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O GP da Hungria de 2008 pode, e deve, passar para a história futura, por alguns motivos:
1) por ter sido a primeira vitória de Heikki Kovalainen;
2) por ter sido o primeiro pódio de Timo Glock;
3) por ter sido um dos grandes "azares" da Fórmula 1 moderna.
A vitória de Kovalainen e o segundo lugar de Glock são históricos, pura e simplesmente, porque estarão nos livros de estatísticas, daqui para a frente. Além disso, Kovalainen foi o 100º piloto a vencer um GP na história da categoria. Mas, sem sombra de dúvidas, o fato 3 é o que fará com que lembremos dessa corrida daqui para a frente. E ficará gravado na memória por ter sido - no sentido correto do termo - uma tremenda injustiça com Felipe Massa, que fez uma prova, sob todos os aspectos, excelente.
Massa largou extremamente bem, não tomando conhecimento de Kovalainen, e depois ultrapassou Hamilton.Embora seja um certo exagero comparar a ultrapassagem de Felipe sobre Hamilton com a de Piquet sobre Senna nessa mesma pista, 22 anos atrás, é inegável que Felipe fez algo excepecional, principalmente por retardar a freada, coisa que Hamilton também fez, evitando o choque entre os dois (como podemos ver na foto ao lado).
A partir de então, o que se viu foi a melhor corrida da carreira de Felipe, sem sombra de dúvidas. O piloto, vencedor de 8 GPs até hoje, nunca havia pilotado tão bem, nem mesmo nas suas três vitórias consecutivas na Turquia.
A partir de então, o que se viu foi a melhor corrida da carreira de Felipe, sem sombra de dúvidas. O piloto, vencedor de 8 GPs até hoje, nunca havia pilotado tão bem, nem mesmo nas suas três vitórias consecutivas na Turquia.
Embora estivesse mais leve que o inglês da McLaren (Massa parou na volta 18, Hamilton na 19), Felipe, seguidamente, estabeleceu a melhor volta da corrida, até então - o recorde, mais uma vez, ficaria com Kimi Raikkonen, a 7ª em 11 GPs - e abriu vantagem segura para piloto número 22, o que o permitiria voltar em primeiro mesmo que o trabalho da McLaren fosse melhor nos boxes - e não foi.
Massa liderou, com habilidade e autoridade, durante 67 voltas quando, a 3 voltas do fim, seu motor explode em plena reta. Kovalainen, que vinha a mais de 10 segundos, então herda a vitória, e só tem o trabalho de levar o carro até o final.
Do ponto de vista da corrida, perda total: Massa certamente venceria, e acabou ficando sem nada, e ainda por cima viu seus dois principais rivais ficarem à sua frente na tabela. Mas talvez, em termos de campeonato, a derrota não tenha sido tão grande assim...
Primeiramente, faz-se importante lembrar do pneu furado de Lewis Hamilton: o inglês atingiu uma pedra, segundo a Bridgestone, e com isso teve de voltar aos boxes, tendo sido ultrapassado no caminho por Kovalainen e Glock. Retornou às pistas na 10ª colocação. Fez algumas ultrapassagens e terminou em 5º. Räikkonen, apesar da volta mais rápida, veio no seu fim de semana mais apagado do ano e fechou em terceiro, exercendo forte pressão sobre Glock - até o momento que Felipe quebrou, e a equipe o "aconselhou" a tirar o pé.
Em resumo: a corrida de Felipe não deve afetá-lo tão drasticamente no campeonato, pois Hamilton não tivesse o furo no pneu, poderia ter herdado a vitória de Massa. Com a 1ª posição, fecharia 10 pontos, contra os "apenas" 4 que faturou com o 5º lugar. Já o caso de Kimi, é mais particular: o finlandês teria totais condições de passar Glock (diminuiu a vantagem do alemão de 5s para 0.8 em apenas 4 voltas), mas não o fez para evitar o mesmo problema do companheiro.
Em suma: Hamilton poderia ter somado 6 pontos a mais, e Kimi talvez levasse outros dois, no bolso. Hamilton poderia ter aberto 14 pontos em relação à Massa, ficou com 8 de vantagem; Kimi, poderia ter chego a 59, e estaria 5 a frente. Agora, tem 3 de vantagem...
Temos de aguardar. São 7 provas por vir. Duas em circuito de rua (Valência e Cingapura); Duas em circuito de altíssima velocidade (Monza e Spa), e três em circuitos de média (Interlagos, Shangai e Fuji - talvez Spa entre aqui...).
Como as duas pistas de rua são novas no calendário, previsões tornam-se mais difíceis. Porém, tomando Mônaco por base, podemos esperar uma corrida disputada, sem grandes dominadores: lembremos que Hungria, ontem, é quase um circuito de rua, e foi dominado pela Ferrari, embora a McLaren fizera a 1ª fila. Já Mônaco, foi um show de Hamilton - mas a Ferrari fez a 1ª fila.
Nas outras cinco corridas, ano passado tivemos praticamente só vitórias da Ferrari. A exceção é é de Monza, quando Alonso fez tudo que tinha direito (pole, vitória e volta mais rápida), com Hamilton completando a dobradinha.
No Brasil, China e Bélgica, a Ferrari dominou de maneira pungente, só não fazendo dobradinha no circuito chinês - Alonso ficou em segundo - e vencendo todas com Kimi. Claro, no Brasil, era Felipe quem levava... O Japão também foi da McLaren, mas a chuva lá foi preponderante. É importante lembrar que Raikkonen chegou no pódio, nessa corrida. Se chover, as coisas ficam mais complicadas, mas o circuito, em si, não pode ser dito "da McLaren" - nem italiano.
Precisamos lembrar que o estouro de Massa, na verdade, vem a equilibrar o misto de azares/erros que permeiam os três favoritos. Lembremos:
- O líder Hamilton fez duas corridas grosseiras não pontuando (Bahrein, 13º, e França, 10º), e abandonou uma vez (Canadá), por erro; Teve duas corridas fora do pódio (Malásia e Hungria, 5º).
- o vice Raikkonen teve uma corrida grosseira onde não pontuou (Mônaco, 9º), sofreu um abandono por problemas mecânicos (Austrália), foi tirado da prova uma vez (Canadá), teve duas corridas sem pódio (Alemanha e Inglaterra) e teve uma vitória perdida por falha no carro (França);
- o terceiro Massa teve um abandono por erro (Malásia), duas vezes por falha no carro (Austrália e Hungria), uma corridas sem pódio (Canadá) e uma prova grosseira, sem pontos (Inglaterra).
No balanço dos problemas mecânicos, Lewis segue ileso (aliás, ele nunca teve um carro quebrado, e a McLaren também não, desde 2007), enquanto Kimi e Massa sofreram dois. Os prejuízos de Massa, nesse quesito, foram maiores, pois não somou nada, contra os oito pontos de Kimi na França – embora aqui Massa tenha sido beneficiado de forma inquestionável.
Já na parte dos erros, Massa e Lewis empatam, com 1 abandono cada; Kimi, segue “a la Prost”, sem ser vítima das próprias bobagens, ou melhor: não abandonando por conta delas.
Na parte “boa”, o líder é quem mais venceu, e o vice é quem mais foi ao pódio. Mas, repito, o campeonato continua totalmente aberto: 8 pontos separam o 1º do 3º, tendo ainda 70 pontos em jogo.
A corrida de ontem (justamente pelo fato de Kimi e Lewis, embora beneficiados, não terem saído da Hungria com o máximo de pontos) não será o “X FACTOR” da decisão do título. Pesa, mesmo, a tristeza de uma vitória “roubada”.
Eu não sou fã de Massa, mas confesso que, pensando bem, não há como felicitar-se com sua derrota – falha da equipe - porque ele correu DEMAIS. Além disso, desde a absolutamente infeliz declaração do pretenso “maior de todos os tempos” peso a favor de Massa, principalmente se o embate for limitado entre ele e Hamilton – por toda a mesquinharia da McLaren no ano de 2007.
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Na história, temos grandes casos em que o carro aniquilou um título certeiro: os mais notáveis são o de Nigel Mansell, em 86, com um pneu estourado – já postamos o video aqui – quando o inglês precisava apenas de uma 3ª posição para o título, e o de Senna em 89, quando teve 5 (cinco!!!) quebras, 4 seguidas, TODAS liderando o GP. Temos também a incrível derrota de Jim Clark, em 1962, quando, na última corrida, liderava com meio minuto de vantagem e o óleo começa a vazar de seu carro.
Não, fãs de Schumacher: a quebra no Japão não foi o que tirou o título de Schumacher, pois Alonso teve mais quebras (2) que o alemão (só essa), naquele ano – futuramente, esse blog desfará mais essa lenda/falácia/mito da F-1.
Mas a injustiça à Massa, ontem, me fez “eleger” as 5 maiores vitórias imerecidas da Fórmula 1 moderna. Poderíamos anotar aqui a vitória de Villeneneuve, na Hungria-97, mas como o "vencedor moral" Hill chegou em segundo, colocaremos esse caso no mesmo nível de Raikkonen na França, esse ano. Por outro lado, tivemos a ridícula vitória de Olivier Panis em Mônaco-96 (quando o piloto sequer sabia que havia vencido) ou a de Patrese, nesse mesmo circuito em 1982. Mas essas corridas “caíram no colo” por conta de milhões de batidas (entraria aí nessa galeria de “corrida loteria” a vitória do citado Hill, na Bélgica-98).
A vitória de Kovalainen figura na 4ª posição. Vejamos as outras 4 (em ordem decrescente):
5ª posição: San Marino, 1985
Vencedor: Elio de Angelis
Mérito: Ayrton Senna
Senna fez a pole na pista que terminaria por ceifar-lhe a vida. Com um carro muito inferior às McLaren e Ferrari, domina o GP de forma inquestionável, inclusive tomando a posição de Prost – simplesmente porque tangenciava melhor nas curvas e era mais arrojado, enquanto que o francês o passava só e unicamente nas retas. Ayrton abandona na 57ª de 60 voltas, por falta de gasolina, e a vitória fica com Prost, que seria desclassificado. De Angelis terminara em segundo, quase 40 segundos atrás, e ganhou de presente uma vitória em casa.
Não influenciou, decisivamente, no campeonato. Prost, campeão, marcou 76 pontos, ante 38 de Senna, que foi 4º e não esteve na briga direta.
Mas a injustiça à Massa, ontem, me fez “eleger” as 5 maiores vitórias imerecidas da Fórmula 1 moderna. Poderíamos anotar aqui a vitória de Villeneneuve, na Hungria-97, mas como o "vencedor moral" Hill chegou em segundo, colocaremos esse caso no mesmo nível de Raikkonen na França, esse ano. Por outro lado, tivemos a ridícula vitória de Olivier Panis em Mônaco-96 (quando o piloto sequer sabia que havia vencido) ou a de Patrese, nesse mesmo circuito em 1982. Mas essas corridas “caíram no colo” por conta de milhões de batidas (entraria aí nessa galeria de “corrida loteria” a vitória do citado Hill, na Bélgica-98).
A vitória de Kovalainen figura na 4ª posição. Vejamos as outras 4 (em ordem decrescente):
5ª posição: San Marino, 1985
Vencedor: Elio de Angelis
Mérito: Ayrton Senna
Senna fez a pole na pista que terminaria por ceifar-lhe a vida. Com um carro muito inferior às McLaren e Ferrari, domina o GP de forma inquestionável, inclusive tomando a posição de Prost – simplesmente porque tangenciava melhor nas curvas e era mais arrojado, enquanto que o francês o passava só e unicamente nas retas. Ayrton abandona na 57ª de 60 voltas, por falta de gasolina, e a vitória fica com Prost, que seria desclassificado. De Angelis terminara em segundo, quase 40 segundos atrás, e ganhou de presente uma vitória em casa.
Não influenciou, decisivamente, no campeonato. Prost, campeão, marcou 76 pontos, ante 38 de Senna, que foi 4º e não esteve na briga direta.
3ª posição: Europa, 2005.
Vencedor: Fernando Alonso
Mérito: Kimi Raikkonen
Embora a cena da suspensão quebrada seja extremamente marcante, talvez essa vitória tenha sido a menos “sortuda” da nossa lista. Coloco nessa posição por ter sido na última volta. Mas Alonso, que vinha em segundo, ao contrário de Kovalainen, De Angelis e dos outros dois que citarei, é o que andava mais próximo do real vencedor: Alonso abriu a última volta pouco mais de 1 segundo atrás de Kimi, e ainda foi o autor da melhor volta naquele dia.
Não influenciou, decisivamente, no campeonato. Alonso seria campeão, com133 pontos, ante 112 de Raikkonen. Ademais, Alonso também teve infortúnios mecânicos, como no Canadá – vitória de Kimi.
Vencedor: Fernando Alonso
Mérito: Kimi Raikkonen
Embora a cena da suspensão quebrada seja extremamente marcante, talvez essa vitória tenha sido a menos “sortuda” da nossa lista. Coloco nessa posição por ter sido na última volta. Mas Alonso, que vinha em segundo, ao contrário de Kovalainen, De Angelis e dos outros dois que citarei, é o que andava mais próximo do real vencedor: Alonso abriu a última volta pouco mais de 1 segundo atrás de Kimi, e ainda foi o autor da melhor volta naquele dia.
Não influenciou, decisivamente, no campeonato. Alonso seria campeão, com133 pontos, ante 112 de Raikkonen. Ademais, Alonso também teve infortúnios mecânicos, como no Canadá – vitória de Kimi.
2ª posição: Canadá, 1991
Vencedor: Nelson Piquet
Mérito: Nigel Mansell
Essa é certamente a “vitória no colo” mais lembrada de todas. Mas então, por quê não está em primeiro lugar? Porque, ao contrário das outras 4 do nosso “TOP”, foi a única que não teve uma falha mecânica como motivo preponderante: Ok, o carro de Mansell apagou, mas não foi o motor que estourou, a suspensão que arrebentou nem a gasolina que cessou: o inglês – lendário, ao mesmo tempo, por manobras espetaculares e erros toscos – estava tão à frente de Piquet (perto de 1min) que não perdia mais. Começou a dar “tchauzinho” para a torcida, o carro achou que a lentidão extrema era outra coisa, e “se” desligou.
Não influenciou, decisivamente, no campeonato: Ayrton Senna seria campeão nesse ano, com 101 (96 válidos) pontos ante 75 (72 válidos) de Mansell. Além disso, nessa mesma prova, o brasileiro teve uma quebra. E Piquet não teria carro para disputar o título.
1ª posição: Espanha, 2001.
Vencedor: Michael Schumacher
Mérito: Mika Häkkinen
Sem dúvida a maior das injustiças que pude presenciar. Häkkinen dominou aquela corrida de maneira avassaladora: largou em segundo, mas passou Schumy nas 20 voltas finais, e “foi embora”. Seguiu dominando. Abriu a última volta na liderança, e tinha mais de 30 segundos sobre Schumacher. A vitória era certíssima. No entanto, faltando 5 curvas para o final, Mika começa a andar lento, lento, e de repente, a fumaça aparece. Schumacher estava abrindo sua volta quando Mika já encostava o carro. Uma derrota ímpar.
Não influenciou, decisivamente, no campeonato. Hakkinen sequer disputou o título naquele ano, em que se aposentaria, e nem mesmo disputou todos os GPs. Por outro lado, Schumacher marcaria quase o dobro de pontos do vice-campeão, Coulthard.
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Em que lugar, os amigos leitores, vão enquadrar Hungria-2008 ao fim da temporada?...
7 comentários:
fantástico post, parabens!
a corrida de massa realmente foi boa, e a de alonso também! ele segurou kimi o tempo todo, e hamilton depois.
espero q nao influencie no final do campeonato tb
PERFEITO
Muito bom as duas coisas. O post e a corrida.
A largada foi muita boa, fazia tempo que não via uma parecida, além de ser brilhante a manobra de Massa, se não me engano não houve nehum acidente nas primeiras curvas.
Creio eu que talvez essa prova não terá muita influência no campeonato, pois, acho que no GP do Canadá, Kimi e Lewis perderam a corrida, e agora Massa perde a sua, sem contar é claro as duas primeiras do ano de Massa e algumas corridas que Raikonen e Hamilton não pontuaram.
Pelo modo que se encaminha acho que o campeão sairá novamente no Brasil, e talvez com três pilotos disputando, só que esse ano serão duas Ferraris e uma MaClaren, diferentemente do ano passado.
Genial o texto!!!
E como já dizia J. M Fangio: corridas são corridas.
Massa foi excelente no domingo, uma pena o que aconteceu. Eu classifico esta corrida junto com aquela de Kimi em 2005, mas não acredito que o resultado do campeonato será diferente por causa dessa corrida.
Aos amigos do blog , deixo uma pergunta , não sei se vocês concordam , Monza 1999 , vitória do Irvine não se enquadra nessa lista?
Já a do Massa , como disse o Yared , é igual a do Kimi de 2005.
abraço a todos
Olá Willian, bom ver você aqui de novo, fazia tempo que não comentavas! E concordo contigo quanto a Interlagos e sobre a largada "limpa"...
Djalma, quem levou em Monza-99 foi o frentzen... mas, de fato, a derrota do Mika foi frustrante. Mas foi na metade, e por erro...
abraço
hehehe , memória falhou ...
abraços
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