 4º e 5º, nessa ordem. Mas acaba tendo de abandonar na etapa da Alemanha, por conta de problemas no motor. Detalhe: ele estava em terceiro no momento do abandono. Já na etapa seguinte, Hungaroring, o brasileiro retorna ao pódio com uma brilhante terceira colocação, após ter largado em nono. Coincidentemente, era seu aniversário: Piquet completava 38 anos.
A essa altura, Piquet já era o quinto colocado do mundial, com 22 pontos. Nas nas quatro etapas que se seguem, foi duas vezes quinto, uma sétimo e em outra corrida sofreu mais um abandono. Dessa forma, caiu para sexto no campeonato, sendo superado por Mansell. Faltando duas corridas para o final da temporada, o cenário não era muito animador: Piquet estava 15 pontos atrás de Berger, o terceiro, com apenas 18 em jogo.
Mas aí entra um fator apontado pelo jornalista Márcio Madeira da Cunha em alguns textos sobre as vitórias de Piquet no início dos anos 80: Piquet crescia, e muito, em momentos de decisão. E, embora em 1990 não estivesse disputando o título, ele tinha outras motivações: a terceira posição na tabela, apesar de pouco valorizada em geral, representaria muito para uma equipe que obteve como sua melhor classificação no mundial de pilotos um quarto lugar.
Como se não bastasse, Piquet tinha chances matemáticas de superar uma Ferrari e uma McLaren na classificação, o que seria uma demonstração claríssima de que, tivesse um equipamento melhor, ele teria condições de disputar o título. Some-se a isso a disputa direta com seu maior rival, Mansell, e a possibilidade de a Benetton firmar-se como terceira força – não é segredo para ninguém que, hoje em dia, o mundial de construtores é cada vez mais importante.
E assim a Fórmula 1 muda-se para o oriente, para disputar o sexto Grande Prêmio do Japão, o quarto em Suzuka. Piquet consegue a 6ª posição no grid. Só na largada, ganha três posições: uma na ultrapassagem sobre Boutsen, e duas com o acidente de Senna e Prost. Na 2ª volta Berger, que vinha liderando, roda e abandona, e com isso Nelson já era segundo. Então Piquet manteve-se firme na segunda posição, até Mansell abandonar na volta 27, com problemas no carro.
A partir dali, foram 26 voltas de uma pilotagem segura de Nelson Piquet, como nos velhos tempos, sem cometer erros e “estudando” o carro. Foi um dia de muita alegria para o Brasil, pois Senna confirmava o seu segundo título, Piquet tornava a vencer após mais de três anos, e ainda por cima Roberto Pupo Moreno, que fazia sua estréia na Benetton, conseguiu chegar em segundo, completando uma dobradinha (a última dobradinha de pilotos brasileiros até hoje).


No entanto, apesar da bela vitória – que o colocava agora na quarta colocação no mundial –, ainda circulavam dúvidas quanto à real possibilidade de Piquet subir na tabela, uma vez que a primeira colocação no Japão foi atribuída muito mais à sorte do que ao seu talento natural ou à melhora que ele trouxe ao equipamento. Com o título mundial já decidido, a Fórmula 1 rumava à Austrália para aquele que seria o 500º Grande Prêmio de sua história.
A etapa da Oceania seria sediada no circuito de rua de Adelaide, pista que passou a fazer parte do calendário da Fórmula 1 em 1985. Lá, Piquet oscilava bons e maus resultados: abandonou em 1985, 87 e 89, foi segundo colocado em 1986, e terceiro em 1988 – este, seu último pódio correndo pela Lotus. Portanto, em termos de retrospecto pode-se dizer que a expectativa para o GP de 1990 não era muito grande, ainda mais porque o piloto obteve a sétima marca, nos treinos.
Mas o que se viu, na verdade, foi uma das mais belas apresentações da gloriosa carreira do brasileiro. O cenário apresentado foi muito parecido com o de Suzuka, com Piquet superando cinco concorrentes até metade do GP. No entanto, se na etapa japonesa essas posições foram conquistadas através dum misto de acidentes e falhas mecânicas nos carros rivais, em Adelaide todas elas vieram mediante ultrapassagens arriscadas e precisas...
Só na primeira volta, o piloto ganhou duas posições: ultrapassou Riccardo Patrese logo na largada, e algumas curvas depois tomaria o lugar de Alesi. Na 3ª volta da prova, ultrapassou Alain Prost, e na nona superou Gerhard Berger. Vinha se mantendo na terceira posição, até que, na volta de número 45, conseguiu uma boa ultrapassagem sobre Nigel Mansell. Só restava a Piquet o então líder, Ayrton Senna, que mantinha uma boa distância, sem ser ameaçado.
A sorte também é parte de um grande campeão, e Piquet sustentava sua posição quando Senna teve um problema mecânico que o faz passar reto numa curva e chocar-se contra a barreira de pneus. Era a 62ª de 81 voltas previstas e, a partir desse momento, Nelson não mais perderia a liderança, embora tivesse a constante ameaça de seu velho inimigo Nigel Mansell, que vinha melhorando seus tempos após a troca nos boxes – o inglês marcou a melhor volta da prova no 75º giro.
Seria nessa briga que Piquet garantiria sua vitória, e a terceira colocação no mundial: o piloto contava com 35 pontos, ante 31 de Mansell. Mas Piquet, pontuando nesse GP, teria de descartar um ponto, ao passo que Mansell teria todos os seus resultados válidos. Isso significa que qual dos dois vencesse a prova seria terceiro no mundial. E, como dito anteriormente, Piquet crescia muito em momentos decisivos.
A cinco voltas do fim, ele comete um pequeno erro que permite a aproximação de Mansell. Os dois carros percorrem muito próximos as voltas finais, mas Nelson consegue impor um ritmo surpreendentemente forte, mantendo Mansell sob controle. Isso até encontrar pela frente a Brabham de Stefano Modena, na entrada da grande reta na última volta. Sem intenção o retardatário prejudica o andamento do tricampeão, e desse modo o “Leão” programa uma manobra para tentar ultrapassar o ex-companheiro de Williams, exatamente no mesmo ponto onde este ultrapassara Berger e Prost. Piquet vem por fora na curva, e Mansell tenta jogar o carro por dentro. O brasileiro tangencia primeiro, obrigando Mansell a frear bruscamente para evitar o choque. Resultado: o inglês frita os pneus e quase sai da pista.


Foi uma verdadeira aula de determinação e técnica do piloto brasileiro, mostrando ao mundo por que era tricampeão mundial. Tudo isso, como vimos, aos 38 anos de idade. Mas o saldo daquela manobra seria muito maior: Piquet igualava o número de vitórias obtidas por todos os pilotos da equipe Benetton em seis anos de existência; Seus 44 pontos no mundial eram maiores que todas as pontuações da equipe, inclusive em mundiais de construtores (!); E passava a ser o piloto com o maior número de quilômetros percorridos em 1990.
Outras marcas importantes obtidas naquela corrida: Piquet passava a ser o terceiro maior vencedor do ano, sendo o único fora Senna (6) e Prost (5) a vencer mais de um GP; ao completar a corrida, se tornava o piloto com o menor número de abandonos no ano, apenas três, contra quatro de Prost (Senna não completou cinco provas); e ao terminar na zona de pontos, se igualava ao francês como piloto que pontuou no maior número de GPs: foram doze, no total – Senna pontuou em 11.
E, por fim, essa se tornaria a segunda vitória da maior seqüência de trunfos brasileiros na F-1: foram sete consecutivos, entre 1990 e 91: duas de Piquet no final de 90, mais 4 de Senna e uma de Nelson no início de 91. Isso coloca os brasileiros ao lado da Alemanha (Schumacher venceu sete provas seguidas em 2004), e abaixo somente da Itália (foram 9 trunfos de Alberto Ascari ao longo de 1952 e no início de 1953).
Na Fórmula 1, pouquíssimos são os pilotos que, de fato, merecem a alcunha de “gênio”. E, por tudo que fez ao longo daquela temporada, Piquet certamente é um deles.

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Resultado do GP da Austrália de 1990:

1) Nelson Piquet (Benetton-Ford-HB B190), 81 voltas em 1h49min44s570
2) Nigel Mansell (Ferrari F90-2), + 3.129
3) Alain Prost (Ferrari F90-2), + 37.259
4) Gerhard Berger (McLaren-Honda MP4-5B), + 46.862
5) Thierry Boutsen (Williams-Renault FW-13B), + 1:51.160
6) Riccardo Patrese (Williams-Renault FW-13B), + 1 volta

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Notícias

Pra quem não acompanhou, temos um balanço das principais notícias da Fórmula 1 na última semana está no GP Total, hoje. Trata-se de uma matéria assinada por Marcel Pilatti, desse blog.
Confiram lá!