domingo, 28 de setembro de 2008

Que virada!

Fernando Alonso, o maior vencedor da F1 em atividade, chega à sua vitória de número 20, o que o coloca empatado com o também bi-campeão Mika Häkkinen, sendo o 11º piloto com maior número de vitórias na história da categoria.
Foi sorte? teve um pouquinho, sim. Mas vamos rever esse conceito...
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Ontem mesmo, aqui, fizemos um post rapidíssimo, mostrando uma foto com a desolação de Alonso, após ter ficado sem carro.
Poderíamos dizer que a "sorte" que Alonso teve hoje, na corrida, veio a, no máximo, compensar os problemas de ontem. Revendo, apenas:
Sexta-Feira
Treinos Livres 1: Alonso consegue marcar o sexto melhor tempo, ficando atrás apenas das duas Ferrari e McLaren e de uma BMW;
Treinos Livres 2: Alonso faz o MELHOR TEMPO, superando Hamilton e Massa nos minutos finais.
No somatório dos tempos, Alonso ficou na TERCEIRA POSIÇÃO, atrás apenas de Hamilton e Massa.
Sábado
Treino Livre: Alonso faz, novamente, o MELHOR TEMPO;
Treino Oficial: Alonso faz o sexto tempo na primeira parte da classificação, aquela que serve apenas para "eliminar" os últimos 5 colocados.
Era notório, no paddock e na TV, que Alonso IRIA BRIGAR PELA POLE, e quase indubitavelmente marcaria um dos três melhores tempos, largando junto dos dois postulantes ao título.
Pare tudo. Se você lesse até aqui, você se surpreenderia, em algum momento, se hoje visse que esse mesmo piloto VENCEU A CORRIDA?
Lógico que não.
Mas o que aconteceu foi que, na segunda parte do treino, Alonso NÃO PÔDE MARCAR TEMPO, e ficou em 15º lugar. O piloto ficou completamente desapontado, perdendo todas as chances que tinha, a rigor.
Domingo
E o que ele fez, hoje?
Dos vinte pilotos que largaram, Fernando Alonso foi o ÚNICO a largar comos chamados pneus macios. Pulou de 15º para 11º logo no início e, devido a estar mais leve, foi o primeiro piloto a parar. A partir de então, Alonso só usaria os pneus "duros", enquanto que os outros todos precisariam colocar "macios" em algum momento - o regulamento ordena.
A pergunta: estratégia é sorte?
Alonso, como dito, foi o primeiro a parar, na volta 12, voltando em último. Nelsinho bateu na volta 15. Na volta 15 alguns pararam, e na 16 se iniciaram as paradas dos outros, todos. Ou seja: Alonso parou antes, mas os pilotos todos iriam parar mais ou menos àquela "altura". Ou não foi Felipe Massa que disse que iria parar na volta 15?
Alonso retornou em quinto lugar após todas as paradas se completarem. De qualquer forma, ele retornaria seguramente na zona de pontos. O que o ajudou foi, por exemplo, a Ferrari ter a brilhante idéia de fazer ambas as paradas em seqüência, e o problema de Massa. Outro fato importante: dois dos pilotos que estavam à frente de Alonso ainda não haviam parado.
A parada feita por Alonso foi longa, 9,6 segundos. Desse modo, ele faria para duas paradas, como todos os outros - que fizeram tempos de boxes mais rápidos que Alonso, diga-se. A partir de então, o piloto "sentou a bota", marcou a TERCEIRA MELHOR VOLTA DA CORRIDA, só perdendo para as duas Ferrari. E por muito pouco, coisa de dois décimos pra Kimi, e um para Felipe.
Em resumo: Alonso teria, naturalmente, chego ao pódio numa corrida normal.
Sejamos sinceros, minha gente:
- Alonso já tem 8 pontos a mais que Kovalainen fizera ano passado, com a Renault, restando ainda três provas por vir, e a equipe, graças aos 13 de Nelsinho, já chega aos mesmos 51 do mundial de construtores ano passado...
- A Renault não vencia desde... Japão, 2006 - Alonso ganhara;
- A Renault não largava na primeira fila desde China-2006 (Alonso), e Fernando já o fez, na Espanha, esse ano.
A Renault! Sim, ela mesma, que no começo do ano, não ficava nem entre os 10 primeiros do grid...
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Ora, pois, Alonso não é o único campeão mundial a amargar um ano de jejum: antes dele, vimos Alain Prost passar todo o ano de 1991 sem vencer. Vimos também Nelson Piquet ficar entre Japão 87- e Japão-90 sem ganhar nenhuma corrida... E vimos, sim, Michael Schumacher, em 2005, ter um ano ainda pior.
Alonso conseguiu hoje, uma vitória; isso o coloca em pé de igualdade com o Schumacher de 2005!
- alguém lembra disso?
Há quem fale do pódio de Nelsinho para desmerecer a conquista de Alonso, hoje. Mas, se ele foi tão sortudo quanto o companheiro, foi "mais azarado" que Schumy em Indianápolis-2005 (havia seis carros na pista....)

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Alonso declarou, na entrevista coletiva, que essa foi uma "vitória como nos velhos tempos".
Alonso, assim como Roger Federer e Valentino Rossi, vinha sendo dado por vencido. Mas não se pode fazer pouco caso dele - assim como do tenista e do motociclista.

Galvão ficou o fim de semana todo chamando Hamilton e Massa de "os dois melhores pilotos do mundo na atualidade". Tá bom...

Quem viver, verá (aliás, já viu...)

6 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Perfeito comentário! Não acrescento nem uma vírgula...

Balista disse...

Veja como são as coisas!!! Este GP fez a justiça pelas linhas tortas. Hamilton reaveu os 8 pontos de vantagem que lhe era de direito após a Bélgica, enquanto Alonso colheu com juros e correção monetária o azar do sábado. Como diria Fangio, "carreras son carreras", e só acabam na bandeirada.

Unknown disse...

Quase perfeito, mas ele não foi o único a iniciar a corrida com pneus super macios, pelo menos o Rosberg também estava com o mesmo tipo, mas a vitória de Alonso foi tudo de bom, até fui almoçar com a minha camisa da Renault!!!!
Uma pena o que aconteceu com o Massa, pois o título tá caindo no colo do Hamilton. E o que era a cara do Kimi quando encerrou a corrida?

Mezzofort disse...

Menos, menos, muito menos, se não existisse essa regra esdrúxula do SC, ele não teria ganho a corrida, então foi muita sorte, não pouca, não tirando o mérito dele, é claro que mereceu, mas não acho ser o caso pra tanta babação em cima dele.

F1 Critics disse...

"Alonso está fazendo a diferença na Renault. E, como eu disse até na tranmsmissão, [a vitória] foi para mostrar ao Galvão quem ainda é o melhor do mundo".

REGINALDO LEME