terça-feira, 27 de abril de 2010

Sobre Schumi...

Falar sobre Michael Schumacher é muito complicado: aqui no blog, já fomos chamados de "enviesados", "parciais", etc, quando o criticamos, e fomos/somos considerados "hipócritas", "aproveitadores" quando o elogiamos ou fazemos especiais: queremos apenas fazer nosso trabalho de modo limpo, e fazer jus ao título escolhido para nossa página. Agradar aos outros, é mais complicado.

Mas vários amigos andam me perguntando: "E o Schumi?", pedindo que eu escreva ou fale sobre o desempenho do piloto. Sempre tenho tomado o cuidado de dizer: "o cara não está morto". Já escrevi, tanto aqui como no GP Total, que até Mônaco teríamos uma análise correta sobre a volta de Schumacher.

Meu primeiro pensamento, para fazer tal afirmação, foi extremamente subjetivo: o de que Schumacher tem um conhecimento profundo de ambas as pistas, mais que de todas as outras onde correu até agora: é verdade que o GP da Austrália de Melbourne ele disputou mais de dez vezes, e correu outras oito etapas na Malásia - na China e no Bahrein, foram apenas três corridas (2004 a 2006).

Em Barcelona acontecem os testes da F-1, e Schumacher andou testando por lá não somente esse ano, mas algumas vezes durante seu período sabático de três anos: principalmente em 2008. Além disso, Montmeló foi uma das pistas que Schumi conheceu ainda no seu período de entrada na F-1, em 1991, e onde obteve sua maior vitória.


Em Mônaco Schumacher também corre desde seu início, embora somente na primeira temporada completa, 1992. Mas, nesse caso, minha aposta em uma boa performance do Schumi não vinha somente do tempo em que conhece as ruas do principado, mas sim pelo fato de que, lá, os mais talentosos costumam prevalecer. E Schumacher já ganhou 5 vezes naquele circuito!


Ao longo da semana passada, diversas foram as personalidades que expressaram a mesma opinião: respeito a Schumacher, cuidado nas críticas. Fernando Alonso disse que "o melhor de Schumi ainda está por vir"; Bernie Ecclestone atacou os críticos: "quem critica Michael está errado", falou; e os pilotos do passado, Jacques Laffite e Martin Brundle, também pediram "paciência" com o grande campeão.

Pois bem. Não bastasse tudo isso - como nos falam quando crianças, que ninguém desaprende a andar de bicicleta -, saiu a notícia de que Ross Brawn definiu que Schumacher teria um novo chassis já a partir do GP da Espanha. Para mim, foi a certeza de que Schumi não mais andará no meio do pelotão.

Um dos problemas apontados para a mudança no equipamento foi a de que o atual modelo sai muito de frente, e Schumacher prefere carros que escapem de traseira, como vimos em alguns episódios no especial "As 7 Maravilhas...".

Um ponto fundamental na pilotagem de Schumacher foi a sua condução sempre com o pé no acelerador, isso fazia uma diferença tremenda, como podemos verificar nesse documentário produzido ao final de 1995, quando de seu bicampeonato:


Se alguém ainda tem dúvidas sobre se Schumacher continua conduzindo de modo semelhante ao que fazia, basta ver esse outro video, que traz um comparativo das voltas de Schumacher e Petrov na classificação do Bahrein. Reparem como Schumacher "economiza" a pista, ocupando o mínimo espaço necessário. Ele ataca as zebras consideravelmente menos...


Alguém há de argumentar que Petrov não é o melhor dos comparativos, o que de fato é verdade. Mas quem duvida que, depois de modificações no equipamento, esses fatores não farão ainda mais diferença?...

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Para encerrar, vale uma análise de tudo de "externo" que envolve a volta de Schumacher à F-1 e esse 'novo carro' que ele terá.

Primeiro: já adiantado também no nosso blog antes mesmo do anúncio oficial, o retorno de Schumacher despertaria as mais raivosas e descabidas opiniões, de ambos os lados: aqueles que quer(iam)em provar que ele é o melhor de toda a história automobilística e aqueles que o tinham(têm) como apenas uma farsa.

Segundo: o desempenho de Schumacher até aqui foi abaixo do esperado, com derrotas para o companheiro de equipe em todos os treinos e corridas, e uma grande distância nos pontos - nem tão grande, dada a nova pontuação -, e isso virou mais combustível para os dois lados da moeda.

Porém, as próximas corridas podem causar um rebuliço ainda maior, uma vez que Schumacher pode até beliscar pódios - aposta deste colunista - e (por que não?) alguma vitória. Então, os prováveis desempenhos podem fazer com que "verdades imutáveis" surjam e teorias desprezíveis como aquela da 'morte em busca de superar' virem "comprovações".

Em resumo, há os que querem que Schumacher seja reconhecido como uma lebre em meio a tartarugas - lembrando a famosa fábula -, o que não é nada diferente daqueles fãs de Ayrton Senna que ficaram tristemente conhecidos pela alcunha de "viúvas".

Mas também há os que acham que os 4 GPs de Schumacher até aqui são a prova cabal de que ele foi um piloto "medíocre", que "contou com sorte e favorecimentos", somente. Nada muito diferente daqueles que, até hoje, falam que Senna morreu tentando andar na frente do alemão porque não conseguia acompanhá-lo mesmo tendo o melhor carro - sic.

Em todos esses casos, trata-se de um desprezo absoluto tanto pela história dos pilotos quanto pelo discernimento. Ignorância no mais completo sentido da palavra.

4 comentários:

Lucas Ferreira disse...

Otimo texto, ainda acho que o Schumacher conseguira um podio, e também acho que devemos esperar mais um pouco. Eu sou daqueles que espero uma boa temporada para ele provar (mais do que já está) que é o maior piloto da historia, é claro que isso é opinião e tudo mais.

Não acho que ele teve sorte não, teve muita corrida que ele ganhou que nem um cara muito sortudo ganharia, como Espanha 96 ou mesmo Monaco em 97, enfim Schumacher já prvou do que é capaz, e não devemos comparar ele com o Senna, principalmente por eles estarem em epocas diferentes.

Otimo texto, um Abraços e até mais

Márcio Madeira da Cunha disse...

O texto tá muito legal, bem escrito e ponderado como sempre. Mas, sem de maneira nenhuma o desmerecer, eu babei mesmo foi com o vídeo que vc selecionou de Silverstone 1995.

Nunca tinha visto, e é o tipo de assunto que mais me fascina dentro deste esporte. O estilo de pilotagem, e onde se escondem os décimos de segundo a menos. Muito preciso e objetivo.

Se pudesse, me dedicaria a estudar apenas isso.

Anônimo disse...

O texto está bem escrito mas está na cara de que é mais uma viúva querendo comemorar o desempenho de Schumacher até agora mas posando de entendido...

Anônimo disse...

me cheira oportunismo,no mesmo lugar onde chama de ladrão,se acredita? nao. parem de enganar,criticam e vão perder. o alemao merece respeito,vai calar todos vcs, magoados de plantao.