sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Novas Mudanças...

Esse post, se soubessemos das notícias antes (isto é, se elas fossem anunciadas antes), poderia muito bem ter sido incluso na nossa série "Desfazendo Mitos", mais especificamente na Parte 1 que é a que fala sobre as modificações que aconteceram nos regulamentos ao lonho da história da F-1.
O objetivo, então, era mostrar que a memória nos trai pois ela costuma somente se apegar ao que é recente, esquecendo-se da história, muitas vezes (a política é o melhor exemplo disso). Na Fórmula 1 não foi diferente: desde 2003, ouviu-se muito a estória de que as mudanças foram para impedir que Schumacher fosse campeão novamente, ou ainda "para dar mais graça ao campeonato". Além disso, dizia-se que foi "pela primeira vez..."
Naquele post, apontamos as 3 vezes (na verdade, 4, considerando que em 1960 foi abolido o potno da volta mais rápida e o sexto colocado passou a pontuar, mas só em 61 foi acrescido um ponto ao vencedor) ao longo de mais de meio século em que houve alguma alteração significativa na pontuação ou no sistema de treinos, além de alguma mudança que interferisse diretamente nos carros - potência dos motores, especificações eletrônicas, abastecimento, trocas de pneus, etc.
Portanto, vamos relembrar essas mudanças:
Pontuação
1960 - De 1950 até 1959, pontuava-se do 1º ao 5º colocado (8, 6, 4, 3, 2), sendo acrescida a pontuação da volta mais rápida; Nesse ano, foi abolido o ponto da melhor volta, e o sexto colocado passou a pontuar.
1961 - Aqui entrou o vigor o sistema de pontos mais longínquo da história da F-1: 9, 6, 4, 3, 2, 1 pontos, do primeiro ao sexto colocados.
1991 - Após 30 temporadas seguidas com o sistema implantado em 1961, e 41 com descartes - desde o início, em 1950, eram realizados descartes dos piores resultados, seguindo a fórmula "n/2 + 3", em que N é o número de corridas no ano - foi acrescido um ponto ao vencedor (10, 6, 4, 3, 2, 1) e aboliu-se os descartes.
2003 - Este é o sistema atual: cada piloto, do 2º ao 6º, passou a receber dois pontos a mais, e a zona de pontuação iria até o oitavo colocado: 10, 8, 6, 5, 4, 3, 2, 1, respectivamente.
Treinos
1991 - havia a pré-classificação, onde os 34 inscritos para o GP disputavam 26 vagas - os 8 piores resultados eram eliminados; além disso, era feito um somatório dos tempos da sexta e do sábado. Em 1991, foi implantado que a classificação ocorreria somente aos sábados, cabendo a cada piloto o limite de 4 voltas rápidas para definição da primeira posição.
2003 - foi modificado o sistema vigente desde 1991, ocorrendo que cada piloto teria direito a apenas uma volta lançada, e a ordem das tentativas de cada um seria decidida de acordo com a posição ao final da corrida anterior, invertida: o último faria a primeira volta, o penúltimo seria o segundo, etc. Esse sistema valeu até o fim de 2005 (com variantes).
(até aqui, como vimos, foram duas mudanças de pontuação na época do domínio de Jack Brabham; uma mudança de treino e outro de pontuação no período do auge de Senna; e uma de treino e outra de pontuação, na era dominada por Schumacher).
Mas o que nos leva a publicar uma matéria com esse conteúdo não é mais desfazer esse mito (ele ainda existe?), e sim questionar/comentar/debater a nova mudança de regulamento que está sendo prevista para o ano que vem.
Fórmula Olímpica
Bernie megalomaníaco Ecclestone, insatisfeito com a falta de busca por vitórias, quer agora uma nova mudança na pontuação: aliás, ele quer extingui-la. Ao invés do sistema em vigor desde 2003, Ecclestone quer agora que os três primeiros colocados recebam medalhas, de ouro, prata e bronze.
Bernie, porém, não quer o "modo CNN" de classificação (na última Olímpiada, a emissora de TV Americana insitia em colocar os EUA em primeiro, baseando-se no número total de medalhas, em detrimento da maior quantidade de ouros consquistadas pela China, que citada como líder no resto do mundo).
Para ele, o campeão seria conhecido pelo maior número de vitórias (medalhas de ouro); havendo empate, valeria pelas de prata; persistindo, valendo o bronze. Em outras palavras: não haverá mais o famigerado "correr pelo campeonato". Palavras de Bernie: "dessa maneia, não veremos mais coisas como o GP do Brasil, onde Hamilton almejava um quinto lugar, e lutou somente por isso".
Fórmula Stock
A outra mudança prevista (sempre seguindo o pacote implementado em 1991 "alterar os pontos e treinos") se dá na classificação.
A proposta, porém, não vem de Tio Bernie, mas da associação de equipes (FOTA). Segundo nota do http://www.grandepremio.com.br/, "os carros entrariam na pista ao mesmo tempo e com a mesma quantidade de combustível, sendo que os mais lentos seriam eliminados depois de cada volta.
Após 14 giros, os seis pilotos mais rápidos lutariam pela pole-position, com pneus novos, mas usando a mesma quantidade de gasolina. Além disso, o pole ganharia um ponto no campeonato, além de uma premiação em dinheiro".
Basicamente, os carros ficariam enfileirados correndo como se estivessem em ritmo de corrida. Considerando que todos deverão entrar na pista com a mesma quantidade de gasolina, me parece absolutamente claro que a chance de termos Ferraris e Mclarens nas primeiras filas é maior do que no sistema atual. A surpresa poderá pintar com os dois carros "estranhos" que se classificarem entre os seis. Por outro lado, os líderes parariam sempre mais cedo.
Vale à pena?
Considero que, tanto uma quanto a outra mudança propostas podem até ter lá seu lado comercial (e é só nisso que Bernie pensa), mas não representarão nenhuma melhora esportiva. Muito pelo contrário.
Sobre a questão de premiar os três primeiros com medalhas, é algo, a meu ver, injusto: olhando-se friamente, basta dizer que Nelson Piquet jamais teria sido campeão mundial, e Nigel Mansell seria tri!
Nos treinos, como foi dito, seria apenas um showzinho de TV, pois prejudicaria performances reais, uma vez que o ideal da pole sempre foi pista livre para se obter o tempo mais rápido. E o ponto que querem dar ao pole, como fazer, se só tem medalha?
E vocês, o que acham?

4 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Realmente eh ridiculo isso. Imagino quantos títulos teria Prost se fosse assim? ele perdia em 86 e 89, mas ganhava em 81, 83 e 84, além de 85 e 93. Prost penta-campeão! alguém merece? será que nao tao querendo isso pq a ferrari perdeu o campeonato por pontos mas massa venceu mais que hamilton?...

F1 Critics disse...

Seguindo o que o herik falou, resolvi “calcular” e ver quantos e quais seriam os campeões modificados... Com asteriscos, os campeões diferentes:

1950 – Nino Farina
1951 – Juan Manuel Fangio
1952 – Alberto Ascari
1953 – Alberto Ascari
1954 – Juan Manuel Fangio
1955 – Juan Manuel Fangio
1956 – Stirling Moss*
1957 – Juan Manuel Fangio
1958 – Stirling Moss*
1959 – Jack Brabham
1960 – Jack Brabham
1961 – Phil Hill
1962 – Graham Hill
1963 – Jim Clark
1964 – Jim Clark*
1965 – Jim Clark
1966 – Jack Brabham
1967 – Jim Clark*
1968 – Graham Hill
1969 – Jackie Stewart
1970 – Jochen Rindt
1971 – Jackie Stewart
1972 – Emerson Fittipaldi
1973 – Jackie Stewart
1974 – Emerson Fittipaldi
1975 – Niki Lauda
1976 – James Hunt
1977 – Mario Andretti*
1978 – Mario Andretti
1979 – Alan Jones*
1980 – Alan Jones
1981 – Alain Prost*
1982 – Didier Pironi*
1983 – Alain Prost*
1984 – Alain Prost*
1985 – Alain Prost
1986 – Nigel Mansell*
1987 – Nigel Mansell*
1988 – Ayrton Senna
1989 – Ayrton Senna*
1990 – Ayrton Senna
1991 – Ayrton Senna
1992 – Nigel Mansell
1993 – Alain Prost
1994 – Michael Schumacher
1995 – Michael Schumacher
1996 – Damon Hill
1997 – Jacques Villeneuve
1998 – Mika Häkkinen
1999 – Mika Häkkinen
2000 – Michael Schumacher
2001 – Michael Schumacher
2002 – Michael Schumacher
2003 – Michael Schumacher
2004 – Michael Schumacher
2005 – Fernando Alonso
2006 – Fernando Alonso
2007 – Kimi Räikkonen
2008 – Felipe Massa*

Interessante notar que, na era turbo (entre 1977 e 1988) haveria nada menos que 8 modificações de título em 12 temporadas! Por outro lado, de 1990 a 2007 todos os que venceram mais GPs foram campeões.

No âmbito estatístico, ficaria interessante: A F-1 permaneceria com um hepta e um penta campeão, porém, o vencedor de 5 títulos não seria Fangio e sim Prost; Teríamos três tetra campeões: Fangio, Senna e Clark; Dos tri-campeões, Niki Lauda teria apenas um título, Piquet, nenhum, enquanto que Brabham e Stewart manteriam os três, e um novo detentor de três taças apareceria: Nigel Mansell.

Além disso, Stirling Moss, Alan Jones e Mario Andretti se igualariam a Ascari-Fittipaldi-Alonso-Häkkinen-Graham Hill, com dois títulos. Felipe Massa e Didier Pironi seriam campeões, juntando-se a Rindt, Farina, Hunt, P.Hill, D.Hill, J.Villeneuve.

Em resumo, esse regulamento seria bom por um pequeno lado, pois corrigiria erros históricos como a ausência de títulos na carreira absolutamente brilhante de Stirling Moss, e daria a Senna o mais que merecido título de 1989. Porém, ver Mansell tri-campeão, e Nelson piquet sem nenhu, repito, é o auge do aborto da natureza. Imagina, num país como o Brasil, um piloto como Nelsão ter vencido menos que Felipe Massa (e reitero que acho que Massa merecia o título desse ano)?

F1 Critics disse...

Apenas para lembrar, os campeões das respectivas temporadas com astericsco:

1956 - Juan Manuel Fangio
1958 - Mike Hawthorn
1964 - John Surtees
1967 - Denny Hulme
1977 - Niki Lauda
1979 - Jody Scheckter
1981 - Nelson Piquet
1982 - Keke Rosberg
1983 - Nelson Piquet
1984 - Niki Lauda
1986 - Alain Prost
1987 - Nelson Piquet
1989 - Alain Prost
2008 - Lewis Hamilton